As desventuras mentirosas de Pinóquio, trazem com Mestre Gepeto a figura do artesão que esculpiu, a partir de um pequeno tronco de madeira, um boneco que ganhou vida própria mentindo com medo de falhar ao seu Mestre e (quase) pai que o repreende, mas desculpa. É ele Pinóquio que hoje ocupa à socapa este espaço de opinião usando dados do Relatório e Contas de 2023 da Câmara de Caminha.
Caras, Caros e Cares Caminhenses,
O ano de 2023 começou de forma intempestiva para todos menos para o executivo e funcionários na Câmara Municipal, sabendo dos aumentos de 6% nos salários, actualizações de carreiras e funções e retroactivos vários que iam ter.
E sabíamos por isso que os custos com pessoal iam aumentar como aumentaram, cerca de 800 mil euros, ultrapassando os 7,2 milhões de Euros por ano, para cerca de 320 pessoas, que em média custam portanto, pouco mais de 20 mil euros cada um por ano, dos vossos impostos.
Nas despesas correntes, pouco mais dinheiro se gastou, dum ano para outro, mesmo nos Outros serviços, foi só mais meio milhão de euros, ou qualquer coisa pouca assim:
Fez-se com a tranquilidade de saber da generosidade das famílias caminhenses residentes, daqueles que aqui tem a segunda casa e daqueles que nem sequer cá põe os pés, porque todos pagam impostos de espontânea, generosa e livre vontade.
E como são muito generosos, todos os Portugueses pagaram mais (transferências do estado central):
Para não ficar atrás, aqueles que pagam impostos, taxas e multas em Caminha, também quiseram pagar ainda mais:
E é assim caras, caros e cares Munícipes que se faz o milagre das rosas. Só falhou mesmo que o Governo do Costa tivesse caído naquela dos 13 milhões dos danos das intempéries.
Gasta-se mais 800 mil euros em pessoal e mais 600 mil euros em serviços comprados, quase 1,5 Milhões de euros a mais em relação a 2022; mas os caminhenses e portugueses generosos, pagam mais 1,5 Milhões em impostos, taxas e transferências do estado, para as contas ficarem saldadas.
Mas fez-se mais, além de transformar o Pão em Rosas também transformamos a água em vinho. Porque como dizia Bocage, mais vale um café na mão que dois no balcão.
E fez-se investindo seriamente, só que, pouco mais de metade do que em 2021:
Fizeram-se investimentos estruturais, por exemplo mais de 550 mil euros em autocarros elétricos, porque já se tinha investido em carros e carregadores e é preciso rentabilizá-los.
Mas o milagre é que investindo 6,7 Milhões em 2021, 4 Milhões em 2022 e 3,5 Milhões em 2023, mais de 14 Milhões de Euros nestes 3 anos, aumentou-se o Ativo Municipal em…quase nada. E não me venham dizer que pagar os sanitários do Festival de Vilar de Mouros todos os anos, não é investimento.
Mas qualquer coisa correu mal e os Ativos Fixos Tangíveis até perderam 300 mil euros (onde é que eu já vi este número? Mas não era o Outro o Investidor?):
Porém, os milagres existem mesmo, vejam caminhenses o que se fez no Património Liquido, as outras variações aumentaram mais de 6 Milhões, são outras e são variações, passaram de 12 para 18 Milhões, oh António:
É verdade que, no passivo, os diferimentos diminuíram 4,5 Milhões e é essa a divida que alguns dizem que reduziu, mas nada tem a ver:
São diferimentos, senhor, Diferimentos, casam e descasam com as outras, Variações do Património Líquido, entenda-se. Veremos como acaba essa relação, mas enquanto o Cura for o mesmo, cá se vai andando.
Caras, Caros e Cares Caminhenses, estarei sempre aqui, assim o mestre Gepeto me deixe e não me castigue, porque como dizia o Guru do Mestre Gepeto, “as dividas não se pagam, gerem-se”.
Nenhum daqueles dois, o Guru e o Mestre, viu ainda sentenças transitadas em julgado, também não serei eu a lá cair, humilde Pinóquio, só porque hoje ocupei esta coluna do autor que a assina,
Pel’ Pinóquio,
Carlos Novais de Araújo
Leiria, 24 de Maio de 2024
