A 35.ª Cimeira Luso-espanhola vai realizar-se em 23 de outubro, em Faro, e terá como tema central “Água um bem comum”, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro português.
A reunião terá uma participação alargada, com a presença de 13 ministros de cada país, além dos dois chefes de Governo, Luís Montenegro e Pedro Sánchez, e vai realizar-se no Palácio Fialho, em Faro.
Os trabalhos arrancarão pelas 09:30 e terminarão com um almoço entre as duas delegações.
Na cimeira ibérica, de acordo com a mesma fonte, deverão ser assinados acordos no âmbito da Convenção de Albufeira, instrumento de cooperação bilateral que regula desde 2000 a proteção das águas das bacias hidrográficas partilhadas entre Espanha e Portugal, dos rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana, promovendo também a utilização sustentável e coordenada das suas águas.
Na cimeira ibérica de outubro, esperam-se também desenvolvimentos sobre os projetos da Ponte de Alcoutim – Sanlucar de Guadiana e da Ponte Internacional sobre o Rio Sever (entre Nisa e Cedillo) financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Em abril, foi anunciada a realização desta cimeira para a segunda quinzena de outubro durante a primeira visita oficial de Luis Montenegro como primeiro-ministro, a Espanha, poucas semanas depois de tomar posse.
“Não há diferenças partidárias que possam colocar em crise um segundo ou um milímetro a relação que aprofundamos há séculos em benefício das pessoas”, afirmou o social-democrata Luís Montenegro, numa conferência de imprensa em Madrid ao lado do chefe do Governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez.
No final do encontro, ambos destacaram as boas relações entre Portugal e Espanha, tanto bilaterais como no seio da União Europeia ou de outras instituições internacionais e multilaterais, e garantiram que assim continuarão, com os dois governos a prometerem continuar a trabalhar juntos, apesar de agora serem executivos de cores e famílias políticas diferentes.
“A notícia de hoje é que as nossas boas relações bilaterais vão continuar a estreitar-se. Os nossos governos continuarão a trabalhar em benefício dos portugueses e dos espanhóis. E vamos continuar a impulsionar uma Europa que tem de ser mais competitiva, resiliente e, sobretudo, e sublinho, mais social. E fazê-lo, em definitivo, juntos”, disse então Pedro Sánchez.
A nível bilateral, ambos reiteraram, entre outros, compromissos comuns para concretização de ligações ferroviárias, rodoviárias ou energéticas, muitos deles relacionados com os planos de resiliência e recuperação e outros fundos europeus.
Numa reunião em 27 de setembro, em Aranjuez, na região de Madrid, Portugal e Espanha acordaram definir caudais diários mínimos para o rio Tejo e estabelecer também, pela primeira vez, caudais para o Guadiana.
A ministra portuguesa com a tutela do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, e espanhola, Teresa Ribera, anunciaram ainda um princípio de acordo para o pagamento a Portugal da água captada no Alqueva por agricultores espanhóis, nas mesmas condições e preços que pagam os utilizadores do lado português.
Nessa ocasião, as ministras remeteram a assinatura dos acordos definitivos para a cimeira ibérica, agora marcada para 23 de outubro, em Faro.
A última cimeira ibérica tinha acontecido em 14 e 15 de março de 2023, em Lanzarote, e teve um foco especial na cultura e na figura do escritor José Saramago, poucos meses depois de outra luso-espanhola entre os dois países, em novembro de 2022 Viana do Castelo, que teve como tema central a inovação.
Lusa