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Sexta-feira, 19 Abril, 2024
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Talho de Lanhelas, uma marca de excelência

Chegou a Lanhelas há 24 anos pela mão de um cunhado que o convidou para vir tomar conta de um talho que acabava de adquirir. Natural de Subportela, uma freguesia do concelho de Viana do Castelo, José Luís Costa aceitou o desafio e, um ano depois, passou de empregado a proprietário.

“Vim parar aqui porque um cunhado meu comprou um talho em Lanhelas e como já tinha dois, convidou-me para eu vir tomar conta do negócio. Ao fim de um ano, o meu cunhado vendeu-me o talho e cá estou” conta.

O negócio, que começou “muito pequenino”, foi crescendo e hoje o Talho de Lanhelas é uma referência a nível nacional.

“Comecei com um talho que tinha para aí uns 15 ou 20 metros quadrados, uma coisa muito pequenina. Passados 5 anos fiz outro um pouco maior, tinha à volta de 40 metros quadrados e mais tarde, como o negócio estava a correr bem, comprei um terreno e construí o estabelecimento que temos hoje, com mais de 100 metros quadrados”.

Com um espírito empreendedor, José Luís Costa, que gosta de estar sempre a inovar, decidiu há cinco anos alargar o negócio e montar uma unidade de transformação onde prepara os mais variados produtos, desde os tradicionais enchidos às refeições pré-cozinhadas, um investimento de muitos milhares de euros que se fosse hoje, confessa, “não o podia fazer”.

“Depois do talho surgiu a oportunidade de começar a trabalhar com outro tipo de produtos além da carne. Eu já fazia em casa os enchidos e rissóis para vender no talho. Era o que toda a gente fazia. Mas um dia apareceu-me aqui a fiscalização do Porto e disse-me que eu tinha de tirar tudo. Respondi-lhes que não podia ser e pedi-lhes que me dissessem o que é que eu tinha de fazer para me legalizar”.

Após a visita dos fiscais, José Luís Costa avançou para o Porto onde tratou de arranjar alguém que lhe fizesse um projeto para montar uma pequena indústria alimentar.

“Fui a Matosinhos falar com um senhor que me fez o projeto. Depois comecei a fazer a obra que ainda demorou algum tempo e a partir daí tem sido sempre a trabalhar em receitas e produtos novos”.

Enchidos variados, carne seca, alheiras, almôndegas, pizzas, hamburgueres, salsichas frescas e lasanhas, são apenas alguns dos muito produtos que são produzidos no Talho de Lanhelas, que este ano começou também a secar solhas e lampreia nos seus fumeiros. José Luís conta que a ideia surgiu de uma conversa com o vereador Flamiano Martins que, numa visita ao seu estabelecimento, lhe lançou o desafio.

“Ele um dia veio aqui e a meio da nossa conversa perguntou-me porque é que eu não aproveitava para secar a solha, que era um produto tradicional de Lanhelas e muito apreciado pelas pessoas”.

José Luís achou a ideia interessante e foi até à Direção Geral de Veterinária saber se era possível pô-la em prática.

“A resposta foi positiva e a única exigência que nos fizeram foi que na semana em que se secasse peixe não se podia secar carne”.

Para além da solha, no fumeiro do Talho de Lanhelas também se seca a lampreia, um produto que ainda está a ser testado.

“A solha tem saído muito bem, a lampreia ainda estamos a testar mas o nosso objetivo é tentar vendê-la para locais onde ela é mais apreciada, como por exemplo Melgaço, Monção e até para Lisboa”, explica.

No talho de Lanhelas trabalham 10 pessoas distribuídas pelos vários setores: desde a venda ao balcão até à preparação das refeições pré-cozinhadas, passando pelo fabrico dos enchidos, embalagem, etc. José Luís Costa confia na sua equipa mas faz questão de assumir o comando de tudo.

“Quando há qualquer coisa a fazer ou algum produto novo a testar, sou sempre eu que vou à frente, assim se alguma coisa correr mal, eu assumo”, esclarece.

Os clientes, espalhados de norte a sul do país, são a prova de que este estabelecimento se soube implementar no mercado pela qualidade e pelos produtos de excelência.

“Os nossos clientes começaram por ser as pessoas de Lanhelas e das freguesias vizinhas, mas atualmente temos clientes de todo o lado: desde Melgaço ao Alentejo, passando pelo Porto, Leiria e Lisboa. São pessoas que normalmente vêm de férias e que, depois de conhecerem os nossos produtos, ficam clientes. Eles telefonam a fazer a encomenda e nós mandamos pelo expresso, normalmente é assim que funciona”, explica o empresário.

Segredos para cativar e manter a clientela fiel, José Luís aponta alguns, destacando desde logo a qualidade.

“Acima de tudo temos que ter qualidade, isso é o mais importante. Depois devemos ser exigentes na compra e na produção dos produtos e claro, termos em atenção a forma como atendemos o clientes”.

A estes “ingredientes” para cativar e manter a clientela, o empresário junta um outro que considera extremamente importante: os preços acessíveis.

“O nosso lema é servir todo o tipo de cliente, ou seja, tentamos atingir os que têm maior e menor poder de compra. Tento não produzir produtos excessivamente caros nem excessivamente baratos para não fugir à qualidade”.

A aposta em receitas tradicionais com o mínimo de aditivos possível é outro dos lemas do talho de Lanhelas que, para garantir que os produtos que estão a ser comercializados cumprem todas as normas e estão em perfeitas condições, tem ao seu serviço um engenheiro alimentar que semanalmente vai verificando os produtos.

As entregas ao domicílio é outro dos serviços que o Talho de Lanhelas tem à disposição dos clientes que, desta forma, não precisam de se deslocar ao estabelecimento.

“ Temos muitos clientes que estão a trabalhar e que nos ligam a fazer as encomendas e a pedir que as entreguemos em casa. Posso-lhe dizer que tenho clientes que já não vejo há anos , que só falo com eles pelo telefone. É bom porque significa que eles confiam em nós e nos nossos produtos”, explica.

José Luís dá preferência à carne de raça minhota pela sua qualidade. Com a Páscoa à porta, o talho de Lanhelas trabalha a todo o vapor para garantir aos clientes os produtos mais procurados nesta época e que são, para além dos enchidos que enfeitam as mesas do compasso, o cabrito que por esta altura é rei nas mesas do Alto Minho. Finda a Páscoa, é tempo de começar a pensar no Verão e nos clientes que vêm de fora, e por isso no Talho de Lanhelas não se pára. Apesar da crise, o empresário não se queixa das vendas, queixa-se sim dos muitos impostos que tem que pagar ao Estado.

“Tudo sobe, desde a matéria prima ao gasóleo, e a verdade é que o produto final se tem mantido ao mesmo preço, o que faz com que a margem de lucro seja cada vez menor. Trocase
dinheiro por produto, ou seja, vende-se e praticamente não se ganha nada”, desabafa.

À espera de dias melhores, José Luís Costa não baixa os braços e até já está a trabalhar num novo produto que quer pôr à venda no seu estabelecimento. um salpicão de peru que promete fazer as delícias dos clientes.

“É um produto novo que ainda estamos a testar e que vamos começar a comercializar em breve. Esperemos que as pessoas gostem”.

Para além de comercializar os produtos diretamente ao cliente, o talho de Lanhelas também revende e os seus produtos já podem ser encontrados em várias lojas e supermercados da região. Projetos para o futuro, José Luís quer acima de tudo “manter”. Daqui a uns anos, se algum dos filhos quiser pegar no negócio, o empresário admite partir para “algo maior”.

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