São amigos, jovens, irreverentes e empreendedores.
Estudantes da área do design no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), estes jovens de Barcelos e Esposende, estão a lançar no mercado uma marca portuguesa de vestuário urbano, marca que já está a dar que falar, principalmente junto do público mais jovem, pela qualidade e irreverência das peças criadas.
Desenvolvida com o intuito de proporcionar uma forte alternativa ao vestuário do género proveniente de países estrangeiros, a Vulter segue altos níveis de qualidade e inovação aliados a uma forte influência do design contemporâneo na projeção do vestuário, embalagens, comunicação e divulgação do produto.
Fortemente influenciados por estilos de moda internacionais, o Mathieu Costa (26 anos), o Joni Silva Lopes (24 anos) e o Nelson Rego (25 anos), explicaram ao Jornal C, como surgiu a ideia de criar esta marca.
A história deste projeto não é muito diferente de outras que aqui já demos a conhecer. A Vulter, tal como outros projetos inovadores, também surgiu de uma brincadeira que, com o tempo, se transformou num projeto sério.
Em entrevista ao Jornal C os 3 amigos que se conhecem desde o secundário, contam como tudo aconteceu.
“Isto surgiu um pouco como uma brincadeira. Decidimos criar alguns desenhos para conseguirmos ganhar algum dinheiro com os nosso amigos. Foi assim que começámos, primeiro com os desenhos e depois com a parte produtiva. Na altura não percebíamos nada de têxtil mas com o tempo fomos aprendendo. Depois avançamos para a criação do logótipo e para o registo da marca”.
Graças ao apoio do “Passaporte para o Empreendedorismo”, estes jovens conseguiram materializar aquilo que tinham em papel e avançaram para a produção das peças.
“Graças a esse apoio financeiro e de mentoria, conseguimos desenvolver um projeto mais sério”.
Assim, aquilo que começou ser uma brincadeira, rapidamente se tornou num “caso sério”.
“Sinceramente não imaginávamos que isto fosse dar tanto trabalho como realmente deu. Começamos por uma brincadeira e de repente percebemos que o projeto tinha potencial. Percebemos que era uma área que não estava muito explorada em bem trabalhada em Portugal. Tínhamos uma componente muito forte de design gráfico e design de produto e decidimos aliar isso o design da moda”.
E decidiram bem porque neste momento a Vulter já está a dar que falar graças às peças que está a produzir.
“Apostámos em peças jovens, as chamadas street wear, peças de vestuário urbano cujo público alvo são jovens entre os 15 e os 30 anos”.
As primeiras peças a serem produzidas pela Vulter foram as tshirts por serem mais fáceis de produzir.
“Começamos por desenvolver o grafismo para os estampados das tshirts e à medida que fomos aperfeiçoando os nossos conhecimentos, evoluímos para as sweatshirt com e sem carapuço”.
As primeiras peças da Vulter, lançadas há cerca de um ano, foram comercializadas em algumas lojas de Barcelos e Paredes de Coura.
“Neste momento estamos a trabalhar na coleção primavera verão 2015, e vamos ver se conseguimos trabalhar com mais lojas. Vamos começar a apresentar o produto e a produção é depois feita conforme as encomendas que vamos tendo”.
O projeto Vulter tem mais ou menos três anos e ao longo desse tempo os seus criadores têm apostado na evolução sustentada. “Não queremos ir com muita pressa, queremos dar uma passo de cada vez porque ainda estamos a aprender e a dar os primeiros passos nesta área. Posso dizer-lhe que em relação ao têxtil não percebíamos absolutamente nada e não foi fácil arranjar parceiros que estivessem disponíveis em produzir em pequenas quantidades”.
A internacionalização da Vulter é um dos sonhos destes três jovens que já estão a trabalhar para que isso se venha a tornar realidade. “Vamos ver onde conseguimos chegar”.
Em Portugal o feedback em relação ao produto da marca não podia ser melhor. “Temos tido uma aceitação excelente e isso mesmo tivemos oportunidade de verificar na Feira do Empreendedor, certame em que participamos em novembro do ano passado. O público respondeu de forma muito positiva ao nosso produto.
A verdade é que temos um conceito muito forte que conseguimos transmitir através das nossas peças que são trabalhadas como se fossem uma obra de arte”.
Cada peça é quase única defendem os criadores que apostam muito na qualidade e menos na quantidade.
“Damos muita importância aos pormenores e à qualidade porque julgamos que esta é a única forma de fazermos frente às grandes marcas internacionais”.
O facto de viverem na zona de Barcelos e de ali existirem muitas fábricas têxtil, também tem ajudado na implementação do projeto.
“Temos uma qualidade de vestuário muito forte em Portugal, principalmente na zona de Barcelos, e temos aproveitado esse facto para implantarmos a nossa marca que esperamos venha a ser uma sucesso e uma referência em Portugal”.
Com a atual crise económica deu-se uma alteração profunda na sociedade moderna, alterando, segundo estes jovens, os hábitos e comportamentos de grande parte dos jovens. “Devido a um forte aumento do desemprego e da pobreza alteraram significativamente o seu modo de ver e viver o quotidiano. Fortemente influenciados por estilos e modas internacionais, os jovens procuram vestuário que se aproprie a todos estes fatores sociais em que se enquadram, sendo assim fundamental proporcionar e oferecer um tipo de produto que satisfaça as novas necessidades e tendências”, explicam.
Produzida e desenvolvida completamente em Portugal, por forma a aliar a alta qualidade do sector têxtil nacional ao design, tradição e arte urbana, a Vulter veio para ficar.
