“…Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino,
sino estelas en la mar…”
António Machado Ruiz, Cantares
Um Caminho para Caminha
4. Educação
d. Reorientar Cursos Profissionais
A Câmara Municipal e a Autarquia no seu todo, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia, tem como responsabilidade não só gerir os serviços públicos no dia a dia, mas sobretudo definir e orientar uma visão e uma estratégia para o Concelho.
Que educação e formação se quer proporcionar às crianças e jovens residentes no Concelho é mais uma área que o Município tem de estudar para poder ter respostas e propostas adequadas.
Os cursos profissionais, tão relevantes hoje como o eram há 50 anos quando as diatribes revolucionárias os condenaram às masmorras da luta de classes, são uma vertente essencial do ensino obrigatório e – ao contrário das áreas curriculares do ensino regular bastante rígidas- podem e devem ser escolhidos e orientados em função da visão e da estratégia que o Concelho quer para o futuro, para gerar emprego, para reter população, para ser um Concelho para Viver e não apenas para visitar.
Cursos de restauração ou desporto, instalação e gestão de redes, são mais do mesmo e formam os jovens para os empregos de 4 meses de verão e o resto do ano?
Mais parecem cursos para proporcionar mão de obra grátis a determinadas atividades, em lugar de proporcionar bases para um futuro profissional motivador aos jovens.
Já que Caminha fez eutanásia há anos de qualquer estratégia empresarial ou industrial para o Concelho, será que pelo menos não pode o Município fazer algum trabalho junto das indústrias de Cerveira, Coura e Viana para perceber que profissões podem ter mais procura?
Já que Caminha não tem atividade económica própria nem dinâmica para atração de empresas, não fará sentido oferecer aos jovens caminhenses a possibilidade de se formarem profissionalmente em profissões de trabalho remoto?
Ou andamos a promover Portugal e Caminha como destino de Nómadas Digitais para beneficiarem do sol e não pagarem impostos, e não queremos criar os nossos próprios residentes digitais remotos?
A opção para Caminha, como para Portugal é simples:
-Queremos formar os nossos jovens para servirem com baixos salários, estrangeiros e citadinos bem formados e bem remunerados?
-Ou queremos formar os nossos jovens para serem eles bem remunerados no futuro, com opções de vida e profissionais abertas?
Se continuamos pelo mesmo caminho, haverá sempre um Imigrante dum qualquer país mais pobre que Portugal que virá fazer o trabalho serviçal mais barato e sem reivindicações.
A escolha é fácil, o dilema dos políticos que governam de forma endogâmica Portugal e Caminha há décadas, é que gente bem formada e preparada, bem remunerada e com opções profissionais abertas; pensa, avalia e sabe escolher.
E não escolhe certamente continuar “com a cabeça entre as orelhas”.
Carlos Novais de Araújo
23 de Fevereiro de 2025