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Sexta-feira, 28 Março, 2025
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Um Caminho para Caminha – Educação – Escola Especialmente Inclusiva ou Inclusivamente Especial

“…Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino,
sino estelas en la mar…”

António Machado Ruiz, Cantares

Um Caminho para Caminha
4. Educação
c. Escola Especialmente Inclusiva ou Inclusivamente Especial

Se há legado que o Prof. Doutor Tiago Brandão Rodrigues e o Sombrio Dr. António Costa (assessor, Secretário de Estado e por fim Ministro) deixaram na educação em Portugal, foi a semântica.

Em 2018, com grande pompa e circunstância meteram a Educação Especial num saco, e inauguraram a Educação Inclusiva com o Decreto-Lei n.º 54/2018. Leiam o dl_54_2018.pdf que vale a pena para entender a realidade virtual na qual ditas mentes locubram.

Ao meterem tudo no mesmo saco, criaram um emaranhado de procedimentos, grupos, interações, conjugações, dinâmicas, intervenções, adequações e outros conceitos do domínio da teoria das redes que, sem resolverem qualquer dos problemas latentes, apenas acrescentaram ao trabalho dos profissionais da educação, burocracia e indefinição.

Não é por falta de siglas e conceitos que o malfadado decreto deixa de ter um ar pensado e sério: o SNIPI, as NSE, a interação com as ACES, as barreiras à aprendizagem, “um contínuo de medidas universais, seletivas e adicionais”, “necessidades de todos e de cada um dos alunos”.

Claro que essas Doutas Mentes, ocupadas em tão sofisticados pensamentos, não dedicaram o seu precioso tempo a perceber como a realidade tantas vezes ultrapassa a ficção dos mais refinados cérebros.

A preocupação com a inclusão não Incluiu a preocupação com os meios físicos e humanos. A fantástica ideia da inclusão de Migrantes esqueceu-se de incluir esse pensamento terreno que é: se vamos ter mais alunos, precisamos de mais salas, de mais professores.

A fantástica ideia da Intervenção Precoce na Infância, numa “dinâmica agregadora de esforços” de distintas entidades na área da educação, da saúde e do sector social, esqueceu-se que de Monção a Vilar de Mouros são 50 km para cada lado.

Ao meter no mesmo saco, as necessidades de um aluno autista ou com Síndrome de Down e de um aluno que simplesmente não fala Português, cujos pais não falam português, essas Doutas mentes, disseram às escolas: desenrasquem-se.

O problema é que as escolas, para se desenrascarem, tem de interagir com as ACES, que por acaso, entretanto foram extintas, tem de ter recursos humanos adicionais que são responsabilidades das autarquias, precisam de mais meios materiais que essas Doutas Mentes não consignaram em dito malfadado decreto.

E assim, nas escolas como em muitas outras áreas, “cá se vai andando”, “com a cabeça entre as orelhas”, cada um “a fazer o melhor que pode”.

Os alunos, esses, agarrados aos seus telemóveis em qualquer minuto livre, desprezam esse mundo imaginário das Doutas Mentes que nunca estiveram à frente de 28 adolescentes, dos quais 10 são migrantes que mal falam português, 3 ou 4 tem déficit de aprendizagem e 1 é autista.

Para qualquer escola e neste caso para o Agrupamento de Escolas de Caminha, há todavia uma esperança: esquecer essas diatribes legislativas dos gurus pedagogos e demagogos e, optar por cumprir a função primeira de uma escola pública: dar a cada aluno o estímulo e as ferramentas para a vida, de acordo com o seu potencial intelectual absoluto, dando mais de si professores e todos os profissionais da educação, àqueles que mais precisam.

Esse é o papel da escola Pública, nivelar o que lhe chega desnivelado, equilibrar o que chega desequilibrado. A escola pública é a caixa que enforma o Elevador Social, se não cumpre esse objetivo, não tem razão de existir.

Para isso, a escola não tem de se adaptar às modas ou minorias que mais gritem ou que tenham mais voz na comunicação social. Aqueles que chegam à escola, e as suas famílias, tem esses sim que se adaptar aos valores éticos da mesma, e respeitar os seus princípios de funcionamento e boa convivência.

Por isso, o Indicador dos resultados do trabalho duma Escola Pública é muito simples: qual a % dos seus alunos que aos 25 anos tem um nível académico, uma profissão e uma remuneração, superior à dos seus progenitores.

Se aceitarem este indicador e tudo na escola tiver como objetivo melhorá-lo, o Agrupamento de Escolas de Caminha cumpre o seu papel social.

Carlos Novais de Araújo
17 de Fevereiro de 2025

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