A Câmara Municipal de Caminha aprovou na reunião de câmara realizada ontem, por maioria com os votos contra da Coligação OCP, a possibilidade da contração de um empréstimo de médio e longo prazo até 2 milhões e 900 mil euros, por sete anos, para a realização de várias obras no concelho de Caminha. Entre as obras que a Câmara pretende levar a cabo em 2025, está a requalificação da Praça da República em Vila Praia de Âncora, uma intervenção que foi bastante contestada pela oposição que considerou que tal como está, a referida praça está muito bem e com bastante dignidade e portanto não há necessidade de proceder a qualquer obra de requalificação. Aliás, para a oposição a contração deste empréstimo acontece porque no próximo ano há eleições e a Câmara precisa de apresentar obra que não conseguiu fazer nos últimos 3 anos. Ainda segundo os vereadores da oposição, muitas das obras que a Câmara pretende levar a cabo podiam ser incluídas no orçamento municipal do próximo ano sem ser necessário recorrer a qualquer empréstimo, até porque lembram, “no próximo ano a Câmara vai receber mais 1 milhão de euros de transferências do Estado”.
Isto mesmo foi sublinhado pela vereadora da Coligação o Concelho em Primeiro (OCP), no início da discussão da proposta.
A requalificação da Praça da República, uma das obras que a Câmara pretende levar a cabo no próximo ano, foi bastante criticada pela oposição que discordou da mesma. Segundo a OCP, com tanta obra a fazer pelo concelho, não se compreende esta opção do executivo. “É despesismo, é luxo, é para ir buscar votos”, atirou.
Já a intervenção na Rua do Paço, outra das obras previstas, foi considerada importante e urgente pela vereadora. No entanto Liliana Silva não percebe porque é que a Câmara em anos anteriores orçamentou verbas para investimento e não as usou na totalidade, recorrendo agora inexplicavelmente a um novo empréstimo bancário.
Também a vereadora da OCP, Idalina Fernandes, fez questão de deixar a sua opinião sobre este assunto, sublinhando que as obras anunciadas pela Câmara só acontecem porque 2025 é ano de eleições. Lembrou ainda que as obras levadas a cabo pelo executivo PS foram poucas e mal feitas.
Referindo-se às obras que a Câmara pretende levar a cabo, considerando que algumas são desnecessárias e por isso não concorda com elas, o vereador Nuno Valadares da OCP lamentou que a criação de uma zona para guardar aprestos para os pescadores de Caminha, essa sim uma obra necessária, não conste na lista apresentada pela Câmara.
Para Rui Lages, presidente da Câmara de Caminha, é bem evidente a posição da OCP em relação à contração do empréstimo: “São contra”.
Relativamente à obra da Praça da República o autarca considerou a posição da OCP “um subterfúgio para esse voto contra” e explicou o porquê desta obra estar incluída na lista.
Em desacordo, Liliana Silva considerou que a proposta apresentada pela Comissão do Centenário de Vila Praia de Âncora para requalificação da Praça da República não era representativa da vontade da generalidade da população daquela freguesia e desafiou mesmo a Câmara a colocar o assunto em discussão pública, consultando desta forma a população. Segundo a vereadora esta proposta nem sequer foi unânime no seio daquela comissão.
E por falar na comemoração do centenário da Vila, Liliana Silva lamentou que a programação não tivesse tido um momento dedicado aos pescadores.
Posta à votação, a proposta para a contração de um empréstimo até 2 milhões e 900 mil euros foi aprovada com os votos contra da OCP e os votos favoráveis do Partido Socialista. Liliana Silva justificou em declaração de voto a posição da sua bancada.
Em causa estão 14 obras, como pode conferir no quadro abaixo.