Costa já fez saber que quer um Governo mais curto o que significa, em princípio, reduzir o número de ministros (atualmente 19) e de secretários de Estado (atualmente 50). A ser assim, isso implicará várias saídas: Francisca Van Dunem, ministra da Justiça (e da Administração Interna após a demissão de Eduardo Cabrita), foi a única a assumir publicamente que pediu para sair.
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, também tinha sinalizado que queria sair no final da legislatura anterior, o que em circunstâncias normais teria sido em 2023. Porém, a legislatura foi interrompida com o chumbo do Orçamento para 2022 e, entretanto, a Rússia invadiu a Ucrânia, dando protagonismo a Santos Silva e levantando-se vozes socialistas para o manter, como avançou o Jornal Público.
Nas pastas económicas, a saída de João Leão é dada como certa, devendo ser substituído por Fernando Medina no Ministério das Finanças.
Medina perdeu as autárquicas em Lisboa para Carlos Moedas e ficou livre para integrar o Governo, tendo vindo a fazer a defesa da política económica do PS. a
No Ministério da Economia, a incerteza parece ser maior. Após quase quatro anos nesta pasta, Pedro Siza Vieira (que chegou a ser apontado para o MNE), deverá sair e António Costa e Silva, o autor da visão estratégica para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ficará com essa pasta, deixando assim de liderar a comissão de acompanhamento do PRR. Com um super-ministério de fundos europeus deverá ficar Ana Abrunhosa (que mostrou vontade de continuar), ministra da Coesão, conjugando o seu ministério com o atual de Nelson de Souza (ministro do Planeamento), o qual deverá sair.
Certa é a continuação de Pedro Nuno Santos no Ministério das Infraestruturas e Habitação, assim como a de Mariana Vieira da Silva na Presidência do Conselho de Ministros, podendo tornar-se oficialmente a número dois de António Costa. Com a saída de João Pedro Matos Fernandes do Ministério do Ambiente, Duarte Cordeiro, atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, sobe a ministro do Ambiente, podendo incluir o Mar e a Agricultura, mas perder a política energética para o Ministério da Economia.
Do Parlamento deverá saltar Ana Catarina Mendes, a atual líder parlamentar do PS — lugar que ficará vago e sem sucessor óbvio –, para ministra-Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, fazendo a ponte entre o Governo e o grupo parlamentar numa legislatura com maioria absoluta. Caso o seu irmão, António Mendonça Mendes, continue como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, teremos dois familiares no mesmo governo, uma opção muito criticada aquando da polémica do “familygate”.
Nas outras pastas ainda há várias dúvidas. Não se sabe quem irá para o Ministério da Defesa — o nome de Ana Catarina Mendes chegou a ser falado — nem para o Ministério da Justiça, para o qual foi referido o nome de Alexandra Leitão, a atual ministra da Administração Pública, ou para o Ministério da Administração Interna, um dos mais difíceis. Também não é certa a continuação de Ana Mendes Godinho à frente do Ministério da Segurança Social, nem a ida de Tiago Brandão Rodrigues, atual ministro da Educação, para ministro do Ensino Superior — o nome de Sampaio da Nóvoa, ex-candidato a Presidente da República, circulou.
Outra das dúvidas que paira no ar é que independentes conseguirá Costa atrair para o Governo agora que tem a maioria absoluta e não está na dependência da geringonça. Não só poderá ser mais fácil atrair quadros do setor privado, como poderá dar um sinal de abertura de um Governo maioritário: “Uma maioria absoluta não é um poder absoluto“, disse o líder do PS no discurso de vitória. António Costa e Silva pode ser considerado um independente, mas a sua colaboração com o Executivo PS já começou em 2020.
Fonte: Sapo