“…Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino,
sino estelas en la mar…”
António Machado Ruiz, Cantares
Um Caminho para Caminha
5. DESPORTO E CULTURA
a. Destinados aos Residentes e às suas Necessidades
Faz parte das obrigações dum Município, no quadro da promoção da coesão social e do desenvolvimento humano das suas populações, promover atividades, ações e iniciativas no âmbito do Desporto e da Cultura.
Confundir esse objetivo, responsabilidade e ações com a suposta promoção do concelho como destino turístico, que nos últimos anos tem na realidade sido a promoção dos presidentes de Câmara, é irresponsável e ridículo.
Tudo o que a Câmara Municipal faz, mais aquilo que não faz porque feito por outros, mas do qual se apropria em termos de imagem, são “eventos” para promover Caminha.
Ele é “onde o norte passa o ano”, mais “o carnaval a norte”, a rua direita do álcool e das drogas na madrugada, nunca a horas civilizadas. Ele é o triatlo mais longo, a impedir o acesso à sede do concelho, a festa da cerveja a ocupar o espaço público mais nobre.
Tudo são eventos e tudo atrai milhões de visitantes. Com esse pretexto lá se vão centenas de milhares de euros dos contribuintes em subsídios, campanhas, promoções e foliões.
Mas o que faz a Câmara de Caminha, em termos culturais e desportivos, para os seus residentes, para aqueles que lhes pagam as despesas e os salários com os seus impostos?
Isso, tudo deixa à boa vontade das associações e clubes que, subsidia sem critério nem controlo, em função da rede de interesses políticos e interessados influentes no dia das eleições.
Tem que fazer mais e melhor a Câmara Municipal de Caminha e não é com a dinastia Miguelista que tal será possível. Burro velho não toma andadura, mesmo que a idade seja tenra, os maus hábitos e vícios aprendidos nas jotinhas, não se perdem facilmente.
Quem vier a governar a Câmara de Caminha, muito tem para fazer para sair deste ciclo de eventos e promoções e fazer melhor não é difícil.
A integração no Desporto escolar de áreas que tanto dizem ao nosso concelho, porque tem raízes no que a natureza de melhor nos deu: Remo, Canoagem, Vela, Surf, Kite-Surf, Wind Surf, Montanhismo, etc.
Atividades de Música e Teatro feitas por residentes para residentes, em lugar de estar a pagar a entidades e agrupações externas para fazerem espetáculos para 20 e 30 espectadores ou às vezes nem isso.
Estes são apenas 2 exemplos que os conhecedores profundos do Concelho poderão multiplicar.
Tudo se resume a uma mudança de foco: em lugar de tudo fazer e a maioria das vezes com efeitos duvidosos, para atrair visitantes, começar a tudo fazer para satisfazer as necessidades dos residentes e para promover o seu desenvolvimento e bem estar.
Deixem-se de “eventos” e “inventos” porque o que fazem é muito pobre quando comparado com outros concelhos da região e, portanto, o dinheiro despendido é deitado ao lixo.
É preciso governar com os Caminhenses e Para os Caminhenses. Se o fizerem bem, muitos outros quererão ser residentes do Concelho e não apenas visitantes foliões por umas horas.
Carlos Novais de Araújo
3 de Março de 2025
