O presidente do Conselho Estratégico do laboratório de ideias da Fundação AEP (Associação Empresarial de Portugal) defendeu esta segunda feira que exista um “trabalho continuado” entre as cimeiras de Portugal e Espanha, para evitar decisões que ficam no papel.
“Entre duas cimeiras ibéricas deve haver um trabalho continuado. Criando, por exemplo, um secretariado técnico, eventualmente coordenado pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros dos dois países. Era importante ter trabalho feito entre cada cimeira. Já aprovámos muitas linhas de TGV [comboio de alta velocidade] que acabaram por não sair do papel”, observou Luís Braga da Cruz.
O presidente do Conselho Estratégico do ‘Think Tank’ Portugal por Inteiro, promovido pela Fundação AEP e a Fundação Serralves, falava na quinta edição da iniciativa, durante a conferência “Cooperação Transfronteiriça na Perspetiva Económica e Social”, que se realizou ontem em Valença, distrito de Viana do Castelo, integrada no programa de comemorações dos 15 anos da CIM Alto Minho – Comunidade Intermunicipal do Alto Minho.
Braga da Cruz apontou também a necessidade de rever o Tratado de Valência, assinado entre Portugal e Espanha em 2002 sobre Cooperação Transfronteiriça entre Instâncias e Entidades Territoriais, após o qual a zona de fronteira luso-espanhola se converteu “numa das mais bem estruturadas, dinâmicas e organizadas da União Europeia”.
Esta revisão, disse, seria importante para “redefinir o espaço para a cooperação transfronteiriça”.
Para Braga da Cruz, a inovação é, atualmente, “o fator mais decisivo para determinar a competitividade territorial” da fronteira luso-espanhola.
O conferencista sugeriu ainda a criação de uma nova geração de mecanismos de cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha, focados nas pessoas, na saúde, emprego, educação e lazer.
“É importante promover uma nova geração de mecanismos de cooperação, levando a que os programas se foquem, de facto, nos cidadãos e nas questões que os preocupam, como a saúde, a educação, a cultura, o lazer, o emprego”, disse.
Para o outro conferencista, Juan Manuel Vieites presidente da Confederação de Empresários da Galiza, a ligação de Alta Velocidade entre Porto e Vigo e o estatuto do trabalhador transfronteiriço são “necessários” neste momento.
O responsável apontou como dificuldade à relação entre o Norte de Portugal e a Galiza a “simetria de competências”, porque a Galiza tem poder legislativo e “Portugal continua a ser um país centralizado”.
O encontro teve por objetivo fomentar a discussão e a troca de ideias sobre a importância da colaboração entre regiões transfronteiriças para o desenvolvimento económico e social.
O ‘Think Tank’ Portugal por Inteiro/Territórios de Futuro é um laboratório de ideias criado pela Fundação AEP, com a missão de promover uma reflexão prospetiva e estratégica sobre o futuro do país a partir dos seus territórios.
“Mobilizando o saber e a experiência de empresários, académicos, profissionais liberais, dirigentes associativos e inúmeras personalidades da sociedade civil, esta reflexão está focada nos problemas estruturais do país, com particular incidência na coesão, na competitividade e na sustentabilidade territorial, à luz dos desafios e oportunidades geradas pelas mutações demográficas, climáticas, digitais e energéticas”, descreve a organização.
LUSA