Os preços dos alimentos continuam a subir. A 30 de março, um cabaz de produtos alimentares essenciais custava mais 10 euros (+5,45%) do que a 23 de fevereiro, um dia antes do início da guerra na Ucrânia. Em pouco mais de um mês, o preço do cabaz passou de 183,63 euros (23 de fevereiro) para 193,63 euros (30 de março).
Os números são avançados pela DECO.
Desde fevereiro, temos monitorizado todas as quartas-feiras, com base nos preços recolhidos no dia anterior, os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga. Começamos por calcular o preço médio por produto em todas as lojas online do nosso simulador em que se encontra disponível, e depois, somando o preço médio de todos os produtos, obtemos o custo do cabaz para um determinado dia. Esta análise tem revelado aumentos consecutivos, de semana para semana.
Entre os produtos que sofreram a maior variação de preço na semana entre 23 e 30 de março, contam-se, por exemplo, o óleo alimentar 100% vegetal (+59%), os cereais de pequeno-almoço (+12%), a batata (+8%), o robalo (+8%), o peru (+7%) e a cenoura (+6%). Por categoria, as maiores subidas de preço registaram-se no peixe (+10,61%), na carne (+6,10%) e nas mercearias (+5,67%).
Porque aumentaram os preços?
O problema é histórico: Portugal está altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno. Atualmente, estes representam apenas 3,5% da produção agrícola nacional — sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%). E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome.
A invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks. A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como os hortofrutícolas, a carne, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal. No peixe, por sua vez, a subida dos preços poderá estar a refletir o aumento dos preços dos combustíveis, que tem um elevado impacto na indústria da pesca.
Aumento de preços faz disparar a taxa de inflação
Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como os combustíveis e a alimentação, poderão contribuir para um aumento da taxa de inflação nos próximos meses. De acordo com as estimativas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta semana, a taxa de inflação homóloga voltou a subir em março, atingindo 5,3%. Em fevereiro tinha aumentado 4,2%. Expressa em percentagem, a inflação traduz a subida média do nível de preços num determinado período.
Para fazer face aos aumentos de preços e evitar gastos supérfluos, é essencial adotar alguns hábitos ou mudar comportamentos. Saiba como poupar para sobreviver às subidas de preços de produtos essenciais.
Fonte: DECO