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Vira Retro – um projeto inspirado na arte popular

 

O projeto nasceu em 2013 pela mão da vianense Adriana Santos e deu origem à “Vira Retro”, uma marca que aposta na criação e fabrico de diversos produtos feitos à mão com base em raízes populares e tradicionais portuguesas.

Cadernos cozidos à mão, lápis, borrachas, sacos e azulejos, são alguns dos objetos criados no atelier desta vianense que vive e trabalha na cidade do Porto.
Os azulejos antigos servem de fonte de inspiração para muitas das criações que já se podem encontrar de norte a sul do país e até no estrangeiro.

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O Empreende + desta semana esteve à conversa com Adriana Santos que revelou como surgiu a ideia de criar a Vira Retro. Ao longo da conversa percebemos a paixão que tem pela sua terra natal, as boas recordações que guarda dos tempos de infância passados na cidade e do contato com a família, fatores que acabaram por influenciar o seu percurso profissional.
Apaixonada pelas artes gráficas não foi difícil perceber que era por aí que gostava de se aventurar. Depois do curso que frequentou em Vila Nova de Cerveira, Adriana teve oportunidade de trabalhar na área.
“Frequentei uma formação de Artes Gráficas em Cerveira e daí começou o meu gosto pelas encadernações e impressões. Depois de ter tirado essa formação estive mais ou menos dois anos a trabalhar numa tipografia. Adorei e tive imensa pena não poder continuar. Durante esse período tive o prazer de trabalhar com um senhor que me ensinou muito sobre encadernações”.
Depois de ter trabalhado dois anos em artes gráficas Adriana decide ir para o Porto onde tirou uma licenciatura em fotografia e mais tarde o mestrado em artes visuais e intermédia.
Terminado o curso Adriana Santos experimentou diversos trabalhos mas a verdade é que nenhum deles a deixava satisfeita. “Eram trabalhos que nada tinham a ver com a minha área e por isso sentia que ir trabalhar era mais uma obrigação do que propriamente um prazer”.
A insatisfação profissional levou-a a materializar uma ideia que guardava na cabeça desde muito novinha, criar algo seu.
“A minha ideia sempre foi criar um projeto que fosse só meu. Desde novinha que gostava de ter algo que fosse criado por mim e como não estava satisfeita com o que estava a fazer, decidi avançar”.
Desde pequena que uma das paixões de Adriana era colecionar cadernos, lápis e canetas. Foi então que pensou: porque não dar corpo a essa paixão e avançar com um projeto para eu trabalhar? Foi o que fez em 2013.

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Mas comecemos pelo nome Vira Retro e pelo seu significado. Depois de muitas voltas e dúvidas sobre qual o nome a dar ao projeto, Adriana decidiu que Vira seria um bom começo.
“O Vira surgiu porque em Viana é uma dança que quase toda a gente sabe dançar e daí ter surgido esta brincadeira com o vira enquanto dança tradicional que nós temos. O Retro tem a ver com algo que vem do passado, com as lembranças que vêm do passado e que podem ser novamente trabalhadas na atualidade. No fundo este vira tem aqui um duplo dignificado: por uma lado a dança e por outro a oportunidade de virar de novo fazendo reaparecer novos conceitos como por exemplo o lápis e os cadernos que, com as novas tecnologias, acabaram por ser um pouco esquecidos”.

A Vira Retro começou com os chamados artigos de papelaria mas neste momento a marca já avançou para outros produtos como os sacos de pano e os azulejos.
viraretro3“Inicialmente eu só trabalhava na área da papelaria com os cadernos cozidos à mão, os lápis e as borrachas. Estes foram os 3 primeiros produtos que lancei. Mais tarde lancei os marcadores de livros e há pouco tempo, em parceria com uma artista de Viana, a Iva Viana, produzimos uns pisa papéis. Entretanto e porque as pessoas me lançaram o desafio, lancei também os sacos de algodão estampados com azulejos portugueses e mais recentemente criei uns packs de azulejos em vinil que as pessoas podem utilizar para decorar. Com este último projeto já saí um bocadinho da papelaria para entrar na decoração”.
A cerâmica tipicamente portuguesa, nomeadamente os azulejos, são a grande fonte de inspiração de Adriana. “Sempre tive um fascínio muito grande pela cerâmica porque na minha família tinha um tio avô que trabalhava na Vista Alegre e que eu desde pequena habituei-me a vê-lo pintar as peças à mão. Isso fez com que eu tivesse desde sempre um fascínio muito grande pelas cerâmicas, nomeadamente pelo azulejo que é algo que ainda decora as nossa ruas. Então decidi que o azulejo era o ideal para os meus trabalhos porque é um padrão que se pode repetir de várias formas o que permite criar várias capas”.
Aos azulejos, a artista decidiu numa das suas coleções juntar monumentos históricos e religiosos da cidade de Viana e assim nasceu a coleção “Vi Ana do Castelo”.
Trata-se de uma homenagem à cidade que a viu nascer. “Os monumentos escolhidos remetem-me a histórias e instantes da minha vida, brincadeiras de infância, festas com os bons amigos e a celebração da maior romaria do país”, explica.

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A coleção “Vi Ana do Castelo” une a base do projeto Vira Retro (azulejos e mosaicos portugueses) com a fotografia dos monumentos. “A união destes dois ícones foi trabalhada de forma a transmitir o que sinto e o que a cidade me transmite”, acrescenta.
Os produtos da Vira Retro podem ser adquiridos de norte a sul do país e até no estrangeiro como revela a sua criadora.
“Neste momento, mais a norte de Portugal, os produtos da Vira Retro podem ser adquiridos em Caminha, na Tabacaria Gomes. Depois também podem ser adquiridos em Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Tavira, Albufeira, enfim em vários locais de norte a sul do país. Depois existe a página do fecebook onde as pessoas podem entrar em contato comigo e encomendarem os produtos. Na Europa estamos em Inglaterra, Áustria e Bélgica”.
A aceitação das criações Vira Retro não podia ser melhor. Segundo Adriana o feedback das pessoas tem sido extraordinário. “O feedback que as pessoas me dão é sempre muito positivo. Acima de tudo as pessoas acham este projeto uma boa forma de divulgar aquilo que é nosso, a nossa cultura e o nosso passado. A verdade é que as pessoas adoram e estão sempre a lançar-me novos desafios”.
O maior obstáculo, revela, “acaba por ser o ritmo de vida atual que conduz a maioria das pessoas para um percurso casa-trabalho-casa, sem tempo para se aperceberem da arte tradicional que nos rodeia”.

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Mas o que efetivamente não passa despercebido é o trabalho de Adriana que já recebeu encomendas que vão desde lembranças e álbuns de casamento, passando por sebentas com frases personalizadas, embalagens alimentares com inspiração nos azulejos. Mas a encomenda mais “original” e “desafiadora”, confidencia, “foi a criação de uma carta para um restaurante japonês que combina o papel e a madeira”.

A moda é outra das áreas que fascina esta criadora e uma incursão por este mundo não está fora de questão.
“A moda é de facto uma área que me fascina muito e quem sabe se um dia não poderei estará idealizar padrões novos para o mundo da moda. Era um sonho, sim”.
Num mundo cada vez mais globalizado em que a escrita é absorvida pelas novas tecnologias, será que faz sentido reavivar os cadernos as sebentas e os lápis? Adriana quer acreditar que sim.
“Eu acredito que sim e espero não estar a cometer um erro. A verdade é que as pessoas que veem ter comigo acham piada. As pessoas de mais idade porque se lembram da sua infância e ficam fascinadas pelos cadernos ou sebentas, s mais novos porque acham piada a comparam com as novas tecnologias. Por isso acho que este projeto tem tudo para correr bem e para se manter no mercado durante mais algum tempo.”

Os cadernos voltam a estar na moda pela mão da Vira Retro, um projeto 100 por cento português onde o amor pela arte popular e as raízes tradicionais se destacam.

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