Várias Associações do distrito de Viana do Castelo reuniram-se ontem à tarde em Vila Praia de Âncora, para definir o caderno reivindicativo que vão apresentar em Lisboa no próximo dia 17 de maio, dia em que irão reunir na Assembleia da República com a Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Em causa está a instalação de um Parque eólico offshore na costa portuguesa, incluindo Caminha e Viana, que terá uma capacidade instalada de 1.440 MW produzida a partir de 80 turbinas de 18 MW cada, e que os pescadores querem travar por considerarem que se o mesmo avançar tal como está no projeto, ditará o fim da atividade piscatória nesta zona.
Logo que se apercebeu dos impactos negativos que este projeto iria ter para a atividade piscatória, turística e social do concelho, a vereadora da Coligação O Concelho em Primeiro, Liliana Silva, promoveu uma reunião com as Associações de Pescadores de Caminha, Vila Praia de Âncora e Ribeira Minho de Valença, na qual depois de debatido o assunto e os seus impactos negativos, ficou decidido que se iria elaborar um abaixo assinado a pedir uma reunião urgente à Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Em apenas dois dias foram reunidas 500 assinaturas e poucos dias depois a reunião foi marcada, como referimos para dia 17 de maio.
Ontem os pescadores voltaram a reunir, desta vez com mais duas associações de Viana do Castelo, a Ribeirinha e a de Castelo de Neiva, para decidirem quais as reivindicações a apresentar em Lisboa na reunião da próxima semana, sendo que a exigência da elaboração de um estudo de impacto ambiental, biológico e social deste parque eólico offshore será uma delas.
Isso mesmo revelou ao Jornal C, no final da reunião, o presidente da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, Vasco Presa.
Não podendo travar a instalação do parque eólico, Vasco Presa diz que há questões a salvaguardar quer para a comunidade em geral, quer para os pescadores em particular, desde logo o afastamento do parque da costa.
No encontro de ontem foi possível perceber através do testemunho dos pescadores das Associações de Viana do Castelo que já se realizaram várias reuniões com associações de pescadores das zonas afetadas por este projeto, nomeadamente em Lisboa, reuniões essas que não foram comunicadas aos pescadores de Caminha, facto que Vasco Presa considerou ser uma injustiça.
As reivindicações que saíram da reunião de ontem vão também ser comunicadas ao Presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, que vai participar na próxima segunda-feira, dia 8 de maio, numa reunião da Comissão Consultiva que apoia e acompanha o desenvolvimento do plano de afetação de áreas marítimas para exploração de energias renováveis. Uma iniciativa convocada pelo Governo e que reunirá autarcas, representantes de CIM’s e outras entidades.
Vasco Presa, presidente da associação de pescadores de Vila Praia de Âncora que ontem promoveu uma reunião com várias associações de pescadores do distrito para a elaboração de um caderno reivindicativo a apresentar na próxima semana na reunião que irão ter na Assembleia da República com a Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Convidada para estar presente na reunião de ontem, a vereadora da OCP Liliana Silva alertou para a importância dos pescadores se unirem e falarem todos a uma só voz nesta questão, defendendo que é imprescindível o envolvimento da comunidade. “A comunidade tem que perceber o que está a acontecer e o que se vai perder caso este projeto vá para a frente. Não estamos a falar apenas da questão das pescas, estamos a falar do turismo, da nossa economia e da nossa paisagem”, sustentou.
A vereadora acredita que ainda é possível reverter esta situação dando como exemplo o que aconteceu com a questão do Lítio na Serra d’Arga para onde estava prevista uma mina.
Liliana Silva convidou as associações a deslocarem-se a Lisboa na próxima semana com alguns dos seus associados, referindo que à disposição dos pescadores vai estar um autocarro que os levará até à Capital.