Vivemos numa época de difícil entendimento, mas com três certezas que recentemente vieram a público através das entidades analistas competentes.
O concelho de Caminha tem perdido poder de compra, nos últimos anos
O Concelho de Caminha tem perdido população
O concelho de Caminha tem cada vez mais pessoas dependentes de apoios sociais
O concelho de Caminha está parado.
E quando digo que está parado é no sentido que o “pão” só se põe na mesa quando há poder de compra, quando há emprego, quando há indústrias, quando há estratégia económica concreta para o concelho.
Até ao dia de hoje temos visto o dinheiro do erário público a ser gasto em matérias que não trazem mais valia às populações.
Alguns eleitos, que sustentam a maioria que nos governa há 11 anos, repetem até à exaustão que o concelho está bem porque há festa, isto quase nos remete à época, em que o imperador romano utilizava distrações como comida e entretenimento para apaziguar a população.
Hoje em dia enchem as páginas das redes sociais com fantásticas festas, mas têm o município e munícipes em sofrimento.
Como está o concelho? Gostava de lançar o desafio à população do concelho. Coloquem os partidos de lado e olhem à vossa volta. Reflitam e cheguem às vossas próprias conclusões.
Eu já fiz a minha reflexão, enquanto cidadã do concelho de Caminha. À parte das festas, que obviamente todos gostam, é importante que o concelho não deixe mais um único munícipe a passar fome como tem acontecido, e que tenha uma política de maturidade, pragmatismo, responsabilidade e foco no crescimento económico e criação de emprego que tem estado arredado das políticas de quem nos governa há 11 anos.
Vejamos:
Temos as prioridades todas desvirtuadas. Por exemplo, Aqui atribuíram 287 mil euros às freguesias, que são 13, de despesas de capital, de forma a fazerem investimentos nas suas terras e depois num só festival gastam cerca de 500 mil euros, quando o poderiam fazer por metade do valor.
Isto é surreal. Monção, por exemplo, para que possam perceber estes números, transfere mais de 1 milhão e 800 mil euros às freguesias e aqui dão 287 mil euros e acham que os presidentes de junta não podem votar contra isto.
Estamos há 12 anos, governados por um executivo que se preocupa mais em gastar nas assessorias de imprensa que nada trazem a Caminha.
Gastaram mais de 50 mil euros, em cerca de um ano e meio, do nosso dinheiro com uma assessoria de comunicação para colocar um presidente nas televisões nacionais e o que é que o concelho de Caminha ganhou com isso? Trouxe mais empresas ou tornou as pessoas com mais resiliência financeira no seu dia a dia? Não.
Perdemos candidaturas a fundos comunitários como a recuperação das margens do rio Coura por inércia, incompetência.
Perdemos uma oportunidade única de fazer uma verdadeira remodelação da marginal de Caminha e não aquilo que lá está com graves problemas de segurança e um atentado à lei das acessibilidades.
Perdemos oportunidades de trazer grandes empresas para o concelho quando hipotecaram a área entre Argela e Vilar de Mouros.
Perdemos um ferry boat que está a apodrecer no cais de Caminha aos olhos e para vergonha de todos.
Perdemos credibilidade porque tivemos um ex presidente de câmara perito em anúncios, por exemplo de hospitais privados quando nem os próprios investidores sabiam de negócio algum.
Perdemos com a loucura de um centro de exposições transfronteiriço, que ainda está em tribunal, por quererem pagar mais de 25 mil euros por mês de uma renda para um edifício que nunca seria da câmara municipal. Ainda por cima, entregaram 350 mil euros, dinheiro que é de cada um de nós e que não sabemos se algum dia o vamos recuperar.
Perdemos uma oportunidade única de ter negociado uma ligação internacional entre Caminha e La Guardia com um estudo feito recentemente.
Perdemos com a requalificação do centro histórico de caminha que o descaracterizaram e agora é só pedras soltas e mecos a fazerem cair toda a gente.
Perdemos quando cortam no que é essencial e depois gastam no que é supérfluo.
Perdemos todos quando nos apresentam ordens de pagamento avultadas a restaurantes, uma delas com valor superior a 5 mil euros e temos munícipes a passar fome. Sim, a passar fome.
Perdemos porque não há uma estratégia definida de desenvolvimento do concelho.
Perdemos quando andaram a fazer politiquice com a construção de novas ecovias e ficamos com a vergonha de ainda não ter pago uma única à Polis Litoral Norte. Tudo por pagar.
Perdemos quando investiram num mercado novo e não se preocuparam com questões de poupança e ambientais. Um novo mercado sem um único painel fotovoltaico.
Perdemos quando venderam a nossa água a uma empresa privada que nos cobra um valor elevadíssimo por este bem essencial. Nem a desratização fazem e agora temos um problema grave de ratos no concelho.
Perdemos quando depois de um ano das intempéries ainda não conseguiram reparar as nossas estradas, nem fazer uma revisão orçamental para dar dignidade e acabar com os estragos.
Foi isto , o que o endeusamento de bons falantes mas fracos políticos trouxe a Caminha nos últimos 12 anos. Endeusamento esse feito nas televisões e jornais nacionais, pagos com ajustes diretos. Caso para se dizer que como o trabalho não fala por si, é preciso criar histórias e pagar para que alguém fale.
Da minha reflexão, estou certa de algo que me norteia, as pessoas têm que ser o centro da ação política.
O concelho de Caminha precisa de menos histórias e mais realidade.
Precisa de rumo, maturidade e verdade.
Liliana Silva