“…Al andar se hace camino
Y al volver la vista atrás
Se ve la senda que nunca
Se ha de volver a pisar
Caminante no hay camino,
sino estelas en la mar…”
António Machado Ruiz, Cantares
Um Caminho para Caminha
3. Serviços de Saúde
a. Colocar a Rede a funcionar
O Ecossistema da Saúde em Caminha, como em qualquer território, inclui no seu sentido lato: Centros de Saúde Públicos, Consultórios Privados, Centros de Enfermagem Privados, Farmácias, Óticas, Residências seniores (que tem os seus médicos e enfermeiros responsáveis), IPSS com outras valências, Bombeiros, Centros de Fisioterapia, Piscinas, Ginásios e Clubes Desportivos, Nadadores-Salvadores na época Balnear, Polícia Marítima e GNR e outros que podemos não estar a referir.
Colocar esta rede a funcionar de per si e igualmente importante, em articulação harmónica com os hospitais da referência da região, requer antes do mais, conhecê-la em profundidade e detalhe, coisa que se existe, não é pública e não o sendo não se pode avaliar.
Desse modo, como Entidade Responsável pelo Bem estar dos Habitantes no seu Território, é dever da Câmara Municipal fazer um inventário exaustivo das entidades e profissionais que a tempo total, parcial, esporádico ou voluntário, formal ou informal, prestam serviços no âmbito da saúde do Concelho, pois só dessa forma pode monitorizar e contribuir para melhorar o funcionamento dessa rede, servindo melhor as suas populações.
Só referenciando de forma detalhada, essas entidades e número e qualificações dos vários profissionais de saúde que as integram, bem como aqueles que não estão sequer referenciados, pode a Câmara Municipal perceber e decidir se por exemplo:
– fará sentido a Câmara Municipal, ela própria, contratar Médicos de determinadas especialidades para prestarem serviços regulares no Concelho?
– fará sentido a Câmara Municipal, adequar e disponibilizar espaços e infraestruturas para Consultórios/ Clínicas?
-será que residem -pelo menos por temporadas- no Concelho, Médicos especialistas jubilados, que possam contribuir com o seu trabalho nesses consultórios ou nas IPSS?
-como se pode coordenar, financiar e controlar, deslocações dos cidadãos residentes, por necessidades de saúde;
-Com a sazonalidade evidente na população do Concelho, que medidas devem ser tomadas nas épocas altas para que os residentes habituais não vejam a resposta às suas necessidades ser deficiente e os residentes não habituais possam também ser atendidos se necessário?
Como um bom Bench Mark, pode a Câmara Municipal fazer um inquérito anónimo aos seus funcionários (mais de 340) para perceber, entre outros pontos:
em que situações usam os serviços públicos existentes no Concelho ou recorrem, via ADSE, aos privados existentes em Cerveira ou Viana;
quais as situações mais comuns para recorrer a cada tipologia de serviços;
qual a adesão aos rastreios Oncológicos, Oftalmológicos, etc;
Muitas outras questões se levantam e precisam ser estudadas mas para isso, antes do mais terá a Câmara de Caminha, de fazer um Census Concelhio sério e profundo, para em termos de Saúde, com noutras áreas essenciais, saber pelo menos com o que tem de lidar, aquilo pelo que é responsável.
Se não o fizer, nesta como noutras áreas, continua a navegar à vista, até encalhar, como o pobre Ferry que já só um tsunami na ribeira minho, pode salvar.
post scriptum: Quem enlameia a política são os políticos do pântano que transportam a Lama para as instituições, nas suas botas e nas suas garras; e não aqueles que mostram e denunciam como a Lama chegou ao primeiro andar dos Paços do Concelho.
Carlos Novais de Araújo
8 de Dezembro de 2024