Os meios de combate aos incêndios rurais vão ser reforçados a partir desta segunda-feira, passando a estar no terreno 10.400 operacionais e 23 meios aéreos, menos 11 do que aqueles que estavam previstos.
O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano foi apresentado em abril e contabilizava 34 meios aéreos para o período de 15 a 31 de maio, mas para esta segunda-feira, segundo avançou a Força Aérea Portuguesa (FAP) à Lusa, “estão garantidos 23 meios aéreos”. A estes vão juntar-se mais nove meios aéreos “assim que cumpridas todas as formalidades administrativas e assinatura dos respetivos contratos”, o que totaliza 32.
O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, diz compreender as dificuldades de contratação de meios aéreos, mas lembra que esta situação já era previsível e que pode condicionar os trabalhos no terreno.
“Pode condicionar – e muito – a forma de realizar as ações de supressão dos incêndios, em particular, quando houver situações atmosféricas adversas”, explica, em declarações à TSF.
Para António Nunes, deveria ter sido pensado um plano B, assim que a Força Aérea comunicou à Autoridade Nacional de Proteção Civil a dificuldade em garantir todos os meios previstos.
“Se porventura um dos vetores – que é o combate aéreo – está diminuído, talvez fosse bom que houvesse um reforço dos meios terrestres dos bombeiros e nós não temos dialogado com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil sobre esta matéria, o que lamentamos. A Liga dos Bombeiros Portugueses recomenda que haja um plano B com uma maior capacidade de intervenção dos meios terrestres e a alteração de alguns processos e procedimentos”, afirma.
Questionado sobre quantos efetivos é que seriam colocados nesse plano B, António Nunes sublinha que “quem pode fazer esse reforço são os corpos de bombeiros, em particular os corpos de bombeiros voluntários, e pode passar por 50 equipas, 100 equipas, 200 equipas”. “São aquelas que forem necessárias para podermos atuar em primeira intervenção para não deixar que haja a necessidade de um ataque ampliado.”
Os 10.400 operacionais das 2.303 equipas envolvidos no DECIR nas próximas duas semanas são elementos pertencentes aos bombeiros voluntários, Força Especial de Proteção Civil, militares da Guarda Nacional Republicana e elementos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente sapadores florestais e sapadores bombeiros florestais.
Em relação ao mesmo período do ano passado, estão envolvidos no DECIR mais 770 operacionais, mas menos 14 meios aéreos.
Os meios de combate a incêndios voltam a ser reforçados a 01 de junho, mas é entre julho e setembro, conhecida pela fase mais crítica, o período que mobiliza o maior dispositivo, estando este ano ao dispor 13.891 operacionais de 3.084 equipas e 2.990 viaturas, um aumento de 7,5% em relação a 2022.
O DECIR para este ano prevê ainda, para o período de 01 de junho a 30 de setembro, 72 meios aéreos, mais 12 do que em anos anteriores, mas este número não se conseguiu concretizar nos concursos públicos internacionais lançados duas vezes pela Força Aérea, faltando sete helicópteros, que vão ser adquiridos através de ajuste direto.
Em causa estão um concurso público para o aluguer de 33 helicópteros ligeiros para o período de 2023 a 2024 e um outro para a contratação de dois aviões anfíbios pesados para este ano e quatro para 2024.
Numa resposta enviada à Lusa, a FAP indica que não se conseguiram alugar cinco helicópteros ligeiros por “indisponibilidade no mercado internacional” e “desistência de um dos fornecedores”, pelo que vão ser substituídos por helicópteros médios.
A FAP também não conseguiu concretizar o concurso relativo aos dois aviões anfíbios “por indisponibilidade no mercado europeu e por noutros continentes o preço representar o dobro do previsto”, pelo que vão ser substituídos por dois helicópteros pesados.
A Força Aérea acrescenta ainda que a substituição destes dois aviões, também conhecidos por ‘Canadair’, foi coordenada com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e “permite minimizar a falta de aviões anfíbios no mercado”.