Caminha prepara-se para receber na quarta-feira uma reunião da Comissão de Monitorização do Congresso do Poder Local e Regional do Conselho da Europa. O Conselho da Europa, actualmente com 47 estados membros e 6 estados com estatuto de observador, é uma organização internacional pioneira em matéria de cooperação jurídica, desempenhando um importante papel na modernização e harmonização das legislações nacionais, no respeito pela democracia, pelos direitos do homem e pelo Estado de direito. Portugal é membro do Conselho da Europa desde 1976.
A presidente da Câmara de Caminha foi nomeada para aquele órgão, mais precisamente para a Comissão de Monitorização do Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa, pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses para o triénio 2010-2013. É essa a razão pela qual Caminha recebe agora uma reunião daquele órgão. A autarca local, Júlia Paula Costa, diz que é uma honra para o município.
Para além da reunião, no dia 13, o programa inclui uma visita à região. Mais de uma centena de membros de diversos países vão ser recebidos ao final da tarde de amanhã nos Paços do Concelho de Caminha.
O dia de quarta-feira é passado em reunião e na quinta-feira vão visitar uma adega de vinho alvarinho, em Melgaço, vão almoçar em Ponte de Lima e ainda visitar Viana do Castelo, onde acabam por jantar. Para a autarca caminhense, é uma oportunidade de promover a região junto de quase uma centena de estrangeiros.
Greve geral em Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Manifestações e acções de solidariedade em 15 países europeus.Assim vai ser o dia de amanhã na Europa.14 de Novembro foi a data escolhida para protestar contra a situação económica europeia e as medidas de austeridade que estão a ser adoptadas para combater a crise.
Em Portugal, a greve geral vai durar 24 horas e afectar todo o tipo de serviços.Espera-se um país parado, amanhã, com escolas encerradas, transportes públicos sem circular, cuidados médicos reduzidos aos serviços mínimos e correios sem entregar a correspondência.
No Alto Minho, a União de Sindicatos de Viana do Castelo, afecta à CGTP, convocou para as 15h30 uma concentração de trabalhares na Praça da República, na capital do distrito.
Branco Viana, da União de Sindicatos, prevê que muitos serviços da região irão aderir a esta greve geral e fechar as portas em protesto.Escolas, transportes, centros de saúde serão alguns dos serviços mais afectados.
Uma década depois daquela que foi a maior catástrofe ambiental da Europa, com o afundamento do petroleiro “Prestige” ao largo da Galiza, os ambientalistas garantem que Portugal ainda não se preparou para lidar com uma situação idêntica.
À Lusa, Sidónio Paes, da Liga para a Proteção da Natureza, explicou que Portugal está há 10 anos sem navios de combate a poluição no mar”, a propósito da encomenda feita pelo ministério da Defesa, logo depois da catástrofe ambiental na Galiza que ameaçou águas nacionais.
O contrato, na altura com Paulo Portas a liderar aquele ministério, previa a construção nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo de dois Navios de Combate à Poluição, com 83 metros de comprimento.
Por dificuldades de construção e financiamento os dois navios nunca saíram do papel e o negócio foi mesmo revogado já em 2012, apesar de a empresa ainda ter adquirido mais de 19 milhões de euros em equipamentos.
Segundo dados da Marinha, as águas nacionais são atravessadas todos os anos por cerca de 70 mil navios classificados como “perigosos”, atendendo à carga que transportam, nomeadamente hidrocarbonetos.
A 13 de Novembro de 2002, o petroleiro “Prestige” foi apanhado numa tempestade ao largo do Cabo Finisterra e sofreu um rombo de 35 metros no casco. Seis dias depois, o navio liberiano com pavilhão das Bahamas afundou-se a 270 quilómetros da costa da Galiza, derramando mais de 50 mil das 77 mil toneladas de fuelóleo que transportava.Mais de 2 mil e 600 quilómetros da costa espanhola foram afectados nos meses seguintes ao acidente.
A justiça espanhola começou a julgar o caso no mês passado.Quatro homens sentam-se no banco dos réus, entre os quais o comandante do navio e o ex-responsável da marinha mercante espanhola.
Cerca de 130 testemunhas deverão comparecer em tribunal durante os meses em que decorrer o julgamento para apurar se a maré negra foi responsabilidade da tripulação ou das autoridades espanholas que exigiram que a embarcação se afastasse da costa, aumentando o risco de um naufrágio.
Nunca gostou de fazer roupa para as bonecas mas a paixão pelos “trapos” e pela agulha vem-lhe da infância. Vizinha de uma costureira, Eunice Marinha começou a cozer com apenas 4 ou 5 anos. A modista, percebendo que a pequena tinha jeito para a agulha começou a pagar-lhe para ela cozer a bainha das saias das clientes. Foi com ela que aprendeu alguma coisa de costura e desses tempos guarda “as recordações”. Mais tarde, o que começou por ser uma brincadeira de criança acabaria por marcar o futuro profissional desta engenheira têxtil que hoje se dedica à confecção de enxovais para bebé no seu atelier da Rua da Corredoura em Caminha.
Lá dentro tudo tem graça. As cores e os padrões suaves misturam-se com as lãs e os bordados, resultando em pequenas peças que vão desde a simples e tradicional fralda, às roupas, passando pelos lençóis para os berços para acabar nos bonecos, criaturas às vezes estranhas que a Ni, como gosta de ser chamada, cria naqueles dias e que está com a “telha”, revela. Mas como é que uma engenheira têxtil se transforma numa criadora de enxovais para bebé? A Ni explica que tudo nasceu da necessidade de criar o seu próprio posto de trabalho e da vontade de fazer algo diferente.
“Depois de ter trabalhado algum tempo numa empresa têxtil da zona senti que estava na hora de fazer algo diferente e pensei: porque não utilizar um hobby como fonte de rendimento. E foi assim que começou”.
A opção pela roupa de bebé nasceu por um lado pelo gosto e por outro pela necessidade.
“Quando tive o meu primeiro filho comecei a fazer algumas coisas que me faziam falta e que não conseguia encontrar no mercado, principalmente artigos personalizados. Depois quando tive o segundo foi necessário reciclar e renovar o que já havia. Foi assim que começou. Depois vieram os sobrinhos e fui sempre fazendo até que decidi fazer disto a minha fonte de rendimento”, explica.
Com o atelier aberto há quatro anos a Ni não se arrepende do dia em que decidiu mudar tudo a nível profissional.
“Isto é a minha paixão, é o que eu gosto de fazer e acho que isso é visível nas peças que vou criando. São feitas com muito carinho e muito amor e é por isso que saem bonitas”.
A Ni já vestiu recém nascidos de todo o país e até do estrangeiro e diariamente chegam ao seu atelier muitas encomendas, muitas delas via facebook.
“Caminha é um ponto turístico e obviamente que muitas pessoas de fora, Porto, Lisboa e outros locais, são meus clientes porque visitaram o atelier e ficaram a conhecer os meus trabalhos. No entanto o facebook tem-se revelado um excelente meio para dar a conhecer o meu trabalho. Posso dizer-lhe que diariamente me contactam pessoas de todo o lado a colocar questões ou a fazer encomendas por essa via o que é muito bom”.
A escolha dos materiais é uma das preocupações do atelier “Os bebés da Tia Ni” ou não estivéssemos a falar de recém-nascidos, cada vez mais susceptíveis a alergias e problemas de pele.
“A eleição dos materiais que utilizamos tem que ser muito cuidada. Optamos pelo cem por cento algodão, o rei dos enxovais, e depois por outro tipo de materiais e soluções novas que vão aparecendo no mercado. Neste momento tenho uma gama na loja de artigos em malha feitos à mão, onde utilizo fibras portuguesas como é o caso do cem por cento leite e do cem por cento milho. Trata-se de uma geração de fibras novas que é muito agradável ao tacto e que são anti-alérgicas. Procuro ter sempre coisas novas mas nunca descurando a qualidade dos materiais”, garante.
A decoração dos berços, das camas e dos quartos é outra das paixões da Ni. Os berços podem ser adquiridos no atelier e existem para vários gostos.
“Tenho alguns modelos de berços pequeninos que os vendo já completamente prontos e faço também decoração de quartos. Faço a roupa de cama, às almofadas decorativas, os cestos para os produtos, os cabides, as molduras, enfim todo o tipo de artigos que se possam imaginar num quarto de bebé.”
Os bonecos de pano nascem normalmente quando Ni está “muito nervosa”.
“Fazer bonecos é uma coisa que me alivia bastante o stress. Eu faço um ou dois bonecos e a telha passa”.
Trocar o atelier por uma carreira de engenheira têxtil está completamente fora de questão.
“Neste momento não trocava: primeiro porque o sector está em crise e depois porque no meu atelier me sinto completamente realizada, posso criar à vontade e fazer o que me apetece. Por outro lado se enveredasse pela engenharia teria que sair daqui e eu gosto muito de Caminha”.
Enquanto nos vai revelando alguns aspectos da sua profissão a Ni não pára. Está a terminar um enxoval para enviar para a Guarda. O mocho, o boneco que elegeu para o enxoval da Joana Violeta está quase pronto e dá-lhe os últimos retoques. O próximo é para um rapaz. O berço azul já está no atelier para decorar e desta vez a criatura eleita é um ouriço cacheiro que a Ni garante “não vai picar”.
Tem 25 anos chama-se José Valadares e é natural de Caminha. Em Maio, este jovem que um dia sonhou ser professor de ginástica terminou o curso de Fisioterapia e já está a trabalhar. Começou em Junho e, apesar de ter recebido alguns convites para ir trabalhar para fora, não aceitou. O seu desejo sempre foi, logo que terminasse o curso, regressar a Caminha, à sua terra que adora, onde é feliz e onde garante ter reunidas todas as condições para viver com qualidade.
“Nunca me passou pela cabeça ir para outro lado. Acho que Caminha tem boas condições de trabalho, é um sitio excelente para se viver e por isso nunca ponderei não regressar. Tive alguns convites, inclusive para ir para o estrangeiro, mas sinceramente não aceitei porque nunca foi o meu objectivo abandonar Portugal. Sinto que também posso ser útil aqui e ajudar as pessoas da minha terra” sublinha.
De regresso a casa depois de ter estado 4 anos no Porto a estudar, José Valadares já abriu o seu próprio espaço de trabalho, um gabinete de fisioterapia onde faz diversos tratamentos, desde massagens clínicas, desportivas, kinésio, respiratória, entre muitas outras.
“Faço desde a simples massagem de ralaxamento, aos tratamentos mais complexos”, explica.
Com disponibilidade total para atender os clientes, este fisioterapeuta trabalha de segunda a domingo se for preciso, no seu gabinete ou ao domicílio e também no ginásio Fonte Power em Caminha.
“Estou sempre disponível porque sei que uma lesão ou uma dor não tem hora marcada para aparecer.”
A propósito da fisioterapia e do que é ser fisioterapeuta, José Valadares diz tratar-se de um mundo muito vasto, com inúmeras possibilidades.
“O nosso trabalho é muito vasto e podemos intervir a vários níveis: neurológico em pessoas que tenham sofrido um AVC, tenham parkinson, esclerose múltipla ou até alzheimer. A nível de ortopedia podemos tratar os entorses que são lesões frequentes em pessoas que praticam desporto, e também outro tipo de lesões que as pessoas fazem no dia a dia como é o caso de entorse no joelho, ou lesões provocadas por quedas. Numa população mais idosa tratamos pessoas com próteses entre muitos outros problemas”, refere.
Mas o tratamento de um fisioterapeuta não se fica apenas pelas lesões ósseas ou musculares, a parte respiratória é outra das áreas onde estes profissionais podem intervir com sucesso.
“A nível respiratório podemos tratar diversas patologias como é o caso da pneumonia”.
Também no mundo dos mais pequenos a fi sioterapia pode ser uma ajuda preciosa para resolver alguns problemas.
“É o caso do torcicolo congénito, uma patologia frequente nos recém-nascidos e bebés. Há inúmeras áreas onde podemos intervir e tratamentos que podemos aplicar e que dependem sempre de uma avaliação que fazemos ao paciente”, explica.
A aposta na formação é uma questão que José Valadares não descura e para além do curso que completou na faculdade, este jovem profissional está constantemente a fazer formações e cursos para aperfeiçoar novas técnicas que vão surgindo.
“Recentemente tirei o curso de kinesio Taping para aplicar as bandas neuromusculares, aquelas bandas coloridas que às vezes vemos nos jogadores de futebol e nas pessoas que praticam desporto; já fiz um curso de triggerpoint e hidroterapia que é uma coisa que eu gostava muito de conseguir implementar aqui em Caminha mas ainda não encontrei o espaço ideal para isso”.
José Valadares explica que a hidroterapia não pode ser feita numa piscina como a de Vila Praia de Âncora ou Cerveira porque a água não tem a temperatura ideal.
“É preciso uma piscina com a água a 33 ou 34 graus”. Relativamente às bandas coloridas, ultimamente muito em voga, José Valadares chama a atenção para a importância de serem colocadas por um profissional. “Cada uma tem a sua função e o seu efeito. Elas estimulam ou inibem o músculo, dependendo da orientação que lhe for dada. As bandas também podem funcionar como estabilizadores das articulações ou terem até um efeito drenante nas mastectomias ou edemas muito grandes e é por isso que devem ser aplicadas por quem sabe”, alerta.
Muito em breve e dando continuidade à sua formação, José Valadares vai ingressar num curso de acupuntura e osteopatia direcionado apenas para fi sioterapeutas. A concorrência desleal é algo que aflige este jovem que chama a atenção para o facto de andar por aí muita gente a vender gato por lebre.
“Neste momento há muita gente a fazer formações rápidas nestas áreas e que se auto-intitulam profissionais na área. Isso não é justo nem para nós que andamos a investir na formação nem para as pessoas que confiam e ás vezes corre mal. Infelizmente acontece mais vezes do que seria desejável”, alerta.
A trabalhar há pouco mais de 3 meses José Valadares confessa que os primeiros 2 não foram fáceis.
“Ao princípio foi um bocado complicado porque tinha saído há pouco da faculdade e as pessoas não conheciam o meu trabalho.”
Uma dificuldade que começa a ser ultrapassada uma vez que o seu trabalho começa a fi car conhecido pelas pessoas e umas têm trazido as outras.
“Em Agosto já foi melhor e a partir daí tem sido sempre a subir”, revela. A existência de poucos fisioterapeutas na zona é para José Valadares uma possibilidade de poder vingar na profissão, pelo menos é nisso que este jovem acredita.
“Não existem muitos fisioterapeutas a trabalhar nesta zona, temos alguns massagistas e auxiliares de fisioterapia mas fisioterapeutas nem por isso.”
O atendimento personalizado é outra das apostas de José Valadares que chega a dedicar entre 50 a 60 minutos de exclusividade a cada paciente.
“Isso faz toda a diferença porque para além do tratamento resultar muito melhor é muito mais rápido”, explica.
Projetos para o futuro José Valadares tem vários, mas neste momento o que mais lhe interessa é trabalhar com as pessoas, ganhar experiência e um dia quem sabe dar o salto para algo mais ambicioso.
“Trabalhar num grande clube é o sonho de qualquer profissional que, como eu, praticou durante muito anos desporto e em particular futebol. Tive alguns convites para ir para essa área mas acho que ainda é cedo. Quero ganhar experiência, fazer o meu caminho devagar sem saltar etapas e um dia mais tarde, quem sabe, talvez vá por aí…”, remata. O gabinete de José Valadares está situado na freguesia de Cistelo e as marcações podem ser feitas através do telefone 911 953 388 ou no Ginásio Fonte Power em Caminha.
Há dez anos, então com 49, decidiu mudar radicalmente a sua vida profissional e abrir, em sociedade com uma amiga, um ATL para crianças e jovens na cidade de Viana do Castelo.
Trabalhadora desde os 19 anos e mãe de dois filhos, Branca Carvalho sentiu na pele a dificuldade em encontrar na cidade um local onde sentisse que os seus filhos podiam ficar em segurança e felizes enquanto ela exercia a sua profissão. E isso foi uma coisa que sempre lhe ficou na cabeça.
Ao fim de 30 anos de atividade, esta mulher do Porto, que cedo se mudou para Viana do Castelo, decidiu alterar tudo na sua vida profissional e embarcar numa nova aventura: Criar o tal espaço de sonho onde as crianças, depois das aulas e da sua atividade curricular pudessem esperar pelos pais num ambiente descontraído, com muita brincadeira e atividades onde pudessem dar largas à sua criatividade e imaginação.
É assim que nasce o “Descansa a Sacola”, um espaço autónomo, multifacetado que tinha como grande objetivo dar o que a escola não dava.
“Desafiei na altura uma colega minha para em conjunto fazermos uma sociedade e abrirmos um centro de atividades de tempos livres. No início devo dizer-lhe que tínhamos uma noção diferente do espaço e daquilo que queríamos fazer dele muito mais ambiciosa do que é atualmente. Acho que na altura sonhamos um pouco de mais”.
A ideia era criar um espaço onde as crianças pudessem fundamentalmente brincar e fazer aquilo que não faziam na escola. Criar pequenas oficinas onde pudessem praticar trabalhos manuais, pintura, poesia, música, expressão dramática, inglês, etc.
“Esse era o nosso sonho inicial, proporcionar experiências diferentes às crianças e o apoio ao estudo seria apenas complementar e de uma forma muito aberta e muito pedagógica”, explica.
Mas o objetivo inicial depressa cedeu à pressão dos pais que queriam algo mais do “Descansa a Sacola”.
“Ao longo dos anos fomos sendo confrontados com uma pressão enorme por parte dos pais que queriam que as crianças aqui fizessem os trabalhos de casa, estudassem e se preparassem para as provas. Ora isso foi um corte radical na ambição de utilizarmos o espaço como um projeto pedagógico diferente”, conta.
Crítica do modelo pedagógico seguido pelo sistema de ensino português, Branca Carvalho aponta o dedo às escolas e professores a quem acusa de massacrarem diariamente as crianças “com fichas e fichas” para fazer em casa.
“As crianças precisam de brincar e por isso é que nós muitas vezes pedimos aos pais para que as deixem ficar um pouco mais para que elas tenham essa oportunidade. Para poderem brincar, saltar à corda, fazer jogos, saltar e interagir com as outras crianças. Temos pais que entendem isso mas outros não.”
Contrariando um pouco o espírito inicial do projeto e privilegiando neste momento o apoio ao estudo, o “Descansa a Sacola” não desistiu contudo das suas oficinas, que vai mantendo embora com menos frequência.
“Optamos por reduzir o número de horas. Por exemplo a oficina da palavra passou de uma vez por semana para uma vez por mês, o mesmo acontecendo com a de artes e a da culinária que era de quinze em quinze dias, passou também para mensal. No fundo tivemos que nos adaptar em função da pressão dos pais”, explica.
Aberto das 8 da manhã às 8 da noite o “Descansa a Sacola” não funciona apenas no período de aulas. Nas férias também está aberto com inúmeras atividades que privilegiam, sempre que possível, o contato com o exterior.
“Sempre que possível saímos com as crianças. De manhã vamos à praia e à tarde fazemos visitas de aprendizagem em Viana e noutros locais. Já fomos a Aveiro, Vila do Conde, Cerveira, Arcos, Ponte de Lima, etc. Já visitamos o Pavilhão do Conhecimento, da Água, o Sealife quando abriu, às vezes vamos ao cinema, a Santa Luzia, enfim procuramos fazer programas o mais diversificados possível e sempre que possível fora das quatro paredes do centro. Quando não saímos por qualquer razão, fazemos atividades no ATL como a caça ao tesouro, ateliers de culinária, etc.”
Procurar fazer sempre coisas novas e diferentes e que o programa das férias não se repita de uns anos para os outros é uma das preocupações da equipa do “Descansa a Sacola”.
“Temos crianças que nas férias vêm durante anos seguidos e por isso procuramos fazer coisas diferentes de uns anos para os outros. Normalmente fazemos um plano para esse período que às vezes é alterado desde que todos estejam de acordo. Procuramos que elas se divirtam sem grandes cargas, fazendo uma ficha ou outra de vez e quando só para não se esquecerem da matéria. É um período muito animado durante o qual as crianças se divertem muito”.
Ao fi m de quase 10 anos de atividade e mesmo vendo o seu projeto um pouco desvirtuado daquilo que era o sonho inicial, Branca Carvalho não se arrepende da sua decisão. Apesar de ainda não ter recuperado todo o capital que investiu, há uma coisa que já ninguém lhe tira: “os laços e os afetos que foi criando com os seus meninos ao longo dos anos”. E isso, garante, “vale mais do que tudo…”.
O balanço é portanto muito positivo, assegura.
“Do ponto de vista económico é um desastre. Nós investimos muito dinheiro no espaço. Tivemos que fazer obras para recuperar o edifício que era uma casa de habitação e isso custou-nos um grande investimento que ainda não conseguimos recuperar. Os nossos salários posso dizer-lhe que são muito modestos e trabalhamos muitas horas por dia porque temos a noção que é preciso dar resposta a muitas coisas”, explica.
Mas se o balanço económico “não é nada de especial” o mesmo já não se pode dizer em relação à grata experiência que tem sido trabalhar, ao longo de 10 anos, com as muitas crianças e jovens que já passaram pelo centro.
“Nós gostamos muito daquilo que fazemos. Trabalhar com crianças e ter aberto este espaço foi a melhor coisa que me podia ter acontecido na vida. Tenho aprendido muito com as crianças que por aqui têm passado. Com as suas vivencias, às vezes com o seu sofrimento, as suas dificuldades e a forma como as podemos ajudar no seu relacionamento com os outros, quer sejam colegas ou até com os pais. Isto é uma experiência de vida, é uma lição diária”, sublinha.
Mulher de desafios, Branca Carvalho abraçou há 3 anos um outro projeto: frequentar o curso de educadora de infância da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo. Não leva vantagem na idade já que é das alunas mais velhas a frequentar o curso, mas toma a dianteira na experiência de lidar com os mais novos. E é por isso que se diz muitas vezes “surpreendida e até um pouco chocada” pela forma como alguns colegas, mais novos, lidam com as crianças e o seu mundo.
“Eu entrei tarde no ensino superior mas aprendi muito com a minha experiência e fico impressionada como e que às vezes há tanta falta de sensibilidade em relação a este mundo que são as crianças”.
Por tudo isto Branca Carvalho não tem dúvidas que valeu a pena mudar aos 49 anos.
“Tem sido uma experiência gratifi cante, gosto muito dos meus meninos, como se fossem meus fi lhos. Conheço-os a todos, sei o nome de todos, de onde vêm, a particularidade de cada um, o que gostam e o que não gostam”.
O “Descansa a Sacola” está instalado em pleno centro da cidade de Viana do Castelo, na Rua General Luís do Rego. Funciona diariamente das 8 da manhã às 8 da noite e proporciona uma série de serviços: Desde levar as crianças à escola e às atividades extra-ATL, apoiar no estudo e proporcionar uma série de oficinas temáticas, o “Descansa a Sacola” organiza ainda festas de aniversário, explicações e ainda um serviço de babysitting.
“Somos uma casa de apoio naquilo que os pais necessitam, por vezes somos a sua retaguarda quando a família não pode apoiar”, remata.
Conseguir que as pessoas invisuais se orientem de forma livre e independente em espaços públicos, sem terem de recorrer à bengala ou a um cão-guia, é o objectivo de um aparelho desenvolvido pela empresa “Moniz Dias” de Vila Verde.
O projecto, inovador e único no mundo, dá pelo nome de Guio Solid Step e é um sistema inteligente que pretende aumentar a autonomia e a mobilidade de pessoas cegas e amblíopes. Com um investimento de mais de 400 mil euros, o aparelho dá aos seus utilizadores um conjunto de informações que indentifica a área envolvente e todas as opções de movimentação e direção. Imagine que está num centro comercial, e que tem ao seu dispor um equipamento que lhe diz as lojas existentes no corredor onde você se encontra naquele momento. E à medida que vai caminhando, é informado das lojas que estão nas redondezas, bem como a sua direcção com base nos pontos cardiais. É essa a função do Guio Solid Step. António Babo, técnico responsável, contou ao Jornal C – O Caminhense como surgiu este projecto que já conquistou alguns prémios.
“O projecto surgiu no âmbito da boa relação que temos com a Sonae Sierra e com a necessidade e preocupação daquele grupo em matéria de inclusão. O objectivo era incluir todas as pessoas, nomeadamente aquelas que possuem deficiência visual. A ideia é que essas pessoas pudessem usufruir de todos os serviços e aceder de uma forma perfeitamente normal a um centro comercial”, explica.
Vocacionada para o desenvolvimento de sistemas de grafismo e sinaléctica, a “Moniz Dias” aceitou o desafio lançado pela Sonae para desenvolver um sistema capaz de transmitir informações a quem não as pode ler.
“A ideia era criar um sistema que informasse as pessoas com deficiência visual, indicandolhes, por exemplo, onde ficam localizadas as escadas rolantes, as casas de banho, determinado tipo de serviços, lojas existentes numa determinada zona, etc.”, adianta.
Numa primeira fase o sistema de comunicação foi instalado em dois centros comerciais do grupo Sonae mas a ideia é que o sistema seja alargado a outros espaços públicos, como avança António Babo.
“Nesta fase inicial o sistema está disponível apenas em dois centro comerciais do país: o Norte Shopping em Matosinhos e Colombo em Lisboa. No entanto gostaríamos que no futuro o aparelho pudesse ser comercializado e instalado noutros locais, como por exemplo, transportes públicos, hospitais, serviços públicos, etc.”
Embora pensado inicialmente para ser aplicado apenas em centros comerciais, António babo garante que ele “é perfeitamente expansível a outro tipo de locais”.
Depois do hardware ter sido desenvolvido, a Moniz Dias estabeleceu uma parceria com a ACAPO, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, para desenvolver e optimizar o Guio Solid Step, tornando-o assim no sistema de comunicação mais completo e avançado do mundo para invisuais.
Mas afinal como é que funciona este aparelho que pretende facilitar a mobilidade das pessoas com limitações visuais? António Babo explica:
”Existem uma série de unidades básicas que estão colocadas ao longo do centro comercial localizadas em locais pré-definidos, onde queremos informar a pessoa sobre algo naquele local. O utilizador tem consigo um dispositivo móvel com 5 botões com várias funções, nomeadamente volume e informação. No fundo é um aparelho áudio que informa a pessoa do que existe em determinado local e para onde se deve dirigir mediante aquilo que procura.”
O aparelho dispõe ainda de uma bússola através da qual a pessoa é orientada.
Em cada centro comercial existem 6 dispositivos móveis o que significa que 6 pessoas podem usufruir do sistema ao mesmo tempo. Quanto às unidades base, ou seja aquelas que estão espalhadas, existem 200 divididas pelos dois centros comerciais.
Discreto e fácil de usar, o “guio” permite ao seu portador uma melhoria significativa da qualidade de vida, mantendo-o actualizado e proporcionando uma utilização agradável.
“Se o utilizador chegar a um determinado local, por exemplo uma praça, através do sistema a pessoa pode ser informada que se virar para norte encontrará a casa de banho e assim sucessivamente.”
Estuda para assegurar o futuro, porque a canoagem ainda é uma modalidade amadora em Portugal, mas a Fernando Pimenta já ninguém lhe tira a medalha de prata conquistada nos Jogos Olímpicos de Londres. Juntamente com o também minhoto Emanuel Silva, Pimenta conseguiu o melhor resultado de sempre alcançado pelos portugueses em K2 nos 1000 metros. Com os olhos postos já nas próximas olimpíadas, o jovem de Ponte de Lima, que foi parar à canoagem por acaso, promete lutar agora pelo ouro, que lhe escapou por milésimos de segundo.
“Já trinquei esta medalha três ou quatro vezes. Isto, sem contar com os beijos que o pessoal pede para lhe dar, o que é sempre bom para as pessoas sentirem o peso e a importância que também têm nesta medalha”.
As palavras são de Fernando Pimenta, o canoísta do Clube Náutico de Ponte de Lima que, juntamente com o bracarense Emanuel Silva, conquistou medalha de prata nos últimos Jogos Olímpicos de Londres na prova de K2 1000 metros de canoagem. A dupla portuguesa, que fez a prova num tempo de 3.09,699 minutos, foi apenas batida pela dupla húngara, que conquistou o ouro por uma unha negra, com o tempo de 3.09,646.
O “trincador” de medalhas fez-se canoísta por acaso nas águas do rio Lima. Sem família ligada aos desportos náuticos, Fernando Pimenta, hoje com 23 anos acabadinhos de fazer, era em 2001 um rapaz de 11 da aldeia da Ribeira que ocupava os dias grandes das férias de Verão nas águas frescas do rio Lima. Fez natação, mas, da margem esquerda, olhava com cobiça para as canoas que rasgavam as águas.
“Foi através da ocupação dos tempos livres, nas férias desportivas promovidas pela Câmara Municipal e pelo Clube Náutico, que descobri a canoagem. Comecei aos poucos, mas depois fui convidado para ficar na competição de Inverno e assim começou a criar-se um gosto, também graças ao espírito de equipa”, conta Pimenta. Nos primeiros tempos, e graças à sua descoordenação motora – “virava a canoa muitas vezes” – , muitos eram os que não davam nada por ele, mas o treinador de sempre, Hélio Lucas, não desistiu da aposta e, dois anos depois, Pimenta conquistava o primeiro título nacional.
Em 2005, “a primeira medalha e a primeira participação na selecção”. A partir daí, os títulos foram-se somando, numa carreira recheada de sucessos que faz qualquer canoísta de outros países, onde a modalidade é profissional, roer-se de inveja pelo palmarés deste amador da canoagem, que pratica a modalidade no clube de sempre: o Náutico de Ponte de Lima.
“Já fui vicecampeão do mundo de maratona e de velocidade, já consegui quatro títulos de campeão da Europa. Já tenho três de vice-campeão da Europa. Tenho um terceiro lugar de campeão do mundo. Tenho algumas medalhas”, confessou o medalhado olímpico ao jornal Caminhense.
Além de um dos atletas mais medalhados, o jovem canoísta faz questão de ser um porta-estandarte de uma região muitas vezes esquecida. Em terras de sua majestade, nos Jogos Olímpicos, o atleta do Alto Minho fez questão de gritar aos quatro ventos a sua origem: Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo, para “mostrar ao mundo que aqui também há bons atletas e existe desporto”.
“Estamos num cantinho de Portugal e da Europa e, muitas vezes, nem nos conhecem. Sabem que existe Portugal, mas para eles o país é apenas Lisboa. Quando participo em provas no estrangeiro, faço sempre questão de dizer de onde sou, porque quem não conhece vai procurar conhecer”.
Para que isso aconteça, para que consiga apurar-se para as grandes competições e ganhar provas e medalhas, Fernando Pimenta – recordo que tem apenas 23 anos acabados de celebrar – leva uma vida quase monástica: nada de saídas nocturnas, nada de copos e muito menos jantaradas pela noite fora. Nada de petiscos – as batatas fritas de que tanto gosta são alimento proibido.
“Tenho de descansar, pelo menos, oito a 10 horas. Tenho de ter cuidado com a alimentação. Tenho de ter cuidado com muita coisa, porque não posso facilitar, visto que compito com os melhores atletas da modalidade”. Por isso, “tenho de ter regras e muita disciplina. Não me posso esforçar muito quando há um objectivo. Por exemplo, se quero ir ao mundial, não posso andar em palestras, passeios, convívios, porque estou a desperdiçar muito tempo que me é necessário para descansar, para no dia seguinte estar em forma para realizar o treino”.
Estudante universitário – está em Reabilitação Psicomotora na Universidade Fernando Pessoa – Pimenta vê-se também afastado da vida académica. Algo que não o incomoda.
“Para mim é uma situação fácil de gerir porque neste momento estou a realizar um sonho de há muito tempo”.
A medalha de prata conquistada nos Jogos Olímpicos de Londres vai agora para a caixa onde guarda todas as outras medalhas que tem conquistado e os festejos e as jantaradas de Verão vão ter de esperar, porque dentro de semanas vai disputar o campeonato nacional de maratonas, onde vai defrontar Emanuel Silva, o companheiro com quem chegou ao pódio.
“Fiz a prova toda (K2 1000 metros) sem ter a noção do lugar em que íamos, sem saber como iam as outras embarcações. Foi só olhar para a meta e aplicar a máxima força no final e chegar o mais rápido possível”, admitiu. Perderam o primeiro lugar por, apenas, milésimos de segundo. Teimoso ou “persistente”, como prefere, Pimenta promete não deixar escapar o ouro daqui a quatro anos, nas próximas olimpíadas: “ se não consigo uma coisa à primeira, tenho de a conseguir à segunda”. “Tenho sempre o objectivo de querer melhor de dia para dia”.