Liliana Silva, da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP), acusou na última reunião do executivo a direção do Agrupamento de Escolas de Caminha de abafar os casos de bullying (e outros).
A vereadora da oposição falava a propósito do balanço que deu o presidente da autarquia da reunião que aconteceu na passada segunda feira, com o município, o movimento de pais – que organizou as manifestações silenciosas em frente à escola -, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Caminha (CPCJ) e outras entidades.
Segundo Rui Lages, na referida reunião participou, para além da Câmara de Caminha e da CPCJ, a Associação de Pais (que, recorde-se, repudiou as manifestações), o Agrupamento de Escolas, o Presidente do Conselho Geral, a GNR e o Ministério Público.
Esta quarta-feira, na última reunião do executivo, o presidente da Câmara fez um balanço da reunião, sublinhando que os casos que se têm verificado são pontuais e que as escolas do Agrupamento continuam a ser lugares seguros para os alunos.
Da reunião foram “tomadas algumas iniciativas”, nomeadamente ações de sensibilização dirigidas aos alunos, professores e funcionários das escolas e também do município, sem adiantar qualquer resolução da escola ou outra entidade acerca da brutal agressão acontecida na passada semana na EB 2,3/S de Caminha.
Vereadora Liliana Silva acusa direção do Agrupamento de “abafar” casos e não dar resposta célere aos pais e alunos
Relativamente a este assunto, a vereadora Liliana Silva sublinhou que o bullying não é um problema de agora, tem anos e já há muito que se fala dele. A eleita sublinhou que não está em causa a qualidade da escola, dos funcionários nem do ensino no concelho de Caminha, mas sim as tentativas da direção da escola em “abafar” os casos e não dar as devidas respostas ao problemas dos alunos e dos pais.
Liliana Silva fez questão de partilhar uma “situação muito grave” que se passou na turma de uma das suas filhas na escola de Vila Praia de Âncora com um professor, referindo que os pais tiveram que bater o pé e exigir à direção da escola que desse o devido seguimento ao assunto, uma vez que a direção apenas queria resolver a questão internamente sem participação às entidades competentes.
Ao fim de mais de um ano à espera e com a filha a frequentar já a Universidade, Liliana Silva ainda aguarda por uma resposta por parte das entidades.
Em entrevista hoje ao Jornal C – O Caminhense, Liliana Silva explicou a importância de reportar estes problemas assim que eles acontecem e de envolver as entidades competentes e não abafar e tentar resolver os problemas apenas internamente. Tornou na reunião de câmara esta denúncia pública, incentivando os outros pais a não terem medo de falar e dar a cara quando estas situações acontecem. No caso concreto que denunciou no ano anterior, os alunos ficaram obrigados a conviver com o professor e o seu comportamento menos próprio até ao final do ano letivo, sem que tivesse havido qualquer resolução. Oiça aqui na íntegra:
Não é a primeira vez que situações destas são debatidas em reunião de câmara. Em março deste ano um pai dirigiu-se ao executivo não para falar de bullying entre alunos, mas sim por causa de uma agressão por parte de uma funcionária da escola EB de Caminha a uma criança, um caso que segundo aquele encarregado de educação resultou num processo.
Caso idêntico foi também relatado por um encarregado de educação à Rádio Renascença. Segundo noticia aquele órgão de comunicação, “a escola, aparentemente, nada fez há um ano, com uma criança, de apenas 5 anos, que era alvo de “bullying” dos colegas por ter um nome diferente do habitual, devido às suas origens. Como reação, a criança começou a ter mau comportamento escolar.
A mãe, que prefere o anonimato, garante que a criança “era colocada numa casa de banho ou numa sala, às escuras, de castigo”. E que um certo dia, questionou o filho sobre a origem de arranhões e nódoas negras que tinha no corpo.
“As auxiliares apertavam-no e deixaram-lhe vários arranhões, com marcas das unhas. Outra agarrou-o pelas costas, à força, e ele ficou cheio de hematomas”, relata esta mãe, que lamenta que não tenha havido ninguém na escola que tivesse falado com a criança para saber qual o motivo do seu mau comportamento.
“Antes de trabalhar numa escola há que estar preparado para lidar com todo o tipo de situações. O que o meu filho viveu traumatizou-o”, queixa-se esta mãe, que na altura, apresentou
Depois da criança ter revelado a origem desses hematomas, a mãe agiu.
“Quando fui falar com a diretora do agrupamento, ela disse-me que ia contactar a professora e a auxiliar, para marcar uma reunião comigo. Só que a reunião foi adiada, alegando que tanto eu como a auxiliar em causa estávamos chateadas”. Desde então, a reunião ainda não foi remarcada”, referiu a mãe do aluno em declarações à Renascença.