A adesão de Caminha à Águas do Alto Minho (AdAM) foi novamente assunto na reunião do executivo caminhense na passada quarta feira, 17 de Julho.
Liliana Silva, da Coligação O Concelho em Primeiro, alertou para um novo estudo da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN), publicado a 4 de Julho, que revela discrepâncias enormes no preço dos três serviços básicos – Abastecimento de Água, Saneamento e Resíduos – entre os municípios aderentes à AdAM, com taxas praticadas muito mais altas em relação aos não aderentes.
No período antes da ordem do dia da reunião camarária da passada quarta-feira, a vereadora da OCP, Liliana Silva, chamou a atenção do executivo para o novo estudo da APFN, que demonstra o agravamento das discrepâncias de tarifas dos três serviços básicos (abastecimento, saneamento e resíduos) tanto em relação às famílias mais numerosas, como em termos regionais, praticando-se diferentes tarifas mesmo dentro do mesmo distrito, como é o caso do de Viana do Castelo.
Neste distrito, a vereadora da OCP lamentou a posição alarmante dos municípios aderentes à AdAM no ranking de equidade.
De acordo com o estudo da APFN, o concelho de Caminha é um dos mais discriminatórios do distrito, estando nos valores mais baixos possíveis do índice de equidade.
Caminha paga o dobro pelo saneamento do que o município de Monção
Liliana Silva dá alguns exemplos das discrepâncias no valor do saneamento. Em Caminha, famílias de 4 pessoas a gastar 14 m³ pagam 16,23 €, enquanto que em Monção (município que não aderiu à AdAM), a mesma família pagaria pelo mesmo serviço 8 €.
Também dentro da própria AdAM, Caminha apresenta os valores mais elevados cobrados pela recolha de resíduos.
À luz destes novos dados, a vereadora da OCP apelou a que o município de Caminha entre na “onda de mudança” iniciada pelos municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença e que de alguma forma tente sair da AdAM.
Liliana Silva vincou novamente a posição da Coligação OCP acerca da entrada de Caminha na AdAM, a que sempre se opôs desde o início, e defendeu a saída do município da empresa, que “prejudica gravemente todos os munícipes do concelho de Caminha”.
Não assumindo qualquer posição, o presidente da autarquia, Rui Lages, voltou a dizer aquilo que já havia dito em Assembleia Municipal, afirmando que a ação intentada pelos municípios de Vila Nova de Cerveira e Valença não é para sair da AdAM mas sim para esclarecer a cláusula que os impede de saírem por si só, sem os outros municípios.
Liliana Silva prontamente retorquiu, acusando Rui Lages de estar a “chamar de mentirosos” aos seus congéneres na sua análise a esta ação intentada pelos municípios vizinhos, uma vez que aqueles presidentes (Rui Teixeira de Vila Nova de Cerveira e José Manuel Carpinteira de Valença) assumiram em campanha eleitoral que o propósito era saírem da AdAM, promessa que lhes poderá inclusive ter levado à vitória nas autárquicas de 26 de Setembro de 2021.
A vereadora da OCP voltou a afirmar que foi sempre contra a adesão à AdAM e lembrou os “ultrajes” que têm vindo a ser cometidos pela empresa, à custa dos munícipes, nomeadamente os salários (7000 €), as ajudas de custo, os cabazes, a publicidade num jornal específico (no valor de 30 mil euros), etc. A juntar a tudo isto, as famílias carenciadas de Caminha não têm direito à tarifa social de água.
“Portanto, a AdAM é para pôr uma cruz, é para sair e arranjar um outro sistema”, disse.
Rui Lages volta a não assumir posição em relação à saída da AdAM
Recorde-se que esta não é a primeira vez que Rui Lages tem a oportunidade de assumir uma posição relativamente à saída do município de Caminha da AdAM. Na última assembleia municipal de Caminha, realizada a 28 de Junho, Celestino Ribeiro da CDU desafiou o presidente da Câmara a assumir uma posição e a revelar o que o prende à AdAM “como um íman. Rui Lages, por razões que não se conhecem, volta assim a esquivar-se de uma tomada de posição.
Caminha: CDU desafia Rui Lages a revelar o que o prende “como um íman” à AdAM