Guimarães conta desde finais de Janeiro, com quatro novas exposições que estão no Palácio Vila Flor e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG).
“Bufos”, de José Almeida Pereira, com a participação de Cristina Mateus e Max Fernandes, ocupa as salas de exposição do Palácio Vila Flor entre 28 de Janeiro e 03 de Junho. Contra a fugacidade do tempo, “Bufos” é uma exposição que incita a imaginação do observador e convida-o a demorar-se no espaço sensível da sua subjectividade para escapar à luz estroboscópica das imagens. As temáticas abordadas nas obras em exposição fazem um retorno aos valores humanos inscritos na pintura, distanciando-se do presente e assumindo esse recuo.
No Centro Internacional das Artes José de Guimarães que, conta neste ciclo expositivo com duas novas exposições temporárias e ainda uma nova montagem da colecção permanente.
Rui Moreira traz ao CIAJG “Os Pirómanos”, exposição concebida em parceria com a EGEAC, em que o artista apresenta a mais abrangente exposição que alguma vez realizou em Portugal. Nascido em 1971, Rui Moreira tem vindo a desenvolver um percurso ímpar, extraordinariamente singular e raro no panorama nacional e internacional da arte contemporânea. O seu trabalho desenvolve-se quase exclusivamente na área do desenho e constitui-se como um terreno de reflexão política e poética sobre a condição humana. Aqui poderá ver-se um amplo conjunto de desenhos de grande escala – cuja execução, meticulosa e densa, se estende por vários meses, como que incorporando o tempo do quotidiano bem como o tempo da história. O cinema, a poesia, a citação de outros artistas, alguns anónimos, de outros tempos, são referências constantes num trabalho que faz conviver de forma sublime a figura geométrica, a proliferação de formas-simbólicas e a figura humana, afinal o centro de todo o pensamento do artista.
Para além da exposição de Rui Moreira, o CIAJG conta com a exposição “Destinerrância – o lugar do morto é o lugar da fotografia”, de Edgar Martins. Poucos fotógrafos têm, como Edgar Martins, desenvolvido uma reflexão tão poderosa sobre os regimes de visualidade contemporâneos, o uso da fotografia em contexto institucional e a relação da fotografia com a nossa vida e a nossa morte. A exposição que apresenta no CIAJG resulta de um projeto que foi longamente preparado e que teve duas primeiras e consideravelmente mais pequenas apresentações em Lisboa, no MAAT e na Cristina Guerra Contemporary Art. Trata-se de uma investigação empreendida nos arquivos do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, a instituição que tem jurisdição legal sobre o corpo depois da morte. A reflexão visual que levou a cabo resulta numa exposição poderosa e, por vezes, chocante, do poder da imagem fotográfica e gráfica para reter a memória de um corpo que transpôs ou está prestes a transpor a fronteira que separa a vida da morte, a respiração da petrificação. Nesse sentido, convocando imagens de arquivo – entre fotografias, desenhos e carts, por exemplo, e imagens do autor, a exposição constitui-se como um momento privilegiado para pensarmos o papel da fotografia no mapeamento da morte. As exposições de Rui Moreira e Edgar Martins poderão ser visitadas até 04 de junho.
Este ano, também a coleção permanente do CIAJG contará com novas intervenções – “Birds”, de Christine Henry, “Sem escala”, de António Bolota, e “Stefano Serafin, Arte em Estado de Guerra” – assumindo o título “Cosmic, Sonic, Animistic”. 2017 será um ano de muita movimentação no espaço da coleção permanente do CIAJG com uma constante alternância entre artistas mais novos e mais experientes e com uma grande variedade de propostas, incluindo a apresentação de obras inéditas de José de Guimarães, patrono do Centro. O corpo será abordado sob diferentes pontos de vista – o corpo e a morte, o corpo e a guerra, o corpo e a história, a representação do corpo. Vivem-se tempos de incerteza, tudo parece mudar velozmente e com direção aleatória. Neste ciclo, falar-se-á sobre mudança e permanência, mostrando a grande e a pequena escala, o universal e o íntimo. Numa época de dúvida, a memória ganha uma importância fundamental. Assim, são vários os artistas que trabalham com arquivos, que procuram sondar o passado e trazê-lo ao presente para preparar, talvez, a construção do futuro.
O Palácio Vila Flor encontra-se aberto de terça a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00. O Centro Internacional das Artes José de Guimarães pode ser visitado de terça a domingo, no mesmo horário. Aos domingos de manhã, a entrada no CIAJG é gratuita.