No próximo fim-de-semana vai realizar-se o Windsurf & Stand Up Paddle Meeting, na praia de Moledo. A iniciativa, que se destina a divulgar estas modalidades na região, vai ainda contar com uma série de atividades de participação gratuita e uma prova de Stand Up Paddle (SUP), que se realiza no domingo, no rio Minho.
As boas condições oferecidas pelos recursos naturais do concelho para a prática de desportos náuticos e em particular destes, voltam a evidenciar-se com a realização do Encontro de Windsurf e SUP.
A iniciativa começa no sábado, pelas 11h30, na praia de Moledo, sendo que neste dia as atividades são gratuitas. Assim, quem passar pela praia vai poder assistir a uma apresentação, clinicas e testes de material de Windsurf e SUP, a Batismos de SUP e Windsurf e vai até poder participar numa Mega aula de iniciação às ondas pelas 15 horas. Os interessados terão ainda ao seu dispor pranchas de SUP e de Windsurf de forma a usufruírem das aulas gratuitas lecionadas por especialistas das modalidades.
Pelas 16 horas vai decorrer também uma Competição lúdica de Windsurf e SUP e no final da atividade a animação continua com uma Sunset Party com DJ’s convidados.
No domingo, realiza-se no rio Minho, às 11 horas, uma prova de Stand Up Paddle entre a foz do rio Minho e a praia fluvial de Pedras Ruivas, em Seixas. A prova é organizada pela escola Lalo&Wind com o apoio da Câmara Municipal de Caminha e a homologada pela Federação Portuguesa de Surf. Elisiário Cunha, responsável pela Lalo&Wind prevê a participação de 70 atletas nacionais e estrangeiros de renome da modalidade como Isa Sebastião e Coque Araújo.
A prova é a primeira de sempre a contar para o campeonato nacional e está subdividida em duas categorias: a Classe de All Around, num percurso de aproximadamente 7 km pelo rio Minho, na qual poderão participar iniciados e amantes da modalidade e a Classe Pro, destinada a praticantes mais experientes, de 10 km. A partida vai ter lugar na praia da foz do rio Minho, junto ao Restaurante Ínsua e termina na praia fluvial de Seixas, onde todos podem esperar os participantes e visitar as tendas de várias lojas da modalidade, com a animação a cargo de DJ’s Convidados.
A entrega de prémios está marcada para as 13 horas e vai ser também feito um sorteio de material, sendo que os participantes podem mesmo ganhar uma prancha e 2 remos em carbono.
De acordo com Flamiano Martins, vereador com o pelouro do Desporto, “Caminha tem vindo a trabalhar no sentido de se tornar na Capital dos desportos outdoor, para o qual muito contribui a realização destas atividades” e acrescenta, “as condições apresentadas pelos nossos recursos naturais, sejam o rio, as praias ou a Serra de Arga, tornam-se cada vez mais o cenário perfeito para acolhermos provas desportivas desta envergadura e o exemplo está neste Encontro de Windsurf e SUP ou no I Triatlo Longo que decorreu no último fim de semana”.
Foi adiada a homenagem ao atleta do clube caminhense Desnível Positivo, que venceu a ultramaratona de Badwater, nos Estados Unidos da América.
Ao contrário do que estava previsto, Carlos Sá não chega hoje a Portugal. O vôo foi adiado e o atleta vai aterrar no Porto amanhã à tarde, pelo que a recepção e homenagem que a Câmara de Caminha está a organizar terá de ser adiada para data ainda por marcar.
Fonte da Câmara de Caminha sublinha que o descanso e a recuperação do atleta são as prioridades máximas.
Carlos Sá, atleta do clube caminhense Desnível Positivo, venceu a Badwater, na Califórnia, uma das mais duras ultramaratonas do mundo. Fez os 217 quilómetros em 24 horas e 38 minutos debaixo de temperaturas a rondar os 50 graus.
Carlos Sá foi o primeiro atleta a vencer a ultra-maratona de Badwater, nos Estados Unidos, no ano da estreia. O ultra-maratonista do clube caminhense Desnível Positivo correu 217 quilómetros sob temperaturas superiores a 50 graus durante 24 horas ininterruptas.
Carlos Sá terminou a prova com o tempo de 24 horas e 38 minutos, tendo cortado a meta em primeiro lugar com a Bandeira de Portugal na mão. Quando concluiu a prova, disse à imprensa ter sido uma sensação incrível ter ganhado na estreia na ultra-maratona Badwater, disputada no “ambiente mais hostil do planeta”.
O treinador do atleta, Paulo Pires, classifica a vitória como um feito épico, que afirmou Carlos Sá como o melhor ultra-maratonista do mundo.
Na ultra-maratona Badwater, nos Estados Unidos, só se compete por convite…
Até agora, nunca um atleta tinha vencido a prova no ano da sua estreia. Carlos Sá e o seu treinador não iam com o objectivo de vencer…
Terminar a prova era a meta, que foi claramente ultrapassada.
Carlos Sá cumpriu o difícil trajecto da Badwater em 24 horas 38 minutos e 16 segundos, seguido do australiano Grant Maughan 15 minutos atrás.
Disputada na zona do Vale da Morte, na Califórnia, a corrida de 217 quilómetros iniciou-se na baía de Badwater (86 metros abaixo do nível do mar) e terminou no monte Whitney (a 4 mil 421 metros de altitude), os pontos mais alto e mais baixo do território norte-americano.
Carlos Sá venceu no ano da estreia e fez história no ultra-maratonismo mundial, uma modalidade com cada vez mais adeptos e onde o atleta do clube caminhense Desnível Positivo se destaca.
O português, de 39 anos, já tinha batido este ano o recorde do Mundo na ascensão ao Monte Aconcágua, na Argentina, o ponto mais alto da América e de todo o hemisfério sul, com 6.962 metros de altitude, e sido sétimo na Maratona das Areias….
Em Agosto, vai fazer uma prova de trail de montanha de 168 quilómetros nos Alpes e este ano tem ainda uma montanha de 8 mil metros “para cumprir o projecto de ultra-maratonista mais completo do mundo”.
Uma nova loja, com um novo design e mais de 100 metros quadrados de área de venda foi recentemente inaugurada pela Camipão em Moledo. Situado junto à estação de caminho de ferro, o novo espaço aposta na melhoria do serviço que diariamente é prestado pela empresa nos mais de 10 pontos de venda espalhados por um vasto território. A comemorar 40 anos de existência, a Camipão tem projectos para crescer no futuro, como revela ao Jornal C o sócio gerente, José Presa. Uma campanha de aniversário vai oferecer aos clientes, até ao final de Julho, prémios que ultrapassam os 3 mil euros.
A Camipão está a festejar até ao final do mês de Julho o 40º aniversário e para assinalar a data, a empresa com sede em Vila Praia de Âncora, inaugurou recentemente em Moledo, uma nova loja. O novo espaço insere-se numa política de reestruturação que a empresa tem vindo a levar a cabo e que passa também pelo investimento nos pontos de venda como explicou ao Caminhense o sócio gerente, José Presa.
“É verdade, de facto a Camipão nasceu no Verão de 1973 e neste mês de Julho está a comemorar 40 anos. Dentro do processo de reestruturação da empresa e de investimento nos nossos pontos de venda, acabamos de inaugurar este novo estabelecimento em Moledo”
A nova Camipão de Moledo é um espaço moderno, com uma área de venda superior a 100 metros quadrados e está situada junto à estação de caminho de ferro. Este novo espaço veio substituir uma antiga loja que existia no local, mas cujas dimensões reduzidas já não satisfaziam as necessidades dos clientes.
“A nossa antiga loja em Moledo era uma loja que tinha uma clientela bastante alargada, principalmente nos meses de Verão e aos fins-de-semana. Com o passar do tempo fomo-nos apercebendo que era necessário investir no aumento da nossa área de venda para assim satisfazermos com melhores condições os nossos clientes. Esta loja vem precisamente colmatar esse problema”.
Na loja de Moledo a Camipão investiu cerca de 120 mil euros e o espaço, para além da normal venda do pão, vai oferecer aos clientes outro tipo de serviços.
“O nosso serviço tradicional abrange a pastelaria e a padaria e durante o Verão iremos servir pequenos pratos ligeiros e rápidos para satisfazer os clientes desta época do ano, mas centrarnos-emos nos nossos serviços habituais”.
Depois de no ano passado ter inaugurado uma nova loja em Vila Praia de Âncora, a Camipão avançou este ano com a abertura de uma outro em Moledo. Em tempos de crise José Presa diz que é preciso ter uma visão diferente do negócio, uma visão que cimente e reforce a posição da empresa no mercado.
“Nós temos precisamente esta visão do negócio: em épocas de crise e dificuldade achamos que devemos cimentar a nossa posição e reforçá-la junto do mercado. É isso que temos vindo a fazer. Temos feito também fortes investimentos ao nível da produção. Recordo que certificamos os serviços de venda do Parque Ramos Pereira em Vila Praia de Âncora e da nossa fábrica. Pensamos que é desta forma que transmitimos maior confiança aos nossos clientes, maior confiança ao mercado para que possam acreditar em nós no futuro. Queremos continuar a fazer investimentos e a crescer”.
Para festejar o 40º aniversário a Camipão está a desenvolver uma série de iniciativas, entre as quais se destaca uma campanha junto dos clientes onde vão ser oferecidos diversos prémios.
“Temos uma campanha a decorrer desde o dia 15 de Junho que se vai prolongar até finais de Julho. Trata-se de uma campanha de aniversário da nossa empresa onde as prendas são para os nossos clientes. A ideia é premiar a fidelização dos clientes que visitem os nossos pontos de venda. Através de uma senha que entregamos com compras acima de 3 euros, as pessoas ficam habilitadas a ganhar uma série de prémios que consideramos bastante atractivos. No seu conjunto chegam aos 3 mil euros”.
Integrado ainda nas comemorações do 40º aniversário, vai ter lugar no próximo dia 18 de Julho, no Parque Ramos Pereira em Vila Praia de Âncora, um espectáculo com a Academia de Musica Fernandes Fão. Um momento que José Presa considera o ponto alto das comemorações.
“Dentro deste espírito de darmos prendas aos nossos clientes, e sendo nós uma empresa que nasceu e cresceu em Vila Praia de Âncora, decidimos oferecer um concerto à população e aos nossos visitantes. Trata-se de um concerto de rock sinfónico promovido pela Academia de Música Fernandes Fão que irá acontecer a partir das 22 horas”.
Depois da abertura destes dois novos estabelecimentos, a Camipão vai continuar a investir, agora na reestruturação de algumas das lojas existentes.
“Os projectos futuros para os próximos 5 anos foram delineados no ano passado. Para além destas duas novas lojas em dois pontos importantes do concelho, pretendemos agora passar para uma reestruturação dos nossos pontos de venda. Com a criação da nova imagem corporativa da empresa, com o novo design, vamos também remodelar outros estabelecimentos, aproximando-os da imagem destes novos que agora temos”.
Para além destes projectos a Camipão pretende continuar a crescer no mercado e a alargar os seus horizontes.
“As empresas alimentam-se de crescimento e a Camipão terá forçosamente que crescer também”.
A Camipão é uma empresa com 10 pontos de venda, cerca de 4 centenas de clientes espalhados por um território bastante vasto e factura uma media de 3 milhões de euros por ano.
Na empresa trabalham cerca de 100 colaboradores que todos os dias, durante 24 horas, mantêm a empresa em funcionamento.
É “neta” de uma empresa centenária de Lisboa e está instalada na Zona Industrial de Vila Praia de Âncora. Chama-se Quebrarco-Carvão Lda, dedica-se à importação e distribuição de carvão vegetal no Norte de Portugal e na Galiza, e recentemente estabeleceu um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e com a Câmara de Caminha, com vista à realização de um estudo que permita perceber se é possível transformar, de forma rentável, algumas plantas invasoras em carvão vegetal.
A ideia nasceu de “um sonho” do empresário João Lima, um dos sócios da Quebrarco-Carvão Lda. Obrigado a importar carvão “do fim do mundo”, uma vez que a sua produção em Portugal está proibida, este empresário, que decidiu seguir os passos da família e continuar no negócio do carvão, nunca desistiu do seu sonho. Atento ao exemplo de Cuba que descobriu que uma infestante existente naquele país, chamada Marabu, é ótima para fazer carvão vegetal, João Lima pensou: porque não fazer o mesmo em Portugal? Sem o dito Marabu mas com muitas outras infestantes a proliferarem por esse país fora, principalmente a Acácia, a única dúvida era perceber se as infestantes portuguesas são igualmente boas para produzir carvão vegetal. Numa conversa recente com um responsável da Câmara de Caminha, João Lima partilhou esta sua ideia a que chama “um sonho”.
“Recebemos recentemente a visita de um representante da Câmara de Caminha a quem tivemosoportunidade de mostrar as nossas instalações. No final da visita eu virei-me para eles e contei-lhes que tinha um sonho. Perguntaram-se que sonho era esse e eu expliquei-lhes”.
A Câmara interessou-se pela ideia e decidiu, em parceria com a Quebrarco-Carvão Lda, estabelecer um protocolo com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para a realização de um estudo que permita perceber se é possível transformar, de forma rentável, a Acácia em carvão vegetal.
“A UTAD está envolvida neste projeto para analisar profundamente as características deste tipo de infestante. Entretanto eu sugeri que fossem contactados parceiros de outras universidades principalmente no Brasil, que é só o maior produtor do mundo de carvão, para que através da sua experiência se possa ir mais longe neste estudo”.
João Lima explica que há muito pouco carvão vegetal no mundo e por isso, se for possível que este estudo chegue a bom porto, “será com certeza uma grande oportunidade”. De referir que 99 por cento do carvão que se consome em Portugal, Espanha e até no resto da Europa, é importado da América do Sul, de Cuba e algum (pouco) de África.
“Com a proibição do corte de madeiras deixou de haver carvão vegetal em Portugal. O que é comercializado vem de Cuba e do Paraguai. É praticamente tudo importado, eu diria que 99% do carvão que se consome em Portugal, Espanha e até no resto da Europa vem de fora, principalmente da América”, explica.
João Lima fala do carvão com entusiasmo e explica que a América do Sul, concretamente o Brasil, é um dos maiores produtores de carvão vegetal do mundo, mas não exporta, “pelo contrário, ainda importa dos paises limítrofes”. “A indústria siderúrgica brasileira, que é muito forte, tem sido desde sempre e continua a ser, alimentada a carvão vegetal. Por isso eles consomem tudo o que produzem e apenas 8% da sua produção é que se destina à restauração”, explica.
A escassez de carvão vegetal no mundo torna este estudo ainda mais interessante mas o empresário faz questão de sublinhar isso mesmo: “isto não passa de um estudo, de um projecto, do início de caminho para chegar, mas eu vejo grandes possibilidades”.
É um projecto pioneiro que, a concretizar-se, vai transformar-se numa verdadeira revolução ambiental e no fim de uma dependência em relação a países terceiros, exportadores de carvão. Numa indústria desta natureza há outras possibilidades, garante João Lima.
“Portugal? Eu não penso só em Portugal, eu acho que isto daria hipóteses de produzir para a Europa. A Europa do Sul gasta muito carvão vegetal e a do Norte gasta inclusive briquetes de carvão, que é um produto feito à base dos desperdícios da produção. O que não tem grande volumetria, ou seja, tamanho suficiente para o produto normal que é o carvão é transformado em briqutes. Com esses resíduos pode-se criar paralelamente uma indústria que eu acho que não é complicada”.
Actualmente em Portugal a utilização do carvão vegetal é exclusiva do sector da restauração.
“Tempos houve em que algumas indústrias utilizavam o carvão vegetal, é o caso por exemplo da indústria das molas para camiões que introduziam o carbono do aço dessas molas através da queima de carvão vegetal. Existia uma indústria dessas em Viana do Castelo, na estrada da Papanata”.
Natural de Âncora Lage, João Lima considera o concelho de Caminha “o melhor local para se viver”. Depois de ter vivido noutros locais do país, o empresário voltou a Âncora onde está associado a algumas empresas, entre elas a Quebrarco-Carvão Lda. O estudo, entregue a investigadores da UTAD vai primeiramente incidir sobre a acáciamimosa.
A Câmara de Caminha vai efectuar o pagamento dos subsídios de férias dos funcionários da autarquia ainda durante este mês de Junho. A garantia é dada em comunicado pela Presidente da Câmara, Júlia Paula Costa, e a proposta será submetida amanhã a votação em reunião de Câmara e, depois, à Assembleia Municipal.
O Orçamento de Estado para 2013 contemplava o corte progressivo do subsídio de férias para os funcionários públicos com vencimento superior a 600 euros, sendo o corte total a partir dos vencimentos superiores a 1100 euros… Por esta razão, as autarquias não inscreveram em Plano e Orçamento para 2013 as verbas referentes ao pagamento deste subsídio.
Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo vigésimo nono do Orçamento de Estado por parte do Tribunal Constitucional, que previa o corte nos subsídios de férias aos funcionários públicos, as autarquias terão que efectuar a necessária revisão orçamental para poderem processar o pagamento dos respectivos subsídios.
A proposta de revisão orçamental será apresentada na próxima reunião de Câmara de Caminha, a realizar amanhã, e e será submetida à próxima Assembleia Municipal a realizar durante este mês.
Segundo fonte da autarquia, estes procedimentos administrativos são fundamentais para o executivo camarário poder efectuar os pagamentos .
Se não é a mais antiga, é seguramente uma das instituições mais antigas do concelho e uma das misericórdias mais antigas do país. Fundada em 1516, a Santa Casa da Misericórdia de Caminha (SCMC) prepara-se para comemorar, em 2016, 500 anos de existência. Fundada 18 anos depois da primeira Misericórdia do país, a de Lisboa, a instituição caminhense assume à data o mesmo compromisso que a sua congénere de Lisboa, fundada em 1498 pelo Frei Miguel Contreiras, com o apoio da rainha D. Leonor, de quem era confessor.
Celisa Alves, coordenadora geral da Santa Casa da Misericórdia de Caminha, refere a propósito que a instituição já está a preparar as comemorações dos cinco séculos, nomeadamente com a edição de uma obra “que resume precisamente esses 500 anos de história da instituição”.
“Estamos a falar de uma Misericórdia que surge 18 anos depois da fundação da primeira, a de Lisboa, e cujo compromisso é o mesmo apenas com algumas diferenças em termos de aplicação de um ou outro artigo, uma vez que se trata de dois territórios diferentes, com realidades distintas”, explica.
A importância que desde então, ao longo dos últimos 500 anos, as Misericórdias assumiram na sociedade portuguesa é notória. Ao longo do seu percurso passaram por diferentes fases, evidenciando sempre uma grande capacidade de sobrevivência a todo o género de vicissitudes. Trata-se portanto de um percurso singular, porque envolve épocas com contextos políticos, religiosos e sociais distintos. Defender a dignidade da pessoa humana, trabalhar pelo bem comum e praticar a solidariedade, são princípios fundamentais destas instituições, que assentam em 14 obras de Misericórdia, sete corporais e sete espirituais, que ainda hoje, passados 500 anos, se mantêm.
“A matriz de todas as respostas sociais que as misericórdias dão, desde há 500 anos, ainda hoje se mantém, não mudou. As realidades é que se foram alterando e as necessidades também, mas a matriz é a mesma. As misericórdias continuam a dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, a vestir os nus e a dar sepultura aos mortos. São princípios que ainda hoje vigoram, uns mais actuais do que outros mas permanecem. Repare, se calhar, há uns anos atrás o dar de comer a quem tem fome deixou de fazer sentido, hoje não é bem assim e a prova é que criamos há bem pouco tempo uma cantina social para precisamente dar de comer a quem tem fome. Esta é portanto uma das obras cuja actualidade é indiscutível”, sublinha Celisa Alves.
À data da sua criação, a Santa Casa da Misericórdia de Caminha tinha duas obras consideradas extremamente importantes: Dar a esmola aos pobres e acudir aos presos.
“Havia um membro da mesa denominado o visitador das esmolas, cuja tarefa era visitar os pobres e distribuir as esmolas conforme as suas necessidades, garantindo dessa forma a sua sobrevivência. Por outro lado visitar os presos era das maiores obrigações da misericórdia. Hoje em dia, e no caso concreto de Caminha, esta última já não fará muito sentido até porque nem existe aqui nenhuma instituição prisional mas noutras misericórdias isso ainda se faz através de grupos de voluntários”, explica.
Fazer parte de uma Misericórdia conferia prestígio e não era toda a gente que podia integrar a irmandade. No caso concreto da Misericórdia de Caminha, o número de irmãos não deveria exceder os 100 (50 nobres e 50 oficiais – não poderiam ser aprendizes nem obreiros), deveriam ter domicílio na vila de Caminha e ser maiores de 25 anos. Tinham que saber ler e escrever e ter bens próprios e meios que lhes permitissem sustentar-se comodamente para que a necessidade não os obrigasse a aproveitar-se dos bens que ficassem sob sua responsabilidade. Diz o compromisso, “que o tesoureiro devia ser uma pessoa nobre e abastada para que com grande zelo e verdade correse pela sua mão todo o rendimento e despesa da casa, deveria ser rico de bens materiais para que a necessidade própria o não obrigasse a tratar com menos fidelidade do que se requer o que corresse pelas suas mãos”.
Outras 2 figuras importantes eram, como já referimos, o mordomo dos presos e o visitador das esmolas. E se o primeiro deixou de fazer sentido no contexto actual, o mesmo já não acontece com o segundo.
“Os anos passaram, os nomes mudaram mas as necessidades, essas, mantêm-se. Hoje os termos utilizados são diferente, fala-se em exclusão social, solidariedade, desigualdades económicas numa sociedade que vive tempos difíceis, com graves situações de desigualdade”.
Mantendo a matriz das 14 obras de Misericórdia, a SCMC, ao longo dos seus quase 500 anos de história, tem desenvolvido múltiplas actividades de carácter social e religioso, de apoio à população do concelho de Caminha, através da dinamização de um conjunto de respostas sociais que, actualmente, se traduzem em creche, jardim-deinfância, lar de idosos, serviço de apoio domiciliário, cantina social e igreja da misericórdia.
“De todas as valências aquela que neste momento nos preocupa mais em termos da sua sustentabilidade é a creche e jardim de infância. Com uma capacidade instalada para 66 crianças, a verdade é que nos últimos anos não temos atingido essa capacidade. Actualmente estamos com 51 crianças e as perspectivas para o próximo ano lectivo, que se inicia em setembro, não são as melhores. Isso coloca-nos alguns problemas, nomeadamente na gestão dos recursos humanos”.
A diminuição gradual da taxa de natalidade, o desemprego das mães e o aumento da oferta por parte de outras instituições do concelho, originaram esta diminuição na procura. Celisa Alves considera mesmo que “neste momento existe mais oferta do que procura”.
Sinal de que o país está a envelhecer, a situação na valência lar inverte-se. Apesar da lista de espera ter diminuído em relação a anos anteriores, ainda é preciso esperar por vaga para que um idoso possa entrar no Lar de Santa Rita de Cássia.
“Neste momento temos 37 idosos no lar, está portanto lotado. Temos lista de espera mas devo dizer que também aqui houve uma diminuição. Com o desemprego as pessoas têm mais disponibilidade para cuidar dos idosos”.
O apoio domiciliário é outra das valências da SCMC que neste momento presta apoio a cerca de 17 pessoas.
“Temos vários serviços que vão desde a higiene pessoal, habitacional e alimentação, ao tratamento de roupas e acompanhamento psicológico”.
Face à crise económica que o pais atravessa, de dimensão extraordinária, as situações de alarme social são cada vez mais visíveis e a instituição é procurada como centro de recursos para resolver problemas sociais. Atendendo a esta realidade, a SCMC criou recentemente uma loja social e uma cantina social que presta apoio aos mais necessitados.
“A loja social, a funcionar há alguns meses aqui em Caminha, está aberta à quarta-feira e funciona exclusivamente em regime de voluntariado. Temos tido bastantes solicitações e temos dado resposta a nível de roupa, calçado, material escolar e ajudas técnicas. Relativamente à cantina social ela ainda está a dar os primeiros passos. Neste momento já fornecemos refeições a 8 pessoas mas temos capacidade para servir 30 refeições diárias”.
Segundo Celisa Alves esta é uma valência que se justifica na medida em que “existem situações de pobreza extrema. Não são muitas mas existem, principalmente nas zonas mais urbanas”.
Apesar do papel importante que desenvolvem, a maior parte das IPSS convivem com os limites da sustentabilidade. A SCMC não é excepção. A instiuição, que dá trabalho a meia centena de pessoas é uma das maiores entidades empregadoras do concelho. Preservar os postos de tabalho de todos os colaboradores é um dos grandes desafios da instituição que tal como as restantes IPSS está a aprender a adaptar-se às novas exigências.
“Temos uma população envelhecida, uma taxa de desemprego preocupante e algumas situações criticas de pobreza. São estes os 3 vectores que deverão nortear as acções a desenvolver”, sublinha a coordenadora da instituição.
Apesar das dificuldades a SCMC tem projectos para o futuro que passam, a breve prazo, pela conservação do património da instituição, nomeadamente algumas obras na igreja e a recuperação do edifício quatro quartéis de esquadra. A longo prazo a instituição quer dar uma nova utilidade ao espaço que era ocupado pela piscna entretanto desactivada. Ali a SCMC quer criar uma residência para idosos. Comemorar com dignidade os 500 anos da instituição é outro dos projectos desta instituição que, tal como no passado, ainda hoje presta apoio aos que mais precisam.
Um jovem empreendedor de Ponte de Lima que desenvolveu um conceito de railes de proteção rodoviária fabricados a partir de pneus reciclados foi distinguido recentemente no concurso deideias inovadoras promovido pelo BICMINHO.
Igor Ribeiro, de 28 anos, apresentou o “BINOV”, um novo sistema de protecção rodoviário composto por materiais reciclados, mais leve e seguro do que os atualmente utilizados nas rodovias europeias. No âmbito deste projecto, desenvolvido em parceria com outros três jovens empreendedores minhotos, o jovem licenciado em Química pela Universidade do Minho, identificou um problema grave nos actuais sistemas de railes, que podem ser letais em caso de acidentes que envolvam motociclistas ou transeuntes. Igor Ribeiro conta que tudo começou há mais ou menos um ano atrás, durante uma viagem de férias com um dos seus colegas de projecto, o Bruno.
“Eu e o Bruno fomos de férias e presenciamos um acidente. Foi então que pensamos se não seria possível fazer alguma coisa para minimizar os danos causados pelos embates, principalmente nos motociclistas”.
As férias acabaram, Igor e Bruno regressaram ao trabalho mas não abandonaram a ideia. Decidiram investir nela e concorreram ao IdeiaLab, um concurso na Universidade do Minho para melhor desenvolverem o projecto.
“Fomos com a ideia para lá no sentido de melhor a estudarmos e desenvolvermos. Também quisemos perceber os mercados para sustentar a ideia. Neste momento estamos a preparar tudo para concorrermos aos projectos QREN e estamos a criar parcerias para conseguirmos levar a ideia para a frente”, explica.
O projecto traduz-se num novo sistema de protecção das estradas idealizado em plástico, mais seguro e com menos impactos.
“Estudos realizados sobre acidentes de motociclismo demonstram que o impacto contra um rail de protecção metálico a uma velocidade de 30km/h é o suficiente para provocar fraturas, amputações e mesmo danos na coluna vertebral”, realça o jovem empreendedor.
“A vantagem de utilizar a mistura de borracha reciclada é de que tem grande capacidade de absorver as forças de impacto. É capaz de amortizar o impacto do corpo de uma pessoa, por exemplo, mas também há a possibilidade de ter o efeito de «parede» no caso do embate de um camião ou um automóvel, evitando o seu despiste para fora da rodovia. O design é revolucionário, não tem nada a ver com o que se usa actualmente”, explica Igor Ribeiro.
Neste momento, o projecto encontra-se em fase de concretização e o próximo passo será a realização de um protótipo.
“Virtualmente ele já está feito. Através de softwares já realizamos simulações e uma série de estudos. O passo seguinte é passar para a parte física, ou seja, ter alguma coisa para mostrar às pessoas. É por isso que estamos a concorrer aos projectos QREN para conseguirmos o financiamento necessário para avançar com o protótipo”.
Em 2015 o Igor e os seus colegas querem ter o protótipo pronto, os testes todos feitos para depois avançarem com a produção.
Vender o produto no mercado mundial é o grande objectivo, como revela o jovem investigador de Ponte de Lima.
“Queremos vender em Portugal mas também queremos ir para fora, o nosso lema é de Portugal para o mundo. Só para ter uma ideia, na Europa existem seis mil milhões de quilómetros de estrada, o que equivale a mais de doze mil milhões de protecção de rails de estrada. Sabemos que nos países nórdicos existe uma forte aposta na segurança, o lema deles é morte zero e por isso pensamos que a Europa do Norte é uma boa aposta”.
Relativamente aos custos, Igor Ribeiro diz que andará ela por ela.
“Inicialmente os custos poderão ser um pouco superiores mas com o tempo julgo que poderão ser reduzidos, aproximando desta forma os preços. Estamos a falar em diferenças entre os 10 e os 15 por cento, que serão largamente compensados pelos benefícios de podermos salvar vidas”.
Estudos realizados na União Europeia apontam para uma média anual de 40 mil motociclistas feridos por ano, sendo que seis mil sofrem ferimentos devido à protecção das estradas.
“O que nós pretendemos é reduzir esse número entre 50 a 75%”.
Numa investigação contínua, os 4 jovens envolvidos no projecto tem vindo a trabalhar no seu aperfeiçoamento.
“É um trabalho permanente, todos os dias acrescentamos coisas novas para melhorar aquilo que já temos. O objectivo é termos um projecto em finais de 2015. Temos dois anos para implementar, testar, ensaiar e pôr tudo conforme com a legislação. Os ensaios e a homologação é que tornam o projecto mais caro”, explica o investigador.
Para além dos aspectos ligados à segurança, o “BINOV” apresenta outras vantagens, nomeadamente ambientais. Para além de ser feito a partir de materiais recicláveis, nomeadamente pneus em fim de vida, pode ainda mudar de cor possibilitando um melhor enquadramento na paisagem. Numa fase posterior, poderá inclusive ser dotado de um GPS capaz de transmitir, em caso de acidente, informações detalhadas às equipas de socorro.
“Isso é possível, está a ser estudado e é uma componente muito interessante para o projecto”.
Desenvolvidos nos anos 70, os rails de protecção não sofreram até aos dias de hoje, ao contrário de outros aspectos ligados à segurança rodoviária, qualquer tipo de alteração.
“É inegável a evolução nos meios de transporte. Os carros, por exemplo, evoluíram imenso em termos de segurança. No caso das barreiras de protecção essa evolução não se verificou, não acompanhou essa evolução”.
Com a União Europeia atenta a estas questões da segurança e aberta a sugestões para a implementação de um novo tipo de rail, este poderá ser um projecto com muito futuro. É nisto que acredita Igor Ribeiro e os seus colegas.
“Existe uma grande abertura e uma grande sensibilização por parte da União Europeia para estas questões da segurança e isso é um grande ponto a nosso favor. Vai-nos ajudar a credibilizar o nosso projecto. Existe mercado, existe procura e nós vamos tentar agarrar essa oportunidade”, explica.
Acreditar na ideia e na sua concretização é fundamental para que o projecto avance pois “se assim não for ele nunca se irá concretizar. Nós nunca conseguiremos cativar os outros e atrair a sua atenção para o projecto se não acreditarmos nele”, remata.
Projecto premiado pelo BicMinho
O projecto desenvolvido pelo Igor e pelos 3 colegas foi distinguido recentemente no concurso de ideias inovadoras promovido pelo BICMINHO. O concurso realizou-se no âmbito do projecto “i9EIBT – Apoio à criação de empresas inovadoras e de base tecnológica”, promovido pelo BICMINHO, Centro Europeu de Empresas e Inovação para a região do Minho, num programa comparticipado pela CCDR-N através do ON.2 – O Novo Norte. As candidaturas distinguidas ficaram com o direito de, no âmbito do i9EIBT, usufruir dos apoios técnicos previstos no projecto, que incluem a realização do plano de negócios, apoio na obtenção de financiamento, candidaturas a sistemas de incentivo e acompanhamento na implementação do negócio, entre outros. A acção promovida pelo BICMINHO teve como primeiro objectivo impulsionar iniciativas empresariais na região norte baseadas em novos desenvolvimentos tecnológicos. No concurso destinado a ideias inovadoras, foram apresentados 43 projetos, 19 dos quais promovidos por empreendedores com idades entre os 25 e os 35 anos.
O “BINOV” ficou em 2º lugar. Na sessão que distinguiu as cinco melhores ideias apresentadas a concurso, o presidente do BICMINHO exortou os empreendedores que apresentaram as suas ideias neste concurso a nunca desistir dos seus projetos, apesar da conjuntura económica difícil. André Vieira de Castro lembrou o papel do BICMINHO no apoio à implementação de novas ideias e de projectos inovadores.
“O nosso objetivo é apoiar jovens empreendedores na viabilização dos seus projetos”, disse, esclarecendo ainda que, como se demonstrou na apresentação dos resultados do concurso de ideias, “é propósito do BICMINHO dar corpo a ideias inovadoras capazes de impulsionar a economia”.