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Terça-feira, 22 Abril, 2025
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Vida longa ao Caminhense

Parabéns!
50 anos a celebrar Caminha. O mesmo sonho inicial de dar voz e memória à nossa extraordinária terra, com verdade e pluralismo, com altos e muitos baixos, com virtudes e tantos defeitos mas sempre de Caminha inteiros e apaixonados. Páginas sobre actualidade, cultura, desporto e história começam dar corpo às primeiras edições do jornal e a formar a opinião dos nossos leitores espalhados pelo concelho, pelo país e pelo mundo, à procura de um conterrâneo onde quer que esteja, desde 21 de Julho de 1971. Começa assim a completar-se a primeira carteira de assinantes. Já temos liberdade para informar e leitores à nossa espera. Foi este Caminhense ainda tímido mas profícuo em projectos, o embrião dos primeiros artigos que dariam origem à revista Caminiana, cortesia do amor maior de António Guerreiro Cepa a Caminha. Dezasseis volumes a contar o nosso ADN. Finalmente, já sabemos quem fomos e o que somos.

Juntam-se colaboradores, empresas, anunciantes, instituições, forças vivas e massa crítica . (Hoje alguma desta massa crítica foi entretanto silenciada pelas exigências partidárias da falta de emprego, negócio e oportunidades locais. Querem Caminha mudada mas têm muito medo de afirmá-la. Desabafam baixo, quase em sussurro, sobre o desenvolvimento que não se concretiza em todo o concelho. Dívida aumentada, impostos taxados no máximo, água vendida e cara, incapacidade de gerar emprego e riqueza, relacionamento transfronteiriço amputado pela falta de uma ligação efectiva a Espanha, constante assoreamento do Portinho de Vila Praia de Âncora e da barra do rio Minho, Serra d’Arga ameaçada, falta de uma rede de transportes que faça a ligação das freguesias às duas vilas do concelho, só para dar alguns exemplos. Os problemas políticos de Caminha não têm partido, têm, isso sim, décadas de atraso. Como compreendo o receio destas pessoas de falar em liberdade. Têm pavor das represálias e dos acertos de contas partidários às suas freguesias, aos seus negócios, aos seus filhos, ao seu futuro. É uma doença que se tornou crónica que divide a comunidade e segrega os desconfortáveis. O poder vive do medo. Quem perde? Caminha.)

Segue-se a Rádio Caminha e o Jornal-C online. Completa-se o nosso projecto de comunicação social. Perdemos o seu fundador em 1995 e, de seguida, sofremos o maior assalto de sempre à nossa, hoje constatamos, gigante empreitada. Não foi consentido. Continuámos, jovens e incertos, mas com grande entusiasmo. Novos jornalistas, sonoplastas e animadores, nova frequência para a Rádio, novo posto emissor, sinal para todo o distrito e vizinha Galiza. Novo modelo para a estação de rádio mais próximo dos jovens.
Neste meio século discutimos perspectivas, abrimos novos caminhos, demos voz e cara aos problemas que afectam esta comunidade e o seu território. Ajudámos sempre na procura de soluções. Muito mais poderíamos ser se tivesse sido compreendida a importância cultural do nosso papel em Caminha. A comunicação social presta um serviço público que deve e merece ser apoiado. Como o são todos os órgãos de comunicação social no distrito e por esse país fora. Somos uma triste e cinzenta excepção. Somos antes o espelho da desvalorização que afecta tantos parceiros da nossa terra noutras áreas. Diz do pouco valor que se dá à nossa identidade. Talvez por desconhecimento.
Nem tudo foi indiferença nos últimos tempos, o reconhecimento público chegou da figura mais alta do Estado português. Marcelo Rebelo de Sousa, depois de conhecer o nosso maravilhoso arquivo, trouxe-nos de surpresa a melhor homenagem: discutir na nossa rádio, em debate com jovens, o futuro que se pretende para a nossa terra.
Chegados aqui, com todos os motivos para festejar, nunca pensamos ficar tão felizes pela simbólica e enorme celebração resiliente de ainda cá estarmos, de levarmos até si o luxo de mais uma edição impressa, no tempo de todas as dificuldades e desafios. Para justificar que a liberdade de imprensa não pode nunca ser dada como garantida e, tal como a democracia, exige hoje extenuante e constante participação. Vivemos na esperança de noticiar o lugar que todos sentimos que Caminha vai ter.
Depois de vos agradecer a vossa companhia nesta já longa caminhada, resta-me pedir-vos que apoiem com confiança o jornalismo livre e o valor democrático maior da liberdade de imprensa. Traga mais um amigo e assine este jornal que também é Caminha.

PS: Agradeço à minha mãe, como Administradora, a paciência, o trabalho e dedicação a este projecto. Sem ela, esteio da nossa família, nada disto seria possível.

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