Sempre soube que o seu futuro profissional haveria de passar por algo ligado à música mas, quando terminou o 12º ano que completou na EB 2,3/S de Caminha, José Diogo Correia, natural do concelho, não tinha ainda bem definido aquilo que queria fazer.
Com formação musical desde pequeno – aos 5 anos tinha um piano e uma guitarra – o jovem caminhense decide entrar num curso de engenharia no Porto, cidade onde viveu até aos 25 anos. Mas a música acompanha-o e na Invicta frequenta a escola de Jazz do Porto. É durante o curso e a estadia no Porto que o Zé Diogo, como é conhecido pelos amigos, decide enveredar pela carreira de produtor musical.
“Durante o tempo que vivi no Porto estive sempre a produzir mas sempre com a preocupação de fazer algo meu. Aos 23 anos comecei a levar as coisas mais a sério e aquilo que começou por ser um hobbie, depressa se transformou num trabalho que me dava para pagar as minhas contas e fazer a minha vida”.
Encontrada a profissão, José Diogo ou “Re:Axis” como é conhecido no mundo da eletrónica começa a trabalhar com agências de artistas, e quando as coisas se começam a tornar mais sérias, decide mudar-se para Lisboa, cidade onde vive atualmente. Mas afinal o que faz um produtor musical?
“No meu caso concreto produzo música eletrónica de dança que é depois passada pelos dj’s em festas e eventos. Não estamos a falar de música comercial, que se ouça em todos os lados ou todos os dias, é algo diferente, algo meu, produzido por mim”.
Viver em Lisboa é uma questão de opção já que para fazer o que faz, Zé Diogo diz que podia viver em qualquer parte do mundo, até em Caminha.
“Decidi ir viver para Lisboa porque isso me estimula a criatividade, mas é verdade que podia viver em qualquer parte do mundo e fazer o que faço. Basta ter um estúdio, as máquinas e os softwares, ter ideias e produzir”.
O dia a dia de Zé Diogo é passado no estúdio que montou em casa e aos fins de semana sai para tocar. Quando tem tempo ainda dá umas aulas. Um bom computador, software adequado e criatividade são os ingredientes necessários para um produtor musical poder trabalhar. Nos últimos anos a técnica evoluiu muito e já não é preciso muito para fazer um bom trabalho.
“Antigamente era preciso muito material, sintetizadores e outras coisas, hoje em dia não, tecnicamente as coisas evoluíram muito e basta um computador e software”.
A música do Zé Diogo é editada numa plataforma mundial e há uns anos o Japão era um dos grandes consumidores da sua música.
“Ultimamente sei que está a ter algum impacto na Alemanha e noutros países da Europa, e como há pouco tempo estive na Índia, deu para perceber que também tenho alguns seguidores por lá”.
Quando viaja é quase sempre em trabalho e por isso nem sempre tem tempo e oportunidade para ver “in loco” o que se está a produzir noutros locais. Mas isso é algo que não o preocupa muito porque, como explica, para se ficar por dentro do que se está a passar basta aceder à internet.
“É evidente que para viver as coisas e as sentir o melhor é ir aos locais, mas hoje em dia já é fácil perceber o que se passa sem ter que sair de casa. A internet é realmente um meio que facilita muito e que dá para ter uma noção alargada daquilo que se está a passar em termos musicais e no meio eletrônico. Há muitos podcasts disponíveis, muitos clubes que começam a fazer streaming online, enfim uma série de elementos que nos ajudam a estar no pico da onda”.
Em Portugal há bons produtores musicais mas a viver da profissão existem poucos, revela José Diogo.
“Para viver disto é necessário abdicar de muita coisa. É uma profissão que não tem horas e é preciso gostar muito. Há pessoas que são boas a produzir e que são até muito criativas mas depois a parte emocional também tem que ser trabalhada porque existem muito fatores que também contam para o sucesso”.
José Diogo não consegue contabilizar o número de horas que passa no estúdio, mas tem noção de que são muitas.
“Às vezes esqueço-me que estou a fazer outras coisas e de vez em quando lá acontece um ou outro acidente. Mas não contabilizo, quando estou numa fase mais criativa deixo-me levar, deixo fluir”.
Projetos para o futuro Zé Diogo diz que existem sempre, no entanto não gosta de avançar muito no tempo.
“Gosto de pensar no futuro, mas num futuro próximo. Por enquanto vou continuar a fazer aquilo que gosto que é produzir música. Não sei se vou fazer isto o resto da minha vida mas por enquanto sei que é o que quero e o que gosto. Sou feliz no que faço”.
A formação musical que recebeu desde criança ajudou-o muito porque, como revela, “produzir música não é só carregar no botão e está feito…”.
Para além de produzir música, José Diogo criou recentemente uma editora, a “Monocline”, que conta já com diversos artistas de todo o mundo.