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Quinta-feira, 18 Abril, 2024
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Oito graus oeste no jazz

Existe algum ponto em comum nestes discos de jazz. Apesar de terem diferentes geografias tem um meridiano em comum, daí os oito graus oeste. Nesta semana a proposta passa por discos que mesmo dentro da mesma gaveta do jazz, tem sonoridades e texturas diferentes.

Desidério Lázaro – Homegrown

“Homegrown” é o título do sexto álbum do saxofonista Desidério Lázaro. Disco de originais do músico, seguindo uma linha cinematográfica, procurando estabelecer pontes visuais com características heterogéneas, resultando numa mistura dinâmica de estados emocionais diversos. “Homegrown”, que significa “criado em casa”, pois o saxofonista crê ter encontrado nos últimos anos, um local físico, e emocional, onde sente a unidade da estrutura necessária para escrever e lançar música. Por outro lado, o título reporta também para a sua infância, onde foi notoriamente feliz, tendo sido criado ao ar livre e com comida da terra.

A estética situa-se nos meandros do jazz, piscando o olho de forma constante ao universo rock e de forma fugaz, mas intensa, à suavidade da música erudita.

https://desideriolazaro.bandcamp.com/

Marcos Pin – What But How

Músico profícuo compostelano, que edita com bastante frequência um disco de jazz. Depois de no ano passado ter editado dois discos, chegou em finais de Março este no álbum intitulado ” What but How “. O disco apresenta novas músicas para trio, formado por Juan Cañada no contrabaixo, Sergio Gonzalez na bateria e Marcos Pin na guitarra. O disco é um reflexo de uma grande capacidade criativa não só do Marcos como dos elementos que o compõe. Desta energia resulta na criação de oito temas originais e um arranjo de um standard.

Existem músicos com uma capacidade criativa enorme, outros com uma mestria técnica, e depois existe aquele espaço para trios como o do Marcos Pin. A cada criação saí um daqueles discos para ouvir muitas vezes. É difícil para um melómano de jazz, não ouvir um disco deste trio e esquecer o mesmo numa prateleira. O Marcos consegue de uma forma natural e despojada de grandes artefactos. Como uma lâmpada mortiça iluminava o corredor e escada, as paredes eram irregularmente pintadas de cor de nogueira, e a casa brilhava de uma forma diferente ao som do Marcos Pin.

https://marcospin.bandcamp.com/album/what-but-how

Old Mountain – Parallels

Old Mountain é um projecto co-liderado pelo guitarrista Pedro Branco e o baterista João Sousa. Apesar de tocarem desde que se conheceram em 2011, o projecto só tomou forma em 2016 com os primeiros concertos com o contrabaixista Demian Cabaud e o trompetista Gonçalo Marques. Neste projecto em particular Branco e Sousa convidam diferentes músicos com diferentes backgrounds e ideias de improvisação.

No final do ano gravaram o seu primeiro disco juntamente com o trompetista Gonçalo Marques intitulado “Parallels”. Gravado em Amesterdão, o disco contém composições de todos os membros do projecto bem como improvisações livres e criadas no estúdio. O seu objectivo como banda é criar um som próprio e atingir uma liberdade de processos dentro de formas pré-concebidas. O resultado final demonstra várias influências, mas o som conseguido único, criando novas imagens sonoras ao ouvinte e bem como novas soluções dentro da linguagem avant-garde e da música improvisada.

https://oldmountainband.bandcamp.com/album/parallels

 

Fuzzo – The Ghalpón Sessions

Fuzzo é um mais um projecto de músicos galegos que se sentem sempre insatisfeitos e gostam de dar assas à criação sonora irreverente e dinâmica sempre no limite. Está formado por três estrelas do panorama do jazz galego: Virxilio Da Silva na guitarra, Xan Campos nos teclados e Chus Pazos na bateria.

Definem-se como uma banda de improvisação livre cumulativa, convertendo os seus concertos numa verdadeira experiência de êxtase selvagem e criativo. São especialmente habilidosos na desconstrução de desenhos e ideias musicais, com uma estética próxima ao rock psicadélico e á música electrónica, sem deixar a improvisação como canal fundamental de expressão plástica e musical.

Um belo disco para desmitificar as diferentes dinâmicas de cada instrumento que executam, numa roupagem muito próxima ao rock.

https://fuzzo.bandcamp.com/releases

MAU – Utopia

UTOPIA, a ilha idealizada por Thomas More, onde a perfeição social e política foi alcançada, serviu de mote filosófico à criação deste grupo, ou seja, a liberdade criativa e a individualidade combinadas e a funcionar de forma, utopicamente, perfeita como a que foi idealizado na ilha de Thomas More. Este é o objectivo!

O trio composto por Miguel Ângelo no contrabaixo e composição, Miguel Moreira nas guitarras e Mário Costa na bateria, centra a sua atenção na música, seja improvisada ou mesmo quando parte de uma partitura escrita de forma convencional, MAU assume, sempre, como ponto de partida que tudo é possível e que, quem define as regras, é sempre a música e o conceito estético de cada dos elementos do trio.

https://miguelangelo.bandcamp.com/album/utopia

A Incerteza do Trio Certo – (titulo homónimo)

A Incerteza do Trio Certo é um projecto criado pelo guitarrista AP (António Pedro Neves), ao qual se juntam Diogo Dinis no contrabaixo e Miguel Sampaio na bateria.

Lançado no passado 16 de Outubro no auditório da FEUP no Porto, este é a 55ª edição discográfica da label Carimbo, da Associação Porta-Jazz.

Desta feita o AP, é o mentor do trio, que se deixa influenciar pela música contemporânea, o rock e o jazz. A acompanhá-lo nesta jornada a três, a criação tem o toque certo dos acompanhantes Diogo Dinis e do Miguel Sampaio. Destas afinidades musicais e pessoais dos seus elementos, dos seus imaginários, da sua forma de ver e de fazer música. A influência de variados estilos está presente no conceito e no som do trio. Há temas que surgem a partir de uma ideia rítmica que depois é explorada, variada. Noutros o mote é apenas a exploração de cores, de ambientes. Noutros ainda é a melodia ou um groove que estão na base da composição. Mas em todos há uma ideia que depois é explorada, desenvolvida.

https://eipi.bandcamp.com/album/a-incerteza-do-trio-certo

 

 

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