A Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em coordenação com a Câmara de Caminha, estiveram em Vila Praia de Âncora para reunir com pescadores na sede da Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos daquela localidade.
Em cima da mesa esteve a dragagem efetuada ao Porto de Mar que permitiu extrair cerca de cem mil metros cúbicos do seu interior que foram depositados no cordão da Duna dos Caldeirões mas, sobretudo, debater os pressupostos e soluções do estudo de reconfiguração do Portinho de Vila Praia de Âncora há muito desejado pelos pescadores locais.
Em comunicado, a autarquia diz estar a “cumprir com a palavra e, sobretudo, a cumprir com aquilo que considera ser o seu dever. “Desde que cheguei à Câmara de Caminha, sempre ouvi os pescadores profissionais e desportivos de Vila Praia de Âncora dizerem que o desenho do Portinho estava errado, que estavam pior com o novo Porto de Mar do que estava antes de ele ser construído e que nunca tinham sido ouvidos por parte das instituições. Agora o estudo está a avançar como tinha sido prometido, e os pescadores estão a ser ouvidos e vão contribuir para a solução”, sublinhou o autarca caminhense.
A liderar a equipa que vai elaborar o estudo, está o Professor Trigo Teixeira, do Instituto Superior Técnico, dando garantia de competência e de isenção.
Primeiro compromisso de um estudo foi lançado por Liliana silva
Em 2019, a deputada do PSD eleita pelo Alto Minho, Liliana Silva alertava a então Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, acerca do estado “de calamidade” do Portinho de Vila Praia de Âncora. Na carta que enviou à ministra, Liliana Silva diz ter alertado para a “necessidade de intervenções urgentes que dignifiquem o trabalho dos homens do mar, dando-lhes a segurança necessária para a faina”.
Mais tarde, em 2020, Liliana Silva acusava o governo de faltar à promessa.
Caminha: Vereadora Liliana Silva acusa o Governo de faltar à promessa
Em 2021, a questão do Portinho de Vila Praia de Âncora e da necessidade de se realizar um estudo com vista a uma nova configuração do mesmo, foi também um dos temas debatidos na campanha eleitoral das autárquicas.
Na cerimónia de apresentação dos candidatos à Câmara de Caminha, que teve lugar a 21 de março de 2021, a candidatura liderada por Liliana Silva, assumia, entre outros, este compromisso com os eleitores de Caminha.
Na altura a candidata prometeu a realização de um estudo a ser desenvolvido pelo LNEC aproveitando o quadro comunitário 2020-2030 que, segundo sublinhou “prevê uma forte aposta no Mar. O que nós queremos é ter tudo preparado, toda a documentação pronta para que quando chegue esse quadro comunitário possamos apresentar o estudo já pronto”, explicou a candidata.
Liliana Silva chegou mesmo a assumir que caso o Governo não quisesse assumir o custo do estudo, seria a própria Câmara a fazê-lo.
“Não temos que andar sempre com o chapéu na mão a pedir, se tiver que ser a Câmara a pagar o estudo iremos fazê-lo, custa 250 mil euros. É muito dinheiro? Sim, é, mas os 300 postos de trabalho que esta indústria representa justificam que se gaste este dinheiro”, referiu na altura Liliana Silva.
Dois meses depois foi a vez do Ministro prometer
Mas depois do compromisso da candidata social democrata, outras promessas se seguiram.
A 22 de maio de 2021, numa visita que efetuou ao Portinho de Vila Praia de Âncora, o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, deixava também a promessa da realização de um estudo para a reconfiguração do Portinho “de forma a perceber o que é que pode ser feito de forma estrutural para tornar o Portinho de Vila Praia de Âncora mais seguro”.
Na altura, o governante recebeu das mãos do representante dos pescadores, Carlos Sampaio, um dossier reivindicativo dando conta dos muitos problemas existentes naquele Porto de Mar. Uma das principais reivindicações dos pescadores era precisamente a realização de um estudo que tornasse o Portinho de Vila Praia de Âncora “um porto operacional” e seguro.
Um portinho mais seguro sem necessidade de dragagens constantes
O objetivo do trabalho dos especialistas que já trabalham no estudo, é propor uma nova configuração para o porto de Vila Praia Âncora de forma a minimizar as condições de assoreamento, reduzir substancialmente as necessidades de dragagem de manutenção, e, sobretudo, melhorar as condições de segurança para as embarcações no acesso ao porto.
Do estudo deverá resultar o desenho de um novo layout do porto, já com as correções necessárias, com vista a proceder-se à respetiva avaliação de impacto ambiental e depois à concretização das intervenções conjuntas DGRM/APA nos molhes de proteção.