A pacata vila de Paredes de Coura, no Alto Minho, está a viver até domingo no mundo da investigação científica, da eletrónica e automação, com as competições do Festival Nacional de Robótica.
No pavilhão municipal de Paredes de Coura, concelho do distrito de Viana do Castelo conhecido sobretudo pelo festival de música, vive-se a azáfama da montagem dos projetos de robótica, para que no sábado, dia forte do festival, tudo esteja em pleno funcionamento.
Tal como a agência Lusa constatou hoje junto de alguns dos 300 participantes, nacionais e internacionais, nas oito competições júnior e outras tantas seniores, a ansiedade vai aumentado à medida que se aproximam as provas.
Afonso Santos, da escola secundária de Barcelinhos, apresenta uma típica Banda Plástica de Barcelos, no distrito de Braga, robotizada.
A Rolbande começou a ser desenvolvida pelo jovem há seis meses, no âmbito da Projeto de Aptidão Profissional (PAP).
Acompanhado por dois colegas e pela professora, Afonso ultima a montagem dos robôs, seguindo-se a programação e, finalmente, no sábado, a competição com outros projetos de escolas nacionais.
No futuro pretende “investir mais na programação de ‘software’”, mas a robótica não está descartada.
A prova sénior, designada ‘Dragster’, que tem como objetivo “promover a robótica e a educação na área da engenharia é a que atrai mais público.
A equipa de Rogério Rodrigues, estudante de engenharia eletrotécnica e de computadores no Instituto Politécnico de Tomar, testa os dois robôs que vão participar numa espécie de corrida automóvel, sendo que o desafio é acelerarem o máximo possível e travarem rapidamente, no final da pista de dez metros.
Para o estudante universitário, o Festival Nacional e Robótica “dá a oportunidade de trabalhar fora das aulas, fora do ensino teórico e específico do curso, colocando em prática o conhecimento adquirido”.
O jovem de 24 anos destacou ainda “o contacto com alunos de outras universidades para confrontar realidades e partilhar experiências”.
Tiago Ribeiro, estudante da Universidade do Minho (UMinho), Braga, explicou que a instituição está representada no RoboCup Home, competição de robótica mundial, em que os robôs são concebidos para desenvolverem tarefas domésticas.
No pavilhão de Paredes de Coura, no cenário de uma casa montado para a prova, o protótipo desenvolvido há quatro anos pela UMinho vai “receber pessoas à porta, conduzi-las até uma divisão da casa, arrumar compras, preparar uma refeição, entre outras”.
“A ideia é criar uma solução 100% autónoma, e a maneira como o robô comunica é igual à dos humanos. Ele ouve e fala. O projeto ainda está numa fase inicial e este festival é uma preparação para o campeonato do mundo, em julho na Holanda”, disse.
Tiago Ribeiro referiu que “a parte competitiva é a que menos interessa aos cientistas que participam no festival”.
“Queremos testar o nosso trabalho e ver as soluções dos nossos colegas. Muitas vezes trocamos estratégias. Acima de tudo somos cientistas e queremos que a tecnologia evolua”, disse o jovem de 28 anos, natural de Guimarães.
A equipa espanhola de Francisco Rico, da Universidade Rei Juan Carlos, em Madrid, também apresenta em Paredes de Coura um robô capaz de desempenhar tarefas domésticas, ao abrigo de um projeto financiado pela União Europeia.
“A participação no festival vai permitir testar as capacidades cognitivas no sentido de avaliar se o robô pode ajudar nas tarefas domésticas”, especificou, adiantando que o projeto, com a duração de quatro anos, recebeu um apoio comunitário de quatro milhões de euros.
O cientista espanhol acredita que dentro de uma década os robôs humanoides poderão ser uma realidade em muitas casas, não apenas para executar tarefas domésticas mas também, sobretudo, para acompanhamento de idosos.
O festival, a decorrer desde quinta-feira e até domingo, é organizado pela Sociedade Portuguesa de Robótica (SPR), pela EPRAMI – Escola Profissional do Alto Minho Interior, com o apoio da Câmara de Paredes de Coura.
Lusa