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Quinta-feira, 13 Fevereiro, 2025
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Seixas: Foguetes voltaram-se a ouvir na Romaria de São Bento

Uma missa campal seguida de meio-dia de fogo de artificio, deram o arranque para as celebrações do São Bento de Inverno que se comemora amanhã na freguesia de Seixas.

A festa vai prolungar-se pela tarde fora com a atuação da Banda de Lanhelas que dará um concerto no Largo de São Bento.

As festividades daquela que é considerada uma das romarias mais importantes e mais antigas do concelho de Caminha, prossegue amanhã com a missa solene em honra do Patriarca São Bento.

A festa grande tem lugar no mês de julho e, se tudo correr bem, depois de dois anos de interregno, a freguesia volta a receber em grande a sua romaria.

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Culto a São Bento na freguesia de Seixas é anterior ao século VI

 

No secular devoção a São Bento na freguesia de Seixas, importa destacar dois acontecimentos que marcam a história deste culto. Segundo o Padre António Silva, que em 1965 publicou no Jornal “Notícias de Viana” um artigo referente ao Santuário de São Bento de Seixas, diz que os dois acontecimento foram precisamente a instituição da Irmandade e a construção do Santuário. É certamente bastante anterior ao século VI a devoção do Santo Patriarca a esta freguesia.
O documento mais antigo é uma Provisão de D. Afonso V, do ano de 1455, a conceder o privilégio para se poder no Souto da Capela fazer a Feira Franca, por ocasião das festas de São Bento.
Por várias vezes foi renovada a petição por parte do concelho e homens bons da vila de Caminha, dos reitores de Seixas.
Até meados no ano de 1848, o Santuário era administrado, primeiro pela Confraria do Subsino, depois pela Comissão da Paróquia (Junta), a que normalmente presidia o pároco.
A Irmandade de São Bento foi criada a 18 de junho de 1848 como consta no livro da Eleição dos Estatutos e Alvará Régio que confirma os mesmos.
O estabelecimento da Irmandade foi decisivo, marcou uma nova época. Porém, de início, não foi pacífica a sua gerência, logo sobressaltada com penalidades e interditos. Houve grandes desentendimentos.
As receitas da capela, despendido o necessário ao culto e reconversão da mesma, faziam parte do benefício paroquial e daí as desavenças que com o tempo se foram serenando.
Não obstante, a Irmandade foi prosperando, mercê da força de vontade dos mesários e por ser intensa a devoção ao milagroso santo, não havendo nas proximidades outro Santuário Consagrado como este.
O do Cossourado, em Coura, é mais recente, deve datar do principio do século XIII.
O rendimento até então não era elevado, começando depois a aumentar progressivamente.
Era constituído pelas esmolas dos romeiros devotos, pela oferta de géneros como o milho, centeio, vindo, azeite, aves, alhos, linho, objetos de ouro e peças de vestuário. Era constituído ainda pelo aluguer dos alpendres e barracas móveis dos feirantes, pelo apuro das pescarias, juros de capital mutuado e ofertas dos benfeitores.
Como a classe piscatória predominava em Seixas, assim o número de Confrades da Irmandade era de pescadores. Por isso foi muito bem aceite a sugestão de oferecer a S. Bento uma noite ou um dia de pesca que se tornou numa tradição que perdura até aos dias de hoje.
Aproximadamente um terço do rendimento era dispendido com as duas festas, a menor em março e a maior em julho. Na primeira havia apenas missa solene, com sermão e assistência de uma música reduzida. Na segunda havia vésperas, missa solene, sermão e procissão, banda, gaiteiros, muito fogo, preso e do ar, que era queimado de cima de um castelo feito de madeira.
Em 1868 foram obtidas indulgencias concedidas por Pio IX e começou a haver jubileu para os confrades e 10 padres confessores.
À festa assistiam sempre 7, incluindo o Pároco.
A armação da capela e o ardor do Santo vinham ora de Caminha, ora de Vila Nova de Cerveira, assim como a cera.
As opas para a procissão vinham de Caminha e o fogo de Viana porque nessa data ainda não havia fabrico em Lanhelas, nem Banda de Música. As mais convidadas era as de Caminha e de Gondarém.
No Santuário, além de São Bento, do qual havia duas imagens, eram venerados outros santos: São Marçal, a 7 de julho, dia da vinda do clamor de Caminha; Santo António, São José, desde os princípios do século XIX; o Senhor dos Aflitos, desde meados do mesmo ano e a Senhora da Conceição em 1870.
O templo atual foi reedificado em 1870, por iniciativa do então Luiz da Irmandade, o Benemérito Pedro José Malheiro. À custa de sacrifícios e dedicações viu realizado este arrojado empreendimento.
Frei José do Bom Sucesso Guerreiro, coevo deste acontecimento, deixou escrito: “A Capela de São Bento destruída e reedificada de novo em 1870, e deram cabo de várias figuras de pedra por fora, as quais se deviam conservar”.
Eis o testemunho importante, pois nos deixa antever qual seria o valor arquitetonico da primitiva e sacrificada capela, da qual não ficou qualquer relíquia.
Sabe-se que tinha 3 altares e em 1847 nela foi aberta uma porta para serviço do púlpito. Em 1846 tinham rasgado mais duas frestas da Capela-Mor, em 1848foi midificado o campanário onde havia só uma sineta e em 1847 também foi mudado o cruzeiro que estava no 3 encruzilhado. Em 1863 foi colocado o “Oratório da Estrada”.
Concluído o novo templo, Manuel João Batista ofereceu o sino grande e a imagem da Senhora da Conceição. O relógio da torre foi obtido por uma subscrição feita em Manaus-Brasil.
A Irmandade foi sempre muito zelosa nos sufrágios pelos confrades falecidos, bem como na assistência material dos confrades inválidos e necessitados. Esta função foi sendo mantida ao longo dos séculos, de modo a transformar a Casa de São Bento, numa Casa de Assistência para toda a freguesia e o Santo Patriarca o seu mais insigne benfeitor.

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