Cerca de 100 idosos e pessoas portadoras de deficiência terminaram no passado dia 30, nos Aliados, no Porto, um passeio a bordo de bicicletas especiais para celebrar a liberdade, que arrancou em 25 de abril em Caminha, em Viana do Castelo.
“Sinto uma alegria enorme. Estou fascinada, não haja dúvida. É a primeira vez. Fomos ao Norteshopping, andámos por aí fora. Que dia maravilhoso que estou a passar”, confessa Maria José Dias, 82 anos, em cima de uma “triobike” táxi, composta por dois lugares para passageiros, forrados a tecido vermelho.
Maria José Dias tem um lenço branco à cabeça para se sentir “quentinha e aconchegadinha”, porque sabe que em cima da bicicleta elétrica vai sentir o vento e pode ficar um bocadinho a tremer.
“Assim vou ótima”, conta, revelando que tem pena que esta iniciativa não aconteça mais vezes.
O passeio termina na Avenida dos Aliados, com a entrega aos participantes de uma coroa de louro na Câmara do Porto, a Grande Pedalada Grisalha, uma viagem realizada com bicicletas elétricas especiais, porque são adaptadas às pessoas que sofram de dificuldades de locomoção ou portadoras de deficiência, e cujo objetivo é maximizar o sentimento de liberdade de todos os passageiros, explicou Sílvia Freitas, da Pedalar Cidade do Porto, entidade organizadora.
“Partimos do dia 25 [de abril] e hoje chegámos ao Porto”, conta Sílvia Freitas, referindo que a iniciativa Grande Pedalada Grisalha contou com 149 pessoas, entre elas “97 pessoas idosas e pessoas portadoras de deficiência e 24 pilotos”.
Maria de Fátima Pereira, 92 anos, é a participante mais velha da iniciativa e explica que soube da Pedalada Grisalha no Centro de Convívio da Paróquia da Areosa, no Porto, através de voluntários que “dão o seu tempo para ajudarem aqueles que mais precisam”.
“Estou muito contente. Fizeram-me este desafio. Aceitei e foi maravilhoso”, conta Maria de Fátima, afirmando que “gostou de tudo”, porque teve “experiências fantásticas”.
“Apanhámos chuva, apanhámos sol. Ficámos atolados com as bicicletas e lembrou-me a minha terra, porque sou de Angola. Foi uma experiência que nunca julguei ter até esta idade”, descreve Maria de Fátima, acrescentando que se sentiu “livre” e que fez “muitos amigos” durante a iniciativa Grande Pedalada Grisalha – Pedalar sem Idade.
O projeto internacional nasceu há 13 anos na Dinamarca, foi-se espalhando por mais de 50 países até chegar ao Porto, em 2018.
A iniciativa que hoje termina teve como objetivo principal “maximizar o sentimento de liberdade” dos passageiros ao longo de seis dias, com seis etapas, explica Sílvia Freitas, reconhecendo que o evento fortaleceu as relações intergeracional.
Outro dos objetivos da Grande Pedalada Grisalha, que acolheu passageiros entre os 65 e os 93 anos, foi ativar o projeto em alguns lugares da Área Metropolitana do Porto, onde a organização também pretende estar, conta Sílvia Freitas, recordando que na segunda-feira a iniciativa esteve em Vila do Conde, com 40 participantes.
As bicicletas movem-se com a força da energia humana e com a ajuda do motor elétrico.
Estas “triobikes” – com três lugares (um para o piloto e dois para os passageiros) – oferecem ainda uma plataforma de acesso, que ajuda as pessoas a sentarem-se e mesmo com uma bengala ou uma muleta, tem cintos de segurança, explica Sílvia Freitas.
António Borges, o piloto mais antigo da organização Pedalar Cidade do Porto, destacou o convívio, o companheirismo e as emoções sentidas sobretudo entre pessoas, passageiros e a organização.
“Acho que foi muito bom. Muito bom. Os ciclistas são especiais e os acompanhantes”, concluiu, referindo que se tivesse de mudar alguma coisa era apenas “melhorar as condições climatéricas, pois a chuva do último dia atrasou a chegada ao Porto.
“De resto, acho que foi tudo maravilha”, disse.
Quem quiser participar nos próximos eventos pode contactar o Pedalar Cidade do Porto pelo telefone, por e-mail ou pelo site da Internet.
Lusa