Cada português joga, em média, 4,1 euros por dia em Raspadinhas. O estudo é do CES e conclui que há mais de 100 MIL portugueses viciados neste jogo de Azar. Apresenta o CES um outro dado igualmente preocupante: quem mais joga é quem menos tem de salário ou pensão.
O mais estranho é que este jogo é vendido e promovido pela Santa Casa da Misericórdia, protegida do Estado e cujos presidentes são nomeados pelo Governo de turno. Há uns anos até inventaram uma raspadinha para pagar restauros do património.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, monopolista deste tipo de jogos, tem com a raspadinha uma nova regra que nem ao Robin dos Bosques lembraria, em lugar de tirar aos ricos para dar aos pobres, tira a uns pobres para dar…a outros pobres.
Os jogos de Casino e outros, esses sim frequentados por ricos ou remediados, são explorados por privados, estrangeiros nalguns casos, que depois pagam impostos especiais sobre o jogo, mas não sem antes diluírem os seus lucros por fundações, associações e mecenatos.
Cabendo ao Estado e ao Governo de turno regular e nomear os gestores da Santa Casa, os mais de 1.400 milhões anuais de receitas da raspadinha, são mais um imposto que os portugueses pagam; aparentemente de livre vontade, até se deixarem alienar e que, em lugar de aumentar consoante mais se ganha, aumenta quanto mais ignorante e frágil se é. Isto sim é criatividade fiscal.
A que estado trouxeram este Estado, que substituiu a Misericórdia, a Compaixão e a Solidariedade pelo vício do jogo, que mistura religião e política, ajoelhando-se perante o Papa ao mesmo tempo que fecha os olhos às trapalhadas legais e financeiras da IURD?
A que estado o Povo deixou chegar este Estado que tem um Presidente da República que não se respeita nem se faz respeitar e um Primeiro-Ministro que disse tudo há 7 anos e diz agora o seu contrário, com a mesma cara e desplante?
A que estado fizeram chegar este Povo, de novo adormecido pelo Fado, Futebol e Fátima acrescendo agora, para que durma melhor, as Telenovelas, as Raspadinhas, os Pimbas e o maior consumo da Europa de Antidepressivos?
Dizia o Fernando Pessoa da Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Habituem-se, disse o PM. Veja lá não se constipe, disse o PR. Oh Misericórdia!
Cortes de Leiria,
20 de Setembro de 2023