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Terça-feira, 29 Abril, 2025
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Talho de Lanhelas, uma marca de excelência

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Chegou a Lanhelas há 24 anos pela mão de um cunhado que o convidou para vir tomar conta de um talho que acabava de adquirir. Natural de Subportela, uma freguesia do concelho de Viana do Castelo, José Luís Costa aceitou o desafio e, um ano depois, passou de empregado a proprietário.

“Vim parar aqui porque um cunhado meu comprou um talho em Lanhelas e como já tinha dois, convidou-me para eu vir tomar conta do negócio. Ao fim de um ano, o meu cunhado vendeu-me o talho e cá estou” conta.

O negócio, que começou “muito pequenino”, foi crescendo e hoje o Talho de Lanhelas é uma referência a nível nacional.

“Comecei com um talho que tinha para aí uns 15 ou 20 metros quadrados, uma coisa muito pequenina. Passados 5 anos fiz outro um pouco maior, tinha à volta de 40 metros quadrados e mais tarde, como o negócio estava a correr bem, comprei um terreno e construí o estabelecimento que temos hoje, com mais de 100 metros quadrados”.

Com um espírito empreendedor, José Luís Costa, que gosta de estar sempre a inovar, decidiu há cinco anos alargar o negócio e montar uma unidade de transformação onde prepara os mais variados produtos, desde os tradicionais enchidos às refeições pré-cozinhadas, um investimento de muitos milhares de euros que se fosse hoje, confessa, “não o podia fazer”.

“Depois do talho surgiu a oportunidade de começar a trabalhar com outro tipo de produtos além da carne. Eu já fazia em casa os enchidos e rissóis para vender no talho. Era o que toda a gente fazia. Mas um dia apareceu-me aqui a fiscalização do Porto e disse-me que eu tinha de tirar tudo. Respondi-lhes que não podia ser e pedi-lhes que me dissessem o que é que eu tinha de fazer para me legalizar”.

Após a visita dos fiscais, José Luís Costa avançou para o Porto onde tratou de arranjar alguém que lhe fizesse um projeto para montar uma pequena indústria alimentar.

“Fui a Matosinhos falar com um senhor que me fez o projeto. Depois comecei a fazer a obra que ainda demorou algum tempo e a partir daí tem sido sempre a trabalhar em receitas e produtos novos”.

Enchidos variados, carne seca, alheiras, almôndegas, pizzas, hamburgueres, salsichas frescas e lasanhas, são apenas alguns dos muito produtos que são produzidos no Talho de Lanhelas, que este ano começou também a secar solhas e lampreia nos seus fumeiros. José Luís conta que a ideia surgiu de uma conversa com o vereador Flamiano Martins que, numa visita ao seu estabelecimento, lhe lançou o desafio.

“Ele um dia veio aqui e a meio da nossa conversa perguntou-me porque é que eu não aproveitava para secar a solha, que era um produto tradicional de Lanhelas e muito apreciado pelas pessoas”.

José Luís achou a ideia interessante e foi até à Direção Geral de Veterinária saber se era possível pô-la em prática.

“A resposta foi positiva e a única exigência que nos fizeram foi que na semana em que se secasse peixe não se podia secar carne”.

Para além da solha, no fumeiro do Talho de Lanhelas também se seca a lampreia, um produto que ainda está a ser testado.

“A solha tem saído muito bem, a lampreia ainda estamos a testar mas o nosso objetivo é tentar vendê-la para locais onde ela é mais apreciada, como por exemplo Melgaço, Monção e até para Lisboa”, explica.

No talho de Lanhelas trabalham 10 pessoas distribuídas pelos vários setores: desde a venda ao balcão até à preparação das refeições pré-cozinhadas, passando pelo fabrico dos enchidos, embalagem, etc. José Luís Costa confia na sua equipa mas faz questão de assumir o comando de tudo.

“Quando há qualquer coisa a fazer ou algum produto novo a testar, sou sempre eu que vou à frente, assim se alguma coisa correr mal, eu assumo”, esclarece.

Os clientes, espalhados de norte a sul do país, são a prova de que este estabelecimento se soube implementar no mercado pela qualidade e pelos produtos de excelência.

“Os nossos clientes começaram por ser as pessoas de Lanhelas e das freguesias vizinhas, mas atualmente temos clientes de todo o lado: desde Melgaço ao Alentejo, passando pelo Porto, Leiria e Lisboa. São pessoas que normalmente vêm de férias e que, depois de conhecerem os nossos produtos, ficam clientes. Eles telefonam a fazer a encomenda e nós mandamos pelo expresso, normalmente é assim que funciona”, explica o empresário.

Segredos para cativar e manter a clientela fiel, José Luís aponta alguns, destacando desde logo a qualidade.

“Acima de tudo temos que ter qualidade, isso é o mais importante. Depois devemos ser exigentes na compra e na produção dos produtos e claro, termos em atenção a forma como atendemos o clientes”.

A estes “ingredientes” para cativar e manter a clientela, o empresário junta um outro que considera extremamente importante: os preços acessíveis.

“O nosso lema é servir todo o tipo de cliente, ou seja, tentamos atingir os que têm maior e menor poder de compra. Tento não produzir produtos excessivamente caros nem excessivamente baratos para não fugir à qualidade”.

A aposta em receitas tradicionais com o mínimo de aditivos possível é outro dos lemas do talho de Lanhelas que, para garantir que os produtos que estão a ser comercializados cumprem todas as normas e estão em perfeitas condições, tem ao seu serviço um engenheiro alimentar que semanalmente vai verificando os produtos.

As entregas ao domicílio é outro dos serviços que o Talho de Lanhelas tem à disposição dos clientes que, desta forma, não precisam de se deslocar ao estabelecimento.

“ Temos muitos clientes que estão a trabalhar e que nos ligam a fazer as encomendas e a pedir que as entreguemos em casa. Posso-lhe dizer que tenho clientes que já não vejo há anos , que só falo com eles pelo telefone. É bom porque significa que eles confiam em nós e nos nossos produtos”, explica.

José Luís dá preferência à carne de raça minhota pela sua qualidade. Com a Páscoa à porta, o talho de Lanhelas trabalha a todo o vapor para garantir aos clientes os produtos mais procurados nesta época e que são, para além dos enchidos que enfeitam as mesas do compasso, o cabrito que por esta altura é rei nas mesas do Alto Minho. Finda a Páscoa, é tempo de começar a pensar no Verão e nos clientes que vêm de fora, e por isso no Talho de Lanhelas não se pára. Apesar da crise, o empresário não se queixa das vendas, queixa-se sim dos muitos impostos que tem que pagar ao Estado.

“Tudo sobe, desde a matéria prima ao gasóleo, e a verdade é que o produto final se tem mantido ao mesmo preço, o que faz com que a margem de lucro seja cada vez menor. Trocase
dinheiro por produto, ou seja, vende-se e praticamente não se ganha nada”, desabafa.

À espera de dias melhores, José Luís Costa não baixa os braços e até já está a trabalhar num novo produto que quer pôr à venda no seu estabelecimento. um salpicão de peru que promete fazer as delícias dos clientes.

“É um produto novo que ainda estamos a testar e que vamos começar a comercializar em breve. Esperemos que as pessoas gostem”.

Para além de comercializar os produtos diretamente ao cliente, o talho de Lanhelas também revende e os seus produtos já podem ser encontrados em várias lojas e supermercados da região. Projetos para o futuro, José Luís quer acima de tudo “manter”. Daqui a uns anos, se algum dos filhos quiser pegar no negócio, o empresário admite partir para “algo maior”.

Bombeiros unem forças no protesto às novas regras do transporte de doentes não urgentes

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As federações distritais de bombeiros vão reunir-se na sexta-feira, em Pombal, para tomar uma posição sobre o transporte em ambulâncias de doentes não urgentes devido ao impasse com o Ministério da Saúde.

A Liga dos Bombeiros Portugueses explica que na reunião com as federações distritais vai ser tomada uma posição, tendo em conta que o processo negocial com o Ministério da Saúde chegou a um “balanço inconclusivo”.

Os bombeiros estão contra algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Saúde, nomeadamente a possibilidade de viaturas ligeiras serem autorizadas a fazer o transporte não urgente de doentes, desde que os motoristas façam uma rápida formação em suporte básico de vida e que as viaturas possuam um alvará conferido pelo INEM. O presidente da Federação de Bombeiros do distrito de Viana do Castelo, Brandão Coelho, disse à Rádio Caminha que em risco fica a segurança dos doentes.

Caminha prepara-se para receber reunião europeia

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Caminha prepara-se para receber na quarta-feira uma reunião da Comissão de Monitorização do Congresso do Poder Local e Regional do Conselho da Europa. O Conselho da Europa, actualmente com 47 estados membros e 6 estados com estatuto de observador, é uma organização internacional pioneira em matéria de cooperação jurídica, desempenhando um importante papel na modernização e harmonização das legislações nacionais, no respeito pela democracia, pelos direitos do homem e pelo Estado de direito. Portugal é membro do Conselho da Europa desde 1976.

A presidente da Câmara de Caminha foi nomeada para aquele órgão, mais precisamente para a Comissão de Monitorização do Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa, pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses para o triénio 2010-2013. É essa a razão pela qual Caminha recebe agora uma reunião daquele órgão. A autarca local, Júlia Paula Costa, diz que é uma honra para o município.

Para além da reunião, no dia 13, o programa inclui uma visita à região. Mais de uma centena de membros de diversos países vão ser recebidos ao final da tarde de amanhã nos Paços do Concelho de Caminha.
O dia de quarta-feira é passado em reunião e na quinta-feira vão visitar uma adega de vinho alvarinho, em Melgaço, vão almoçar em Ponte de Lima e ainda visitar Viana do Castelo, onde acabam por jantar. Para a autarca caminhense, é uma oportunidade de promover a região junto de quase uma centena de estrangeiros.

14 de Novembro: greve geral deverá paralisar Alto Minho

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Greve geral em Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Manifestações e acções de solidariedade em 15 países europeus.Assim vai ser o dia de amanhã na Europa.14 de Novembro foi a data escolhida para protestar contra a situação económica europeia e as medidas de austeridade que estão a ser adoptadas para combater a crise.

Em Portugal, a greve geral vai durar 24 horas e afectar todo o tipo de serviços.Espera-se um país parado, amanhã, com escolas encerradas, transportes públicos sem circular, cuidados médicos reduzidos aos serviços mínimos e correios sem entregar a correspondência.

No Alto Minho, a União de Sindicatos de Viana do Castelo, afecta à CGTP, convocou para as 15h30 uma concentração de trabalhares na Praça da República, na capital do distrito.
Branco Viana, da União de Sindicatos, prevê que muitos serviços da região irão aderir a esta greve geral e fechar as portas em protesto.Escolas, transportes, centros de saúde serão alguns dos serviços mais afectados.

Caso Prestige: uma década depois, Portugal continua vulnerável à poluição marítima

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Uma década depois daquela que foi a maior catástrofe ambiental da Europa, com o afundamento do petroleiro “Prestige” ao largo da Galiza, os ambientalistas garantem que Portugal ainda não se preparou para lidar com uma situação idêntica.

À Lusa, Sidónio Paes, da Liga para a Proteção da Natureza, explicou que Portugal está há 10 anos sem navios de combate a poluição no mar”, a propósito da encomenda feita pelo ministério da Defesa, logo depois da catástrofe ambiental na Galiza que ameaçou águas nacionais.

O contrato, na altura com Paulo Portas a liderar aquele ministério, previa a construção nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo de dois Navios de Combate à Poluição, com 83 metros de comprimento.
Por dificuldades de construção e financiamento os dois navios nunca saíram do papel e o negócio foi mesmo revogado já em 2012, apesar de a empresa ainda ter adquirido mais de 19 milhões de euros em equipamentos.
Segundo dados da Marinha, as águas nacionais são atravessadas todos os anos por cerca de 70 mil navios classificados como “perigosos”, atendendo à carga que transportam, nomeadamente hidrocarbonetos.

A 13 de Novembro de 2002, o petroleiro “Prestige” foi apanhado numa tempestade ao largo do Cabo Finisterra e sofreu um rombo de 35 metros no casco. Seis dias depois, o navio liberiano com pavilhão das Bahamas afundou-se a 270 quilómetros da costa da Galiza, derramando mais de 50 mil das 77 mil toneladas de fuelóleo que transportava.Mais de 2 mil e 600 quilómetros da costa espanhola foram afectados nos meses seguintes ao acidente.

A justiça espanhola começou a julgar o caso no mês passado.Quatro homens sentam-se no banco dos réus, entre os quais o comandante do navio e o ex-responsável da marinha mercante espanhola.
Cerca de 130 testemunhas deverão comparecer em tribunal durante os meses em que decorrer o julgamento para apurar se a maré negra foi responsabilidade da tripulação ou das autoridades espanholas que exigiram que a embarcação se afastasse da costa, aumentando o risco de um naufrágio.

Os Bebés da Tia Ni

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Nunca gostou de fazer roupa para as bonecas mas a paixão pelos “trapos” e pela agulha vem-lhe da infância. Vizinha de uma costureira, Eunice Marinha começou a cozer com apenas 4 ou 5 anos. A modista, percebendo que a pequena tinha jeito para a agulha começou a pagar-lhe para ela cozer a bainha das saias das clientes. Foi com ela que aprendeu alguma coisa de costura e desses tempos guarda “as recordações”. Mais tarde, o que começou por ser uma brincadeira de criança acabaria por marcar o futuro profissional desta engenheira têxtil que hoje se dedica à confecção de enxovais para bebé no seu atelier da Rua da Corredoura em Caminha.

Lá dentro tudo tem graça. As cores e os padrões suaves misturam-se com as lãs e os bordados, resultando em pequenas peças que vão desde a simples e tradicional fralda, às roupas, passando pelos lençóis para os berços para acabar nos bonecos, criaturas às vezes estranhas que a Ni, como gosta de ser chamada, cria naqueles dias e que está com a “telha”, revela. Mas como é que uma engenheira têxtil se transforma numa criadora de enxovais para bebé? A Ni explica que tudo nasceu da necessidade de criar o seu próprio posto de trabalho e da vontade de fazer algo diferente.

“Depois de ter trabalhado algum tempo numa empresa têxtil da zona senti que estava na hora de fazer algo diferente e pensei: porque não utilizar um hobby como fonte de rendimento. E foi assim que começou”.

A opção pela roupa de bebé nasceu por um lado pelo gosto e por outro pela necessidade.

“Quando tive o meu primeiro filho comecei a fazer algumas coisas que me faziam falta e que não conseguia encontrar no mercado, principalmente artigos personalizados. Depois quando tive o segundo foi necessário reciclar e renovar o que já havia. Foi assim que começou. Depois vieram os sobrinhos e fui sempre fazendo até que decidi fazer disto a minha fonte de rendimento”, explica.

Com o atelier aberto há quatro anos a Ni não se arrepende do dia em que decidiu mudar tudo a nível profissional.

“Isto é a minha paixão, é o que eu gosto de fazer e acho que isso é visível nas peças que vou criando. São feitas com muito carinho e muito amor e é por isso que saem bonitas”.

A Ni já vestiu recém nascidos de todo o país e até do estrangeiro e diariamente chegam ao seu atelier muitas encomendas, muitas delas via facebook.

“Caminha é um ponto turístico e obviamente que muitas pessoas de fora, Porto, Lisboa e outros locais, são meus clientes porque visitaram o atelier e ficaram a conhecer os meus trabalhos. No entanto o facebook tem-se revelado um excelente meio para dar a conhecer o meu trabalho. Posso dizer-lhe que diariamente me contactam pessoas de todo o lado a colocar questões ou a fazer encomendas por essa via o que é muito bom”.

A escolha dos materiais é uma das preocupações do atelier “Os bebés da Tia Ni” ou não estivéssemos a falar de recém-nascidos, cada vez mais susceptíveis a alergias e problemas de pele.

“A eleição dos materiais que utilizamos tem que ser muito cuidada. Optamos pelo cem por cento algodão, o rei dos enxovais, e depois por outro tipo de materiais e soluções novas que vão aparecendo no mercado. Neste momento tenho uma gama na loja de artigos em malha feitos à mão, onde utilizo fibras portuguesas como é o caso do cem por cento leite e do cem por cento milho. Trata-se de uma geração de fibras novas que é muito agradável ao tacto e que são anti-alérgicas. Procuro ter sempre coisas novas mas nunca descurando a qualidade dos materiais”, garante.

A decoração dos berços, das camas e dos quartos é outra das paixões da Ni. Os berços podem ser adquiridos no atelier e existem para vários gostos.

“Tenho alguns modelos de berços pequeninos que os vendo já completamente prontos e faço também decoração de quartos. Faço a roupa de cama, às almofadas decorativas, os cestos para os produtos, os cabides, as molduras, enfim todo o tipo de artigos que se possam imaginar num quarto de bebé.”

Os bonecos de pano nascem normalmente quando Ni está “muito nervosa”.

“Fazer bonecos é uma coisa que me alivia bastante o stress. Eu faço um ou dois bonecos e a telha passa”.

Trocar o atelier por uma carreira de engenheira têxtil está completamente fora de questão.

“Neste momento não trocava: primeiro porque o sector está em crise e depois porque no meu atelier me sinto completamente realizada, posso criar à vontade e fazer o que me apetece. Por outro lado se enveredasse pela engenharia teria que sair daqui e eu gosto muito de Caminha”.

Enquanto nos vai revelando alguns aspectos da sua profissão a Ni não pára. Está a terminar um enxoval para enviar para a Guarda. O mocho, o boneco que elegeu para o enxoval da Joana Violeta está quase pronto e dá-lhe os últimos retoques. O próximo é para um rapaz. O berço azul já está no atelier para decorar e desta vez a criatura eleita é um ouriço cacheiro que a Ni garante “não vai picar”.

José Valadares: um jovem de Caminha que criou o seu próprio emprego

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Tem 25 anos chama-se José Valadares e é natural de Caminha. Em Maio, este jovem que um dia sonhou ser professor de ginástica terminou o curso de Fisioterapia e já está a trabalhar. Começou em Junho e, apesar de ter recebido alguns convites para ir trabalhar para fora, não aceitou. O seu desejo sempre foi, logo que terminasse o curso, regressar a Caminha, à sua terra que adora, onde é feliz e onde garante ter reunidas todas as condições para viver com qualidade.

“Nunca me passou pela cabeça ir para outro lado. Acho que Caminha tem boas condições de trabalho, é um sitio excelente para se viver e por isso nunca ponderei não regressar. Tive alguns convites, inclusive para ir para o estrangeiro, mas sinceramente não aceitei porque nunca foi o meu objectivo abandonar Portugal. Sinto que também posso ser útil aqui e ajudar as pessoas da minha terra” sublinha.

De regresso a casa depois de ter estado 4 anos no Porto a estudar, José Valadares já abriu o seu próprio espaço de trabalho, um gabinete de fisioterapia onde faz diversos tratamentos, desde massagens clínicas, desportivas, kinésio, respiratória, entre muitas outras.

“Faço desde a simples massagem de ralaxamento, aos tratamentos mais complexos”, explica.

Com disponibilidade total para atender os clientes, este fisioterapeuta trabalha de segunda a domingo se for preciso, no seu gabinete ou ao domicílio e também no ginásio Fonte Power em Caminha.

“Estou sempre disponível porque sei que uma lesão ou uma dor não tem hora marcada para aparecer.”

A propósito da fisioterapia e do que é ser fisioterapeuta, José Valadares diz tratar-se de um mundo muito vasto, com inúmeras possibilidades.

“O nosso trabalho é muito vasto e podemos intervir a vários níveis: neurológico em pessoas que tenham sofrido um AVC, tenham parkinson, esclerose múltipla ou até alzheimer. A nível de ortopedia podemos tratar os entorses que são lesões frequentes em pessoas que praticam desporto, e também outro tipo de lesões que as pessoas fazem no dia a dia como é o caso de entorse no joelho, ou lesões provocadas por quedas. Numa população mais idosa tratamos pessoas com próteses entre muitos outros problemas”, refere.

Mas o tratamento de um fisioterapeuta não se fica apenas pelas lesões ósseas ou musculares, a parte respiratória é outra das áreas onde estes profissionais podem intervir com sucesso.

“A nível respiratório podemos tratar diversas patologias como é o caso da pneumonia”.

Também no mundo dos mais pequenos a fi sioterapia pode ser uma ajuda preciosa para resolver alguns problemas.

“É o caso do torcicolo congénito, uma patologia frequente nos recém-nascidos e bebés. Há inúmeras áreas onde podemos intervir e tratamentos que podemos aplicar e que dependem sempre de uma avaliação que fazemos ao paciente”, explica.

A aposta na formação é uma questão que José Valadares não descura e para além do curso que completou na faculdade, este jovem profissional está constantemente a fazer formações e cursos para aperfeiçoar novas técnicas que vão surgindo.

“Recentemente tirei o curso de kinesio Taping para aplicar as bandas neuromusculares, aquelas bandas coloridas que às vezes vemos nos jogadores de futebol e nas pessoas que praticam desporto; já fiz um curso de triggerpoint e hidroterapia que é uma coisa que eu gostava muito de conseguir implementar aqui em Caminha mas ainda não encontrei o espaço ideal para isso”.

José Valadares explica que a hidroterapia não pode ser feita numa piscina como a de Vila Praia de Âncora ou Cerveira porque a água não tem a temperatura ideal.

“É preciso uma piscina com a água a 33 ou 34 graus”. Relativamente às bandas coloridas, ultimamente muito em voga, José Valadares chama a atenção para a importância de serem colocadas por um profissional. “Cada uma tem a sua função e o seu efeito. Elas estimulam ou inibem o músculo, dependendo da orientação que lhe for dada. As bandas também podem funcionar como estabilizadores das articulações ou terem até um efeito drenante nas mastectomias ou edemas muito grandes e é por isso que devem ser aplicadas por quem sabe”, alerta.

Muito em breve e dando continuidade à sua formação, José Valadares vai ingressar num curso de acupuntura e osteopatia direcionado apenas para fi sioterapeutas. A concorrência desleal é algo que aflige este jovem que chama a atenção para o facto de andar por aí muita gente a vender gato por lebre.

“Neste momento há muita gente a fazer formações rápidas nestas áreas e que se auto-intitulam profissionais na área. Isso não é justo nem para nós que andamos a investir na formação nem para as pessoas que confiam e ás vezes corre mal. Infelizmente acontece mais vezes do que seria desejável”, alerta.

A trabalhar há pouco mais de 3 meses José Valadares confessa que os primeiros 2 não foram fáceis.

“Ao princípio foi um bocado complicado porque tinha saído há pouco da faculdade e as pessoas não conheciam o meu trabalho.”

Uma dificuldade que começa a ser ultrapassada uma vez que o seu trabalho começa a fi car conhecido pelas pessoas e umas têm trazido as outras.

“Em Agosto já foi melhor e a partir daí tem sido sempre a subir”, revela. A existência de poucos fisioterapeutas na zona é para José Valadares uma possibilidade de poder vingar na profissão, pelo menos é nisso que este jovem acredita.

“Não existem muitos fisioterapeutas a trabalhar nesta zona, temos alguns massagistas e auxiliares de fisioterapia mas fisioterapeutas nem por isso.”

O atendimento personalizado é outra das apostas de José Valadares que chega a dedicar entre 50 a 60 minutos de exclusividade a cada paciente.

“Isso faz toda a diferença porque para além do tratamento resultar muito melhor é muito mais rápido”, explica.

Projetos para o futuro José Valadares tem vários, mas neste momento o que mais lhe interessa é trabalhar com as pessoas, ganhar experiência e um dia quem sabe dar o salto para algo mais ambicioso.

“Trabalhar num grande clube é o sonho de qualquer profissional que, como eu, praticou durante muito anos desporto e em particular futebol. Tive alguns convites para ir para essa área mas acho que ainda é cedo. Quero ganhar experiência, fazer o meu caminho devagar sem saltar etapas e um dia mais tarde, quem sabe, talvez vá por aí…”, remata. O gabinete de José Valadares está situado na freguesia de Cistelo e as marcações podem ser feitas através do telefone 911 953 388 ou no Ginásio Fonte Power em Caminha.

“Descansa a Sacola” – Um espaço de aprendizagem e afetos

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Há dez anos, então com 49, decidiu mudar radicalmente a sua vida profissional e abrir, em sociedade com uma amiga, um ATL para crianças e jovens na cidade de Viana do Castelo.

Trabalhadora desde os 19 anos e mãe de dois filhos, Branca Carvalho sentiu na pele a dificuldade em encontrar na cidade um local onde sentisse que os seus filhos podiam ficar em segurança e felizes enquanto ela exercia a sua profissão. E isso foi uma coisa que sempre lhe ficou na cabeça.

Ao fim de 30 anos de atividade, esta mulher do Porto, que cedo se mudou para Viana do Castelo, decidiu alterar tudo na sua vida profissional e embarcar numa nova aventura: Criar o tal espaço de sonho onde as crianças, depois das aulas e da sua atividade curricular pudessem esperar pelos pais num ambiente descontraído, com muita brincadeira e atividades onde pudessem dar largas à sua criatividade e imaginação.

É assim que nasce o “Descansa a Sacola”, um espaço autónomo, multifacetado que tinha como grande objetivo dar o que a escola não dava.

“Desafiei na altura uma colega minha para em conjunto fazermos uma sociedade e abrirmos um centro de atividades de tempos livres. No início devo dizer-lhe que tínhamos uma noção diferente do espaço e daquilo que queríamos fazer dele muito mais ambiciosa do que é atualmente. Acho que na altura sonhamos um pouco de mais”.

A ideia era criar um espaço onde as crianças pudessem fundamentalmente brincar e fazer aquilo que não faziam na escola. Criar pequenas oficinas onde pudessem praticar trabalhos manuais, pintura, poesia, música, expressão dramática, inglês, etc.

“Esse era o nosso sonho inicial, proporcionar experiências diferentes às crianças e o apoio ao estudo seria apenas complementar e de uma forma muito aberta e muito pedagógica”, explica.

Mas o objetivo inicial depressa cedeu à pressão dos pais que queriam algo mais do “Descansa a Sacola”.

“Ao longo dos anos fomos sendo confrontados com uma pressão enorme por parte dos pais que queriam que as crianças aqui fizessem os trabalhos de casa, estudassem e se preparassem para as provas. Ora isso foi um corte radical na ambição de utilizarmos o espaço como um projeto pedagógico diferente”, conta.

Crítica do modelo pedagógico seguido pelo sistema de ensino português, Branca Carvalho aponta o dedo às escolas e professores a quem acusa de massacrarem diariamente as crianças “com fichas e fichas” para fazer em casa.

“As crianças precisam de brincar e por isso é que nós muitas vezes pedimos aos pais para que as deixem ficar um pouco mais para que elas tenham essa oportunidade. Para poderem brincar, saltar à corda, fazer jogos, saltar e interagir com as outras crianças. Temos pais que entendem isso mas outros não.”

Contrariando um pouco o espírito inicial do projeto e privilegiando neste momento o apoio ao estudo, o “Descansa a Sacola” não desistiu contudo das suas oficinas, que vai mantendo embora com menos frequência.

“Optamos por reduzir o número de horas. Por exemplo a oficina da palavra passou de uma vez por semana para uma vez por mês, o mesmo acontecendo com a de artes e a da culinária que era de quinze em quinze dias, passou também para mensal. No fundo tivemos que nos adaptar em função da pressão dos pais”, explica.

Aberto das 8 da manhã às 8 da noite o “Descansa a Sacola” não funciona apenas no período de aulas. Nas férias também está aberto com inúmeras atividades que privilegiam, sempre que possível, o contato com o exterior.

“Sempre que possível saímos com as crianças. De manhã vamos à praia e à tarde fazemos visitas de aprendizagem em Viana e noutros locais. Já fomos a Aveiro, Vila do Conde, Cerveira, Arcos, Ponte de Lima, etc. Já visitamos o Pavilhão do Conhecimento, da Água, o Sealife quando abriu, às vezes vamos ao cinema, a Santa Luzia, enfim procuramos fazer programas o mais diversificados possível e sempre que possível fora das quatro paredes do centro. Quando não saímos por qualquer razão, fazemos atividades no ATL como a caça ao tesouro, ateliers de culinária, etc.”

Procurar fazer sempre coisas novas e diferentes e que o programa das férias não se repita de uns anos para os outros é uma das preocupações da equipa do “Descansa a Sacola”.

“Temos crianças que nas férias vêm durante anos seguidos e por isso procuramos fazer coisas diferentes de uns anos para os outros. Normalmente fazemos um plano para esse período que às vezes é alterado desde que todos estejam de acordo. Procuramos que elas se divirtam sem grandes cargas, fazendo uma ficha ou outra de vez e quando só para não se esquecerem da matéria. É um período muito animado durante o qual as crianças se divertem muito”.

Ao fi m de quase 10 anos de atividade e mesmo vendo o seu projeto um pouco desvirtuado daquilo que era o sonho inicial, Branca Carvalho não se arrepende da sua decisão. Apesar de ainda não ter recuperado todo o capital que investiu, há uma coisa que já ninguém lhe tira: “os laços e os afetos que foi criando com os seus meninos ao longo dos anos”. E isso, garante, “vale mais do que tudo…”.

O balanço é portanto muito positivo, assegura.

“Do ponto de vista económico é um desastre. Nós investimos muito dinheiro no espaço. Tivemos que fazer obras para recuperar o edifício que era uma casa de habitação e isso custou-nos um grande investimento que ainda não conseguimos recuperar. Os nossos salários posso dizer-lhe que são muito modestos e trabalhamos muitas horas por dia porque temos a noção que é preciso dar resposta a muitas coisas”, explica.

Mas se o balanço económico “não é nada de especial” o mesmo já não se pode dizer em relação à grata experiência que tem sido trabalhar, ao longo de 10 anos, com as muitas crianças e jovens que já passaram pelo centro.

“Nós gostamos muito daquilo que fazemos. Trabalhar com crianças e ter aberto este espaço foi a melhor coisa que me podia ter acontecido na vida. Tenho aprendido muito com as crianças que por aqui têm passado. Com as suas vivencias, às vezes com o seu sofrimento, as suas dificuldades e a forma como as podemos ajudar no seu relacionamento com os outros, quer sejam colegas ou até com os pais. Isto é uma experiência de vida, é uma lição diária”, sublinha.

Mulher de desafios, Branca Carvalho abraçou há 3 anos um outro projeto: frequentar o curso de educadora de infância da Escola Superior de Educação de Viana do Castelo. Não leva vantagem na idade já que é das alunas mais velhas a frequentar o curso, mas toma a dianteira na experiência de lidar com os mais novos. E é por isso que se diz muitas vezes “surpreendida e até um pouco chocada” pela forma como alguns colegas, mais novos, lidam com as crianças e o seu mundo.

“Eu entrei tarde no ensino superior mas aprendi muito com a minha experiência e fico impressionada como e que às vezes há tanta falta de sensibilidade em relação a este mundo que são as crianças”.

Por tudo isto Branca Carvalho não tem dúvidas que valeu a pena mudar aos 49 anos.

“Tem sido uma experiência gratifi cante, gosto muito dos meus meninos, como se fossem meus fi lhos. Conheço-os a todos, sei o nome de todos, de onde vêm, a particularidade de cada um, o que gostam e o que não gostam”.

O “Descansa a Sacola” está instalado em pleno centro da cidade de Viana do Castelo, na Rua General Luís do Rego. Funciona diariamente das 8 da manhã às 8 da noite e proporciona uma série de serviços: Desde levar as crianças à escola e às atividades extra-ATL, apoiar no estudo e proporcionar uma série de oficinas temáticas, o “Descansa a Sacola” organiza ainda festas de aniversário, explicações e ainda um serviço de babysitting.

“Somos uma casa de apoio naquilo que os pais necessitam, por vezes somos a sua retaguarda quando a família não pode apoiar”, remata.