A reunião de dia 5 de Abril da Câmara Municipal de Caminha realizada nesta quarta-feira, sendo a primeira do mês e aberta ao público, realizou-se na Cave da Antiga Prisão, em contraponto com a exposição de ícones religiosos patente no 1º andar. Um prenúncio da pobreza Franciscana do seu conteúdo.
Não surpreende que o “público”, cidadãos se tenham limitado a 2 ou 3, como não admira que nos lembremos da peça publicada neste jornal há exatamente 11 meses: O Ferry encalhado, a Ínsua abandonada, o adeus a um Ministro e as finanças públicas -de Caminha- e do país – Jornal C – O Caminhense.
O Ferry continua encalhado, o novo mercado continua encravado, verdadeiro bunker à espera dos espelhos, as peixeiras continuam encerradas nos contentores, na Ínsua a única diferença é a porta trancada e o Presidente da Câmara e os seus 3 vereadores, vivem felizes nas redes sociais em eventos próximos dos seus eleitores.
Da agenda da reunião, de 23 ou 24 pontos, a maioria foram aprovados sem discussão, por unanimidade e em bloco, o que diz muito da sua importância.
Os Pontos que eram verdadeiramente relevantes, a Discussão e Aprovação do Relatório e Contas e do Saldo de Gerência 2022, foram retirados pelo Presidente, entre dentes em cima da abertura da reunião, e sem nenhuma explicação.
Quais as razões para um dos mais importantes documentos e trabalhos anuais do Municipio, depois de concluído, supostamente enviado às autoridades relevantes, supostamente partilhado com os vereadores da oposição e agendado para discussão, aprovação e remissão à Assembleia Municipal, é retirado da Ordem de Trabalhos?
Podemos perscrutar estas razões em termos de datas: ao ser retirado desta reunião, o R&C e o Saldo de Gerencia, ficam para a próxima reunião, a 19 de Abril, por acaso sem público. A Assembleia Municipal para discussão e aprovação dos mesmos dificilmente poderá ser antes do fim do mês.
A 11 de Abril há uma Assembleia Municipal Extraordinária, que inclui em vários pontos questões críticas relacionadas com as Contas em Apresentação. A 14 de Abril inicia-se o julgamento de um processo no qual o anterior presidente da Câmara é arguido.
Podemos também pensar que os ditos documentos contém Erros, Deficiências ou Gralhas entretanto detetados pelo próprio executivo municipal, por funcionários ou pelas entidades às quais foram remetidos.
Perante a Opacidade e falta de cultura democrática demonstrada pelo Presidente da Câmara ao não explicar porque retirou esses pontos da agenda, todas as especulações são permitidas, sendo certo que pelo menos evitou o senhor Presidente que este escrevinhador, presente na reunião, lhe pudesse colocar, depois de ouvir a sua explicação, qualquer questão ou dúvida sobre as Contas que assinou e que ainda não são públicas.
Não faltará tempo e momento para o senhor Presidente Rui Lages, ter que explicar outros pontos que ontem não quis ou não soube explicar, refugiando-se nas técnicas aprendidas nas reuniões da jota: Vitimizar e defender os funcionários, prometer responder por escrito, fugir ao essencial, discutindo o lateral.
As obras na casa social da Câmara em Âncora, as obras do pontão/passadiço de entre Pontes, como o programa 1º Direito no qual a Câmara já despendeu centenas de milhares de Euros e o mais que terá que gastar, sem sair do papel, são a prova que nem com uma Seixense na pasta da Habitação, esta Câmara faz algo bem feito de A a Z.
Os milhões de Euros que a Câmara de Caminha gasta anualmente por Ajustes Diretos e por Consultas Prévias limitadas, seja em obras como em prestações de serviços de estudos, consultorias, campanhas, análises ou elaboração de calendarizações, não vão cair em saco roto.
Pedro negou 3 Vezes e Judas traiu por 30 dinheiros, a maioria das imagens expostas no museu são de Nossa Senhora das Dores, tudo tem o seu tempo, será este de Ressurreição?
Camposancos, 6 de Abril de 2023