O ex-presidente da Câmara de Caminha e atual secretário de estado adjunto do primeiro Ministro, Miguel Alves, terá feito, segundo a edição de hoje do Jornal Público, “um adiantamento duvidoso de 300 mil euros quando ainda era autarca a uma empresa da qual nada se sabe e a um empresário cujo currículo contém informações falsas”, refere a notícia de primeira página.
Enquanto presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves “negociou e assinou em outubro de 2020 um contrato promessa de arrendamento que obrigou o município a pagar, sem quaisquer garantias específicas, um adiantamento de 300 mil euros ao futuro senhorio. O pagamento, feito em março de 2021, corresponde à renda de que a autarquia será eventualmente devedora daqui a mais de 25 anos pelo futuro arrendamento de um pavilhão multiusos orçado em cerca de oito milhões de euros, mas que ainda hoje não se sabe se, e onde, vai ser construído” escreve o Público acrescentando que apesar de Miguel Alves ter garantido que os referidos acionistas da empresa que se propõe construir o pavilhão, designado como Centro de Exposições Transfronteiriço, “terem experiência e parcerias estratégicas com instituições financeiras de referência”, a verdade é que os mesmos “ainda hoje não são conhecidos publicamente”.
Questionado pelo Público sobre se conhece ou não esses acionistas “a quem adiantou dinheiro e prometeu arrendar o centro durante 25 anos”, aquele jornal escreve que Miguel Alves nada diz.
Às várias perguntas feitas pelo Público ao ex-autarca durante as últimas semanas, o Jornal Público garante que o secretário de Estado nada respondeu limitando-se a informar que “todas as questões sobre este tema devem ser dirigidas à Câmara de Caminha, mesmo as referentes à sua pessoa”.
Sobre a empresa e os seus representantes, o atual presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages “reconheceu indiretamente nada saber e devolveu o assunto ao seu antecessor”.
Quanto aos projetos da Green Endogenous e os seus acionistas, diz o público que também nada é revelado.
Ricardo Moutinho, o seu único administrador que numa resposta escrita refere a propósito do pavilhão de Caminha, estarmos “perante um contrato de direito privado” que “não teve na sua génese qualquer procedimento prévio de qualificação, determinador do mérito, da experiência e do histórico da empresa”.
A notícia, que ocupa 4 páginas da edição impressa de hoje do Jornal Público faz ainda referencia à Assembleia Municipal onde o projeto foi apresentado por Ricardo Moutinho, uma reunião em que o administrador diz não ter dito o que terá dito, nomeadamente no que toca aos investimentos da Green Endogenous e à carteira de ativos “que soma 1,2 mil milhões de euros”. Ricardo Simões diz tratar-se de “um lapso seu ou de quem fez a transcrição da sua intervenção, assegurando que estava a falar da Greenfield, uma sociedade que sugere ser acionista da Green Endogenous.
Outra das referências na notícia do Público diz respeito a um Direito de Resposta a um comunicado do PSD local, assinado por Ricardo Moutinho em que este chama “jagunços” aos eleitos daquele partido por terem contestado o negócio do CET de Caminha.
Um negócio que Ricardo Simões garante ao Público ser o “primeiro projeto da Greenfield FZCO” e que não há nada de corrupto ou censurável em tal facto”.
“Foi assim, com uma empresa envolta em segredos, e sem que tenha tornado pública qualquer informação capaz de atestar a sua idoneidade, que Miguel Alves negociou o contrato que vinculou o município ao pagamento de 300 mil euros e ao arrendamento do futuro CET durante 25 anos”, acrescenta o Jornal Público na sua edição de hoje.