Foi um dos primeiros projetos a integrar a Incubadora de Indústrias Criativas da Bienal de Cerveira e dá pelo nome de Arterístico, uma ideia de negócio que alia o design ao artesanato e que nasceu pela mão de duas amigas.
Naturais do Porto, Gisela Cunha e Francisca Ribeiro decidiram avançar com o projeto em fevereiro de 2012, e o que começou por ser uma ideia de negócio, rapidamente deu lugar a uma empresa com diversos produtos a serem comercializados no mercado.
Gestora de formação Gisela Cunha, que um dia decidiu trocar o Porto por Vila Nova de Cerveira, local onde reside atualmente, iniciou o seu percurso profissional numa associação empresarial. Durante cinco anos contatou muito diretamente com uma série de empresas, empresários, formadores e consultores. Apesar de estar a trabalhar na sua área de formação, Gisela sempre sentiu dentro de si uma vertente criativa que, com o tempo, acabou por falar mais alto.
“O que aconteceu foi que a determinada altura, por uma questão de gosto pessoal, decidi romper um pouco com a área da gestão pura e dura, e entrar por um caminho mais criativo. Surgiu a oportunidade de me candidatar à Incubadora de Indústrias Criativas de Vila Nova de Cerveira e, em conjunto com a Francisca que é designer, decidimos avançar”, conta.
Na candidatura ao projeto, as duas amigas assumem-se como a dupla da gestora com queda para as artes e da designer com jeito para o negócio.
“No fundo o que fizemos foi conjugar as nossas mais valias e trabalhar em equipa”, explica
E foi assim que surgiu a Arterístico – Arte, Turismo e Cultura, um nome que segundo Gisela Cunha dá que falar por ser difícil de pronunciar e fixar. “O nome traduz um trocadilho que tenta transmitir a visão das artistas sobre o artístico e do transformar a arte”.
O projeto, que tem por base as áreas criativas do design e do artesanato, “surgiu com o objetivo de transformar alguns símbolos e ícones nacionais e tradicionais portugueses, com os quais nos identificamos, dando-lhes uma nova vida e uma nova maneira de estar em termos de imagem no contexto atual”.
Cansadas de visitar lojas de artesanato, de museus e de souvenires e encontrar sempre as mesmas coisas, desatualizadas ou sem grande funcionalidade, a dupla decidiu dar largas à imaginação e avançar para algo diferente.
“O que nós fizemos foi uma reinterpretação gráfica de alguns ícones, como por exemplo o galo de Barcelos. A nossa ideia foi criar personagens que não são os próprios ícones mas que incorporam e vestem traços e características desses ícones”.
É partindo desse pressuposto que nascem uma série de personagens que, esteticamente são muito parecidos, mas cada um deles veste roupa e adereços diferentes.
“Começámos com 3 símbolos que consideramos serem transversais a nível nacional, mas a ideia é que a família cresça e que cada região, cada cidade, ou ponto de interesse, possa de futuro ter o seu personagem.
Começámos pelo Zé Povinho que deu origem ao José, a Ana que é uma rapariga de Viana do Castelo que tem muito orgulho nas suas origens e no seu traje à vianense e o Salvador que é um fã do Galo de Barcelos e da lenda que diz que o peregrino se salvou graças ao galo”.
Segundo explica Gisela Cunha, “a ideia não era apenas criar um boneco engraçado, queríamos ir mais longe e que ele contasse uma história”.
Os produtos criados, que vão desde os postais, aos ambientadores, aos porta-chaves, passando por uma pen drive e as mascotes, começaram a ser comercializados em 2013, no decorrer da Bienal de Cerveira.
“O Fórum tem uma loja e foi-nos proposto que pudéssemos vender lá as nossas primeiras peças. Estando nós em Vila Nova de Cerveira pensamos que seria de toda a justiça, termos também algum personagem que se identificassem com a vila das artes”.
É neste contexto que nascem os “gémeos” aspirantes a artistas que envergam uma bata branca suja com tinta. “Para além da bata de artistas e porque têm imenso orgulho no cervo, estes dois personagens envergam ainda um carapuço com as hastes do cervo”.
Incorporar estes personagens em peças úteis e funcionais foi desde logo o objetivo desta dupla e é partindo deste pressuposto que nasce a Pen USB com o formato da Ana, o primeiro produto a ser lançado pela Arterístico.
“A ideia é que a boneca Ana, enquanto souvenir, sirva para que, quem visitou Viana, nela possa guardar as recordações da sua visita, nomeadamente fotografias, vídeos e toda a informação recolhida. No fundo funciona como um álbum digital”.
O José numa rua típica do Porto, a Ana junto ao templo de Santa Luzia, o Salvador na margem do rio Cávado com um olhar sobre a cidade de Barcelos e os gémeos junto ao Fórum Cultural de Cerveira, fazem parte da coleção de postais editados.
O produto mais recente é um ambientador para o carro ou para os armários com a figura do José. Um cheirinho marítimo do mar português é a sugestão deste personagem.
A criação dos personagens nasceu já com o projeto a funcionar na incubadora. “Nós tínhamos a ideia de querer fazer peças originais, mas o desenho ainda não existia, foi crescendo e sendo desenvolvido durante o período de incubação.
Criar novos personagens e espalhá-los pelo resto do país “dando vida a tradições, saberes e costumes típicos e tradicionais, marcando presença no futuro sem esquecer o passado”, é objetivo Arterístico, uma jovem empresa que começa a dar os primeiros passos no mercado.
As peças produzidas pela Arterístico estão à venda na Fundação da Bienal de Cerveira e, graças a uma parceria com a Direção Regional de Cultura do Norte, também estão a ser comercializadas nos principais museus do país. Espalhar o produto é o objetivo imediato.
“Queremos alargar o quanto antes a lojas situadas nas principais zonas turísticas aqui no norte e de futuro tentar chegar a aeroportos e hotéis. É nisso que vamos começar já a trabalhar”.
O projeto tem sido muito bem recebido, as vendas têm corrido bem e os indicadores apontam para um crescimento. Brevemente vai ser possível adquirir os produtos online em www.arterístico.com.
