Em entrevista ao semanário Alto Minho no passado mês de Setembro, Vítor Paulo Pereira, líder da Federação Distrital do Partido Socialista e presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura, apontou Rui Lages, atual presidente da Câmara de Caminha, como o candidato socialista às próximas eleições autárquicas de 2025.
Vítor Paulo Pereira considera que “Caminha sempre foi um território díficil”, mas confia na vitória de Rui Lages, que, salientou, enfrentará uma “prova de fogo” nas próximas autárquicas. Para o autarca de Paredes de Coura, o objetivo do PS no distrito é manter as atuais câmaras e lutar para conquistar mais “uma ou outra” autarquia.
Segundo o líder da Federação distrital, a cedência da água à AdAM vai ser um tema decisivo nas próximas autárquicas e afirmou, referindo-se aos municípios não aderentes, que “as câmaras vão ter de se agregar mais cedo ou mais tarde”, tal como defendeu o anterior e demissionário líder da federação distrital do PS, Miguel Alves.
Recorde-se que a adesão de Caminha à AdAM tem sido amplamente discutida em Assembleias Municipais e reuniões de Câmara e Rui Lages ainda não assumiu nenhuma posição, ao contrário dos municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença, que intentaram a anulação da cláusula que os impede de renunciar àquele “negócio”.
Liliana Silva, vereadora da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP) na Câmara de Caminha e já confirmada candidata pelo PSD a esta autarquia, foi sempre contra a adesão à AdAM e defende uma agregação supra municipal, uma solução também defendida pelo autarca de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira.
Liliana Silva, no balanço que fez dos últimos cinco anos da prestação da AdAM, considera que “este sistema não serve os caminhenses”. Celestino Ribeiro da CDU também se opôs a esta adesão e disse recentemente não compreender porque Rui Lages defende mais a empresa do que os seus munícipes.
A “prova de fogo” de Rui Lages
Rui Lages terá de responder pelas promessas de Miguel Alves e da lista que também integrou em segundo lugar que não foram avante e que colocaram o concelho numa situação difícil, como o caso dos 300 mil euros entregues a Ricardo Moutinho para o Centro de Exposições Transfronteiriço – o “negócio” ruinoso e mediático que colocou Caminha nas televisões nacionais -, o hospital privado americano que afinal não existia e o Hotel da Ínsua cujo forte alugou por 80 € mensais e ainda não avançou.
Também terá de assumir responsabilidades pela situação financeira do município, com a dívida alta e os impostos taxados no máximo, pela aposta do governo socialista na implementação do parque eólico offshore na costa de Caminha sem nenhuma contrapartida para os caminhenses, pelo Portinho de Vila Praia de Âncora, que apesar de apresentada a maquete ainda não tem projeto, pelo Ferry boat parado (e avariado), pelo Rio Minho por desassorear há anos e também pela forma como geriu a reparação dos danos causados pelas intempéries em 2023, com inúmeros estragos ainda por resolver.
Natural de Caminha, Rui Lages é licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto, e mestrado em Direito Criminal, pela Universidade Católica Portuguesa do Porto. Desempenhou as funções de deputado à Assembleia Municipal de Caminha, eleito pelo PS, entre 2013 e 2017, ano em que integrou a lista encabeçada por Miguel Alves, primeiro como vereador (até Outubro de 2021), depois como vice presidente, no seguimento da demissão de Guilherme Lagido, que afirmou na altura ao Jornal C – O Caminhense, a pouco mais de 3 meses do final do mandato, não ter condições políticas para continuar no cargo.
A 21 de Setembro de 2022, Rui Lages assumiu a presidência da Câmara de Caminha por renúncia de Miguel Alves, que tinha sido nomeado para secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Costa.