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Clara Cruz: Ser pasteleira não foi uma decisão, simplesmente aconteceu…

 

Nasceu em França mas ainda criança veio viver para a freguesia de Lanhelas, concelho de Caminha onde permaneceu até entrar para a faculdade. aos 18 anos, Clara Cruz rumou até à cidade de Braga onde tirou o curso de sociologia. Já formada, desenvolve alguma atividade profissional naquela cidade acabando por regressar a Caminha onde geriu um ATL. Em Vila Nova de Cerveira foi directora de um lar de idosos. Trabalhou ainda como administrativa, professora de música, e atualmente é colaboradora da AARN – associação dos artesãos da região do Minho na organização de eventos e formadora na Oficina de decoração artesanal e artística de doces.

Saber como é que uma socióloga se transforma de repente numa pasteleira premiada, foi o que fomos tentar perceber numa conversa com Clara Cruz. Filha de uma chef de cozinha em França, Clara cresceu sempre perto do fogão da mãe com quem aprendeu a cozinhar uma mistura de cozinha francesa e mediterrânica, sem faltar os pratos tradicionais do Alto Minho.

“Lembro-me de ser muito pequenina e ver a minha mãe fazer sempre pratos muito elaborados, mesmo que a comida naquele dia até não fosse nada de especial. As travessas iam sempre primorosamente enfeitadas, bem como os pratos. Comecei a aprender com ela e foi sob a sua influência que eu também comecei a gostar de enfeitar e surpreender sempre nas festas com coisas diferentes e elaboradas. Foi sem dúvida uma aprendizagem com os meus pais”, confessa.

Nas festas em casa, um dia, essa mãe cozinheira de gabarito passou-lhe a “pasta” das sobremesas e entradas. Numa atividade divertida com o pai, decoravam os canapés numa espécie de competição para ver quem fazia o mais original e bonito. Desta forma, Clara descobriu a paixão por decorar os pratos com minúcia e elegância, tornando a mesa uma passarela de aromas, cores, sabores, graciosidade e originalidade. Com o passar dos anos o gosto pela cozinha não se perdeu, pelo contrário, o que mais lhe dá prazer é enfiar-se na sua cozinha, criando e experimentando novos pratos e sabores. Interessada, Clara Cruz foi sempre pesquisando e descobrindo coisas novas.

“Foi numa dessas pesquisas que um dia descobri a pasta de açúcar e a partir daí comecei a fazer alguns bolos. Fazia para as minhas amigas, para as filhas das minhas amigas e para as colegas das filhas das minhas amigas. Foi uma coisa que foi acontecendo, não foi uma decisão”, revela.

Quando começou a trabalhar com a pasta de açúcar, Clara Cruz confessa que as coisas nem sempre corriam bem.

“Como não tinha formação nem nunca tinha feito nenhuma grande pesquisa sobre como trabalhar com a pasta de açúcar, fui aprendendo com os próprios erros”.

Com o número de encomendas a aumentar cada vez mais, Clara achou que era melhor fazer um pequeno interregno e apostar numa formação que lhe desse mais segurança.

“Na altura constatei que não havia formação aqui por perto e então tive de ir para Lisboa onde fiquei durante uma semana para uma formação intensiva em cake designer. A partir daí tornei-me membro da Associação Cake Designer e desde então tenho feito inúmeras formações com Cake Designers internacionais bastante famosos”. 

Lindy Smith (Inglaterra), Eva Benavente (Argentina), Nhora de la Pava (EUA), Mirta Biscardi (Argentina), Douglas Volpy (Brasil), Nelson Pantano (Brasil), são alguns dos cake designers internacionais com quem Clara aprendeu, um investimento avultado, mas que compensa porque, como a própria revela, “aprende-se muito”.

Depois de ter aprendido com os melhores e de ter adquirido os conhecimentos que lhe faltavam, Clara Cruz começa a participar em alguns concursos e a arrecadar prémios como aquele que conquistou no passado mês de Março no Festival Internacional de Chocolate em Óbidos: Bolo Mais Criativo do Concurso de Cake Design “O Mundo do Chocolate” no XI Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD – Associação Nacional de Cake Designers.

Para trás ficam outras conquistas:

– Em 2012/Novembro: Bolo vencedor do mês de Outubro no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2012;
– 2012/Outubro: Bolo vencedor do mês de Setembro no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2012.
– Ainda em 2012/Setembro: Classificação “Prata” (2º lugar) no Concurso Bolos Infantis, integrado no evento Cake Alive 2012, organizado pela ANCD, Óbidos.
– 2012/Julho: 1º Prémio no Concurso Formas e Sabores “Maravilhas do artesanato Português”, promovido pela Tuttirév Editoria na Fia – Feira Internacional do Artesanato;
– 2012/Março: Bolo mais criativo do Concurso de Cake Design “Disneyland Paris” no X Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD.
– 2012/Março: 3º melhor bolo do Concurso de Cake Design “Disneyland Paris” no X Festival Internacional de Chocolate de Óbidos, organizado pela ANCD
– 2011/Setembro: Bolo vencedor do mês no Concurso Cake of the Month, promovido pela ANCD durante o ano de 2011.

Clara Cruz tem-se destacado em concursos pela perfeição e criatividade dos seus bolos e quem a conhece sabe que isso é um estímulo para continuar a melhorar. O seu lema é a lição dos seus pais: dedicação para que tudo esteja belo e bom. A confecção de um bolo, dependendo da sua complexidade, pode demorar entre 4 horas para os mais simples, até 15 ou 20 horas para os mais complexos.

“E este tempo é só na confecção porque às vezes tenho de ir pesquisar à net durante dois ou três dias determinado personagem que me encomendam, porque tenho que conhecer o boneco para poder contextualizar, o que dá muito trabalho”.

Até há pouco tempo os bolos eram feitos na sua cozinha em casa mas apartir do momento em que decidiu profissionalizar-se, Clara Cruz decidiu montar um atelier e estabelecer algumas parcerias.

“Para conseguir ter uma área de cozinha que respeite todas as normas, estabeleci algumas parcerias com instituições e associações que normalmente dispõem desses espaços”, explica a socióloga que se tornou pasteleira.

A propósito do último prémio conquistado no Festival de Chocolate em Óbidos, Clara Cruz conta que o bolo estava condicionado ao tema “Charlie e a Fábrica de Chocolate”.

“A primeira coisa que fiz foi ver o filme, que não conhecia. Depois, como o tema se alargava ao mundo do chocolate, o desafio seguinte foi inserir o filme nesse mundo do chocolate. Perante isto, o meu conceito foi fazer o castelo de Óbidos como o centro nacional do festival internacional de chocolate. Dentro do castelo coloquei a pousada que lá existe e no meio do castelo criei uma fonte. Dessa fonte saía o chocolate que invadia um globo que era o mundo. Dentro desse mundo criei então a fábrica de chocolate do filme que tinha como função transformar o chocolate que vinha da fonte de Óbidos. No fundo, Óbidos invadia o mundo com chocolate”.

No atelier que está neste momento a criar, Clara pretende fazer o atendimento aos clientes. Para além dos bolos a empresa que está a criar também organiza festas temáticas e personalizadas, tratando de todos os pormenores desde os convites, decoração, animação, catering, às lembranças.

“Uma das coisas que me dá prazer é poder organizar e projetar a festa toda. Concebê-la num tema e dentro do tema conseguir adequar desde o convite, às lembranças, passando pelo bolo”.

Para além da empresa Clara Cruz também se dedica à formação. Os seus trabalhos podem ser consultados no facebook.

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