Na reunião da passada segunda feira, 8 de maio, em Lisboa com a Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, na qual participou o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, foi decidida a criação de uma linha aberta e permanente para auscultar os pescadores, conforme foi anunciado pelo município em nota de imprensa.
Muito pouco se conhece acerca da reunião e seus participantes. À mesa sentaram-se vários presidentes de câmara do país – das zonas onde o governo prevê instalar este parque eólico – instituições e associações, conforme explicou Augusto Porto, presidente da Associação de Profissionais de Pesca do Rio Minho e do Mar.
Nenhuma das associações que representam os pescadores de Caminha marcou presença no encontro. Segundo Vasco Presa, presidente da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, do distrito, apenas a Associação Ribeirinha de Viana esteve presente na reunião. Augusto Porto foi o único representante dos pescadores do concelho de Caminha que foi convidado, “à última hora”, motivo que o impediu de marcar presença.
David Sanches, da Associação de Pescadores da Ribeira Minho, com vários associados em Seixas e Lanhelas, lamenta não ter sido convidado para o encontro em Lisboa, atitude que considera “um lapso” do presidente da autarquia caminhense. Diz mesmo que “a casamentos e batizados só vão os convidados”.
Ainda não é conhecida a posição oficial da Câmara de Caminha acerca da instalação do parque eólico, e dela também não têm conhecimento os representantes da classe piscatória. Não se conhece também qualquer medida tomada que impeça o avanço deste projeto, pelo menos até que sejam ouvidos os pescadores e a comunidade em geral.
O município, em nota de imprensa enviada ontem à comunicação social, informou que foi garantida a criação de uma “linha de diálogo aberta e permanente” com o governo. Os pescadores aguardam informações acerca do seu funcionamento.
As associações de pescadores locais estiveram hoje mais uma vez reunidas para preparar um caderno reivindicativo para apresentar em Lisboa no próximo dia 17 de Maio, quando serão ouvidos pela primeira vez na Assembleia da República com a Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.
Augusto Porto deu conta de mais um dia de intenso trabalho na investigação necessária para aferir do impacto que poderá ter esta instalação na costa atlântica entre Viana e Caminha.
Pescadores e comunidade em geral unem-se na defesa do “mar que é de todos”.
Antes de falar com os presidentes das associações de pescadores, o Jornal C contactou o presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, acerca destas questões, às quais ainda não obtivemos resposta.