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Quinta-feira, 10 Outubro, 2024
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Ferry Boat Sta. Rita de Cássia: Todas as desculpas, nenhuma solução

Primeiro era o cais de atraque danificado na margem espanhola de A Guarda que impedia as travessias. Depois de anunciada a sua recuperação, o município caminhense diz agora que não é possível navegar nas condições de assoreamento em que se encontra o canal do Ferry, apesar de ter sido várias vezes avisado da necessidade de tratar deste problema antes da obra estar concluída. Por fim, em Assembleia Municipal, o atual presidente, Rui Lages, disse que "a verdade é que o ferry não pode navegar" por não ter condições para isso. Pelo meio, ficaram para trás as promessas eleitorais do Partido Socialista de renovar a frota com um ferry elétrico, cuja candidatura aos fundos do PRR só era possível para travessias em águas oceânicas. Certo é que a embarcação está parada e o município de Caminha, na foz do Minho, é o único que não tem ligação direta a Espanha.

Com o cais de atraque espanhol praticamente pronto, segundo comunicado da Coligação o Concelho em Primeiro – que reuniu com o alcaide de A Guarda (Espanha) – o Ferry Boat Sta. Rita de Cássia, sem solução à vista, continua parado. O rio Minho mantém-se assoreado, apesar dos diversos alertas daquela força partidária desde 2023, e desconhece-se a possibilidade de navegação da embarcação durante os períodos de maré cheia como aconteceu nos últimos anos. Conheça a triste história desta paragem em datas e notícias.

A 8 de Outubro de 2021, depois de algumas interrupções de travessias devido à pandemia Covid-19, a embarcação voltava a não navegar por estar a ser “alvo de trabalhos de manutenção, necessários para a renovação do certificado de navegabilidade.” Assim justificou a Câmara Municipal de Caminha em nota enviada à imprensa.

Caminha: Ferryboat Santa Rita de Cássia interrompe travessias

A 2 de Maio de 2022, sete meses depois – e sete meses sem travessias – Miguel Alves, anterior presidente da Câmara Municipal de Caminha, explicava em Assembleia Municipal que a paragem da embarcação era uma situação que preocupava o executivo e que a mesma se devia a uma avaria no cais de atraque do lado galego.

Caminha/A Guarda: Ferryboat parado até ao final do ano

A 12 Maio de 2022, a Câmara Municipal de Caminha informava em nota de imprensa que “o cais de atracação de A Guarda (Espanha) mantém-se inoperacional e assim deverá continuar durante os próximos meses”. A entidade Portos da Galiza adiava a reparação do cais de atraque em A Guarda para 2023. A situação preocupava o Presidente da Câmara de Caminha (Miguel Alves) que, com o seu homólogo de A Guarda (António Lomba Baz), se deslocou a Santiago de Compostela para reunir com a Presidente dos Portos da Galicia. “Do encontro não resultou uma solução previsível para um prazo curto” (…).

Conforme noticiou então o Jornal C – O Caminhense, “a correr bem, Ferryboat parado até Outono de 2023”.

Caminha: A correr bem, Ferryboat parado até Outono de 2023

A 3 de Novembro de 2022, já com Rui Lages como presidente do executivo – uma vez que Miguel Alves abandonou as suas funções para servir o governo como Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro (durante 2 meses) – a Câmara de Caminha e o Ayuntamiento de A Guarda (Espanha) enviam carta à Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apelando “à sensibilização da governante para o tema” durante a 33.ª Cimeira Luso-Espanhola, que se realizaria a 4 de Novembro em Viana do Castelo, e que seria  presidida pelo então primeiro-ministro António Costa e pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sanchéz.

“Do lado português, o ‘ferry’ encontra-se operacional, mas parado.” Rui Lages adiantava em Assembleia Municipal que, “no imediato”, a solução passaria por substituir o ‘ferryboat’ Santa Rita de Cássia por uma embarcação elétrica, um projeto que segundo o autarca, custaria oito a 8,5 milhões de euros. Também o AECT Rio Minho estaria a desenvolver estudos sobre soluções de ligação entre os dois municípios transfronteiriços.

Autarcas de Caminha e A Guarda querem substituir Ferry Santa Rita de Cássia por embarcação elétrica

Cinco meses depois – mais 5 sem travessias – a 1 de Abril de 2023, Rosa Quintana, Ministra Regional do Mar (Galicia) afirmava que a obra no cais de atraque terminaria em 3 meses. “Ferry poderá voltar a navegar no verão”, noticiou o Jornal C – O Caminhense.

Caminha: Ferry boat poderá voltar a navegar no Verão

A 4 de Abril de 2023, 3 dias depois das declarações de Rosa Quintana, a Coligação O Concelho em Primeiro informava que tinha enviado uma missiva aos deputados do PSD na Assembleia da República por estarem extremamente preocupados com o estado do assoreamento do Rio Minho. Com o cais de atraque guardês praticamente concluído, antevia-se que o ferry não poderia voltar a navegar com o rio assoreado.

Caminha: OCP pede intervenção dos deputados do PSD na AR para desassoreamento urgente do Rio Minho

Um dia depois, a 5 de Abril de 2023, Bloco de Esquerda (BE) e Coligação Democrática Unitária (CDU) “juntavam-se à festa” e aguardavam posição do município acerca do desassoreamento.

Caminha/Ferry: BE e CDU também aguardam posição do município acerca do desassoreamento do canal do Rio Minho

A 19 de Abril de 2023, com a Câmara Municipal de Caminha em silêncio há 18 dias acerca deste tema, o anterior autarca de A Guarda (Espanha) Antonio Lomba Baz, em entrevista ao Jornal C – O Caminhense, alertava que “ferry, elétrico ou não, era solução a curto prazo” e aguardava que o estudo do AECT Rio Minho viabilizasse uma ligação permanente entre os dois municípios através de uma ponte.

Caminha/A Guarda: Ferry elétrico ou não, é solução só a curto prazo, afirma Antonio Lomba Baz

A 20 de Abril de 2023, o Jornal C – O Caminhense tentou o contacto telefónico com o Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Rui Lages, e na impossibilidade de realizar a entrevista, enviou um e-mail com algumas questões ao presidente do executivo, sobre o qual não obtivemos qualquer resposta.

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Quase um mês depois, a 4 de Maio de 2023, António Lomba Baz confirmava que a reunião com Rui Lages ainda não tinha data marcada, apesar de se saber que o Presidente da Câmara de Caminha tinha estado presente na apresentação da recandidatura de Antonio Lomba Baz, conforme noticiou o jornal galego Atlántico.

Caminha/A Guarda: Reunião para tratar do funcionamento do ferry ainda não tem data marcada

A 30 de Junho de 2023 e há 3 anos sem navegar, o Ferryboat Sta. Rita de Cássia continuava e iria continuar parado, por tempo indeterminado. Rui Lages procurava então saber a quantidade de areia que seria preciso retirar do rio Minho.

Caminha/A Guarda: Ferry Boat está e vai continuar parado por tempo indeterminado

A 7 de Agosto de 2023, 3 meses depois de vencer as eleições, Roberto Carrero, atual alcaide de A Guarda (Espanha), em entrevista ao Jornal C – O Caminhense, avisava que o cais de atraque estaria concluído em Agosto.

Caminha: Obra do cais de atraque do ferry em A Guarda concluída no dia 18 de Agosto

A 9 de Agosto de 2023, a Coligação O Concelho em Primeiro acusava Rui Lages de não estar preocupado com o Ferry e de não ter reunido com o novo alcaide de A Guarda (Espanha) para resolver o problema do assoreamento.

Caminha: OCP acusa presidente da câmara de não estar preocupado com o Ferry Boat e a ligação ao município espanhol de A Guarda

Finalmente, a 2 de Outubro 2023, na Assembleia Municipal de 29 de Setembro, Rui Lages admitia que ferry não estava em condições de navegar e que a vida útil do equipamento “já foi”.

Caminha: “A vida útil do Ferry Boat Sta. Rita de Cássia já foi” – Rui Lages

Estamos agora em Abril de 2024, 4 anos depois do início deste “romance”, sem ferryboat, sem ligação a Espanha, sem ponte, mas com muitos estudos e “muita areia na nossa camioneta” (entenda-se Rio Minho).

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