É um caso de sucesso em plena crise. A Camitintas, uma empresa localizada no centro da vila de Caminha, registou no ano passado um crescimento que surpreendeu até os próprios proprietários.
Bruno Mouteira, de 36 anos, era um serralheiro com vontade de mudar de vida. Há muito que olhava para a loja situada em frente da sua, na rua da Corredoura, sonhando o que faria se fosse o dono. Quis o destino que em 2006 o proprietário da Camitintas, seu amigo, lhe propusesse a venda de um negócio que, segundo revela, estava em decadência. Homem de desafi os, Bruno falou com a mulher e não pensou duas vezes.
“Era uma paixão que eu tinha. Fui serralheiro toda a minha vida e entretanto apareceu esta oportunidade. Eu tinha uma loja de móveis mesmo em frente à Camitintas e um dia perguntaram-me se eu queria ficar com o negócio e eu aceitei. Sou um homem de desafios e percebi que aquilo tinha muito potencial, não estava era a ser aproveitado”.
Tornou-se sócio-gerente, arregaçou as mangas e tomou conta de um estabelecimento integrado no comércio tradicional de Caminha. Seis anos depois, a aventura, o investimento, começa a dar frutos.
“Posso afirmar que a nível de tintas, e em relação ao ano passado, crescemos entre 94 e 96%. Foi uma surpresa, nem eu estava à espera disso. Tentamos ser competitivos nos preços, não ter grandes margens de lucro mas primamos pela qualidade. A Camitintas aposta na qualidade, acima de tudo”, revela.
Numa altura em que há empresas a fechar portas a uma média se sete por dia, qual é afinal o segredo da gestão de Bruno Mouteira para tirar a empresa do vermelho e conseguir fazê-la crescer, quando a economia se retrai e a carteira de todos encolhe?
“É complicado mas com a ajuda e empenho de todos vamos conseguindo. Não podemos pensar em meter muitos funcionários porque isto não está fácil, não dá para tudo. Julgo que o importante é primeiro fazer a casa, estabilizá-la, e depois sim pensar em crescer mais”.
Vestir a camisola da Camitintas e andar para a frente é o apelo que Bruno Mouteira faz aos seus colaboradores. No ano passado a Camitintas cresceu não só em facturação como também fisicamente. Mudou-se para o espaço comercial ao lado, que estava vazio, passando de 170 para 400 metros quadrados repletos de tudo e mais alguma coisa.
“Muitas vezes os clientes entram e perguntam se estão numa drogaria ou numa casa de ferragens… Eu não considero a Camitintas uma drogaria, o que eu quero é que ela tenha um bocadinho de tudo. A nossa especialidade são as tintas, depois as chaves e depois tentamos vender pequenas coisas que os clientes mais procuram. Temos um livro onde vamos registando os pedidos e quando não temos o que pretendem, encomendamos”.
Uma drogaria especializada em tintas que já começa a ver o seu nome reconhecido no mercado. Já vende para a Galiza e até para Lisboa. Mas é em ter tudo aquilo que os outros concorrentes não têm, que a Camitintas consegue marcar pela diferença.
“Eu gosto de ter coisas diferentes e recordo-me de uma vez um senhor me ter entrado pela loja dentro e me ter perguntado se eu tinha um fecho de 80 centímetros. Respondi-lhe que sim e que até tinha de um metro e meio. Ele ficou muito admirado porque já vinha a percorrer as lojas todas desde Valença até Viana, tinha entrado na Camitintas por entrar e afinal tinha encontrado o que procurava. Tenho clientes de outros locais que me solicitam orçamentos por email. Enviamos tintas para Espanha, para Lisboa, já mandámos para Aveiro, para vários lados”.
Nem mesmo as grandes superfícies que existem no distrito fazem sombra a esta empresa de Caminha. É que na Camitintas, sublinha Bruno Mouteira, o cliente consegue encontrar tudo o que procura.
“Eu não gosto de ter muita quantidade mas sim muita variedade”, explica.
E há também quem procure o que a Camitintas não tem. Mas nem nesses casos os 3 trabalhadores da empresa, a contar com Bruno, deixam de ajudar o cliente.
“Quando não temos o que o cliente procura tentamos indicar-lhe onde poderá encontrar, de preferência para outros comerciantes de Caminha”.
A maior dificuldade para quem trabalha na Camitintas é mesmo conhecer tudo aquilo que a empresa vende, os respectivos nomes e os locais onde está guardado. É mais difícil do que saber todos os ossos do corpo humano. É a maior difi culdade de um negócio em crescimento contínuo.
“O mais complicado é conhecermos tudo aquilo que nós vendemos porque a variedade é muita. Às vezes um cliente pede-nos alguma coisa que nós sabemos que temos mas temos que parar para pensar onde está. São precisos alguns anos para encaixar tudo”.
Manter o crescimento superior a 90% registado no ano passado é agora a meta do sócio-gerente Bruno Mouteira. Uma tarefa que sabe ser difícil em tempos de crise, mas nada que o assuste.
“Neste momento o importante é mantermos este crescimento, atingir os nossos objectivos e depois conseguir manter. O problema por vezes não é crescer mas sim manter esse crescimento. Se conseguirmos é muito bom”.
Para alcançar esse objectivo o sócio-gerente da Camitintas já sabe o segredo.
“Temos que pensar sempre em algo que chame o cliente, fazer promoções e divulgar bem o produto. Temos que estar bem atentos para não deixar escapar uma boa oportunidade para o cliente”.
A Camitintas é uma empresa localizada na vila de Caminha há 25 anos. Nos últimos seis, sob a gerência de Bruno Mouteira, aumentou a facturação, registou um crescimento, sobretudo nas tintas, superior a 90% e até mudou para instalações maiores. Bruno e os dois colaboradores da empresa têm agora como objectivo manter esse crescimento, mesmo que os tempos sejam de crise. Crescer em contra-ciclo é coisa que não o assusta.