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Sábado, 6 Julho, 2024
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Caminha: Eurocidade Foz do Minho é a única sem ponte a unir as margens

Com o rio minho assoreado, o ferry parado e sem projeto para uma ponte em Caminha, Assembleia Municipal discutiu como se poderá concretizar uma eurocidade na sua plenitude, sem garantir a mobilidade dos cidadãos nos três municípios que a constituem.

A criação da Eurocidade Foz do Minho, que engloba os municípios de Caminha, A Guarda e O Rosal, corre o risco de se tornar “virtual”. A inexistência de uma ligação efetiva e direta entre as margens dificulta a mobilidade dos cidadãos, contrariando desta forma o princípio básico deste tipo de projetos transfronteiriços.

Como se vai ultrapassar esta barreira natural que é o Rio Minho, como resolver o problema da mobilidade dos cidadãos e se vai ou não esta eurocidade desbloquear a construção de uma ponte foram algumas das questões levantadas por Jorge Nande da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP) no decorrer da Assembleia Municipal do passado dia 28 de Junho, em que estava em análise a criação desta mesma eurocidade.

Confira aqui a proposta submetida à Assembleia Municipal pelo executivo:
Inf.Criação da Eurocidade Foz do Minho

Depois de ouvir “atentamente” o presidente da Câmara Rui Lages acerca dos objetivos para a criação da Eurocidade Foz do Minho, Jorge Nande perguntou ao chefe do executivo como estava a pensar concretizar a partilha de infraestruturas desportivas e culturais.

Nande 2
Jorge Nande (OCP)

O deputado recordou que para chegar ao outro lado e vice-versa os cidadãos terão sempre que ir por Cerveira-Tomiño, já que ao contrário de todas as eurocidades do vale do minho, Caminha não possui qualquer ligação, nem mesmo o ferry, parado desde 2021. Para Jorge Nande, a falta de mobilidade é o maior entrave desta nova eurocidade.

 

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Rui Lages, Presidente da Câmara Municipal de Caminha

Pasmado com a intervenção do deputado Jorge Nande, Rui Lages afirmou não ser preciso qualquer ligação para partilhar infraestruturas públicas. Exemplificando, referiu que quando precisava de se deslocar ao outro lado o fazia sem ser preciso a existência de uma ponte em Caminha. O mesmo acontecendo com os autarcas do outro lado.

 

Ricardo Cunha
Ricardo Cunha (OCP)

Ricardo Cunha, deputado da OCP, comparou a eurocidade Foz do Minho, dividida pelo rio, a Berlim, cidade igualmente divida por um muro até 1989. Para aquele deputado, não faz sentido um cidadão do lado espanhol ter que atravessar outra eurocidade para vir usufruir de um equipamento em Caminha, ou vice-versa.

 

Celestino Ribeiro
Celestino Ribeiro (CDU)

Para Celestino Ribeiro da CDU, a falta de mobilidade entre margens é um problema, no entanto também pode ser uma oportunidade, na medida em que unidos, os municípios poderão reivindicar aos governos a tão necessária ligação efetiva. Celestino Ribeiro espera que seja esse o caminho a seguir.

 

Em consonância com o deputado Celestino Ribeiro, Jorge Nande considerou ser importante a criação desta eurocidade. No entanto, sublinhou que mais importante que a sua criação é a sua concretização, o que sem uma ligação direta, e ao contrário do que afirmou o presidente da Câmara, se torna difícil ou quase impossível. Assim sendo, esta eurocidade corre o risco, na opinião do deputado, de se tornar virtual nos próximos anos.

 

Para Jorge Nande, não basta anunciar com parangonas a criação de uma eurocidade. Mais importante do que isso é saber como ultrapassar a barreira natural existente entre os municípios envolvidos. O deputado lembrou que o facto da mobilidade ser limitada poderá inclusive limitar o acesso a fundos comunitários.

 

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Adolfo Marrocos, Presidente da Junta de Freguesia de Lanhelas

Contrariando as palavras do deputado Jorge Nande relativamente à inexistência de cais de atraque no lado português, o presidente da Junta de Freguesia de Lanhelas, Adolfo Marrocos, lembrou que eles existem, tanto na sua freguesia como na vizinha Seixas.

 

Para Jorge Nande, os exemplos dados pelo presidente da junta de Lanhelas são minudências quando comparados à dimensão de uma eurocidade.

 

Abilio Cerqueira
Abílio Cerqueira (BE)

Para o Bloco de Esquerda, faz todo o sentido a criação desta eurocidade como forma de aprofundar as relações desde sempre existentes entre os dois povos. Abílio Cerqueira chamou no entanto a atenção para a importância da preservação da Foz do Minho.

 

Miguel Gonçalves
Miguel Gonçalves, Presidente da Junta da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho

Para Miguel Gonçalves, presidente da junta da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho, a mobilidade direta é uma questão lateral, uma vez que “mobilidade existe, sempre existiu e está assegurada”, sem especificar como se fazem na foz do rio minho em alternativa à ponte de Vila Nova de Cerveira. Para o autarca, a criação desta eurocidade será uma demonstração aos governos português e espanhol e à União europeia de uma vontade maior de cooperação.

 

Posta a votação, a proposta para a criação da eurocidade Foz do Minho foi aprovada por maioria com 23 votos a favor e 12 abstenções.

Ricardo Cunha, da OCP, justificou a abstenção da sua bancada através de uma declaração de voto.

 

Excertos da última assembleia municipal de Caminha, realizada no passado dia 28 de Junho

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