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Cooperativa de Construção Lanhelense aposta em novas áreas para vencer a crise

Começou a trabalhar aos 11 anos como aprendiz de construção e actualmente, com 70, ainda se encontra no activo.

Francisco Rodrigo Guerreiro da Silva, natural de Lanhelas, é um dos fundadores da Cooperativa de Construção Lanhelense, empresa formada em 1987 e constituída por 7 irmãos. Regressado do ultramar em 1966, onde esteve a cumprir serviço militar, Francisco Silva começou a trabalhar por conta própria executando várias construções, entre elas as obras de adaptação do Internato do Arcebispo Silva Torres, para Escola Preparatória. Em 1973, mais precisamente em Abril, é-lhe concedido alvará como industrial da Construção Civil. Na posse do referido alvará executa inúmeras obras particulares; trabalhos para os Correios e Telecomunicações de Portugal; para a direção das construções escolares, Câmara de Caminha e reparação da repartição de finanças. Em 1987 Francisco Silva decide integrar os 6 irmãos, que já trabalhavam com ele, na empresa e assim nasce a Cooperativa de Construção Lanhelense, com sede em Lanhelas e que atualmente emprega 15 pessoas. Esta empresa familiar nasceu de uma empresa já existente como explica Francisco Guerreiro da Silva.

“A cooperativa nasceu a partir de uma empresa que já existia anteriormente e da qual eu era responsável. Foi constituída em finais de 1987 e começou a laborar em 1979. Antes disso eu trabalhava por minha conta, era o responsável pela empresa e os meus irmãos trabalhavam comigo. Na prática eles eram meus sócios mas a verdade é que o nome deles não constava em lado nenhum. Foi então que decidi, até por causa das finanças uma vez que na altura íamos arrancar com uma obra grande, avançar com a constituição da cooperativa. Eram necessários no mínimo 10 cooperantes e como nós éramos 7 irmãos, juntámo-nos às esposas e formamos uma cooperativa com 14 cooperantes”, explica.

E assim nasce a cooperativa, empresa que se mantém até aos dias de hoje no mesmo formato. A fábrica de calçado Atleta, situada na freguesia de Vilarelho; blocos de apartamentos em Moledo; inúmeras moradias particulares, diversas intervenções no parque escolar concelhio e distrital, são apenas alguns dos exemplos das muitas obras que compõem o portefólio da Cooperativa de Construção Lanhelense, há 26 anos no mercado.

“Sempre tivemos muito trabalho e a verdade é que até hoje, apesar da crise no sector, felizmente ainda não paramos e conseguimos manter-nos no mercado”.

A propósito da crise Francisco Silva lembra que há dois anos as coisas eram bem diferentes. Hoje, a grande luta dos construtores civis é a sobrevivência e conseguirem permanecer no mercado. Com Portugal a registar a 2º maior queda de produção na construção na União Européia em Janeiro, relativamente ao ano anterior, Francisco Silva diz que não está fácil.

“Nós, até há 2 ou 3 anos a esta parte, tínhamos em carteira obras para 2 ou 3 anos e a verdade é que hoje as não são assim, tudo se alterou. Dávamo-nos ao luxo de dizer ao cliente que só a partir de tal data é que podíamos iniciar determinada obra. Hoje em dia há cada vez menos obras e o que está a acontecer é que estamos a aceitar todas as migalhas que aparecem. Estamos a atravessar uma crise que é mais do que grave”, considerou.

Apesar das dificuldades que se vivem atualmente no país, Francisco Silva não equaciona a possibilidade de ir para outros mercados, diz que já não tem idade para isso.

“Neste momento eu já devia ter arrumado as botas e estar confortavelmente a ver os outros trabalhar. Atualmente mantenho-me na empresa porque sei que faço falta, senão não estava”, garante.

Na Cooperativa de Construção Lanhelense já trabalha uma nova geração. Alguns dos filhos dos sócios fundadores decidiram enveredar pela carreira dos pais, outros, seguiram outros rumos.

“Os meus filhos e mais dois de um irmão meu, estão a trabalhar na empresa, os outros não quiseram, seguiram outros caminhos”, explica.

Com o mercado nacional completamente saturado em termos de construção, Francisco Silva defende como única saída viável para salvar o setor da construção, é a recuperação do património.

“Há estudos que indicam que, tendo em conta o número de empresas que ainda se mantêm no mercado, se Portugal investisse mais na recuperação do património, nós teríamos trabalho garantido para os próximos 15 anos. Se reparar, nas grandes cidades como Lisboa, Porto, Coimbra e outras, é evidente essa necessidade, está tudo podre”.

O presidente da Cooperativa de Construção Lanhelense não tem dúvidas: “Parando a construção pára tudo. Para o comércio e parando o comércio param as fábricas e a economia estagna”.

Com a Espanha a atravessar momentos igualmente difíceis, Francisco Silva lamenta a perda de mais este importante mercado.

“Neste momento não nos podemos virar para o exterior porque a Espanha, por exemplo, está pior do que nós. Tenho fornecedores que tinham 4 e 5 lojas espalhadas pela Galiza e que neste momento reduziram para metade. Conheço um que tinha 50 funcionários, já despediu 17 e soube este semana que vão despedir mais 8”.

O desemprego é outro dos flagelos que está a afetar também o setor, uma realidade que ainda não chegou à cooperativa que tem conseguido manter os seus 15 funcionários.

“Não há trabalho, logo há desemprego. Para já ainda não tive que despedir ninguém porque também alargamos a nossa oferta de serviços e especialidades”.

Para o presidente da cooperativa Lanhelese quem se conseguir aguentar no mercado durante mais um ano poderá sobreviver.

“Eu acho que quem se conseguir aguentar mais um ano ou ano e meio vai sobreviver. Não acredito que isto não vá continuar eternamente assim, as obras tem que ser feitas. Não podemos ser pessimistas e achar que está sempre tudo mal, temos que acreditar num futuro melhor”, remata Francisco Silva.

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