MANTER VIVAS AS TRADIÇÕES É O OBJETIVO DO CENTRO DE INSTRUÇÃO E RECREIO VILARMOURENSE
O Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense (CIRV) conta com quase 80 anos de história. Na bagagem traz o talento para a música, o espetáculo e o desporto. Contam-se as famosas operetas e as peças de teatro, assim como as atuações da tuna e o apoio à prática desportiva. Mas somam-se também as tradições como é o caso do famoso Almoço dos Reis, onde “quem mexe nas panelas são os homens”. Manter vivas as tradições é o grande objetivo desta coletividade.
Apesar do CIRV ter sido fundado em 1935, o legado associativista de Vilar de Mouros remonta ainda ao início do século XX. Segundo a publicação “Álbum de Memórias do Centro de Instrução e Recreio Vilarmourense”, da autoria do Grupo de Estudo e Preservação do Património Vilarmourense (GEPPAV), secção autónoma do CIRV, os jornais caminhenses e vianenses da época noticiavam, em 1907, a criação de uma Associação Recreativa Vilarmourense.
Mas só, no dia 2 de novembro de 1935 a então direção provisória apresenta em Assembleia Geral Extraordinária uma proposta de estatutos e de regulamento para o Centro Instrutivo e de Recreio Vilarmourense, que viria depois a assumir a designação que manteve até aos dias de hoje. Dois anos mais tarde, a associação inaugura a sua sede num edifício situado na estrada entre Caminha e Paredes de Coura. Era o chamado “Clube”. “O Clube, com o seu palco de 8×5 m e um salão de festas de 60 m2 que dava para cem lugares à vontade, iria ser nas duas décadas seguintes o cenário de memoráveis operetas que ficaram para sempre na retina e nos ouvidos daqueles que a elas assistiram”, pode ler-se na publicação.
Na verdade, desde as primeiras décadas de atividade se verificou o talento para a música, o espetáculo e o desporto, pelas pessoas que davam corpo à associação. Entre as atuações da Tuna, os jogos de Futebol no Casal, as operetas e peças de teatro do Grupo de Teatro do CIRV, assim como os bailes, eram muitas as iniciativas organizadas. No entanto, a associação atravessou alguns tempos difíceis provocados pelo flagelo da guerra colonial e pela emigração que afastou alguns vilarmourenses da sua terra. Com a chegada de Abril de 1974, novos membros em conjunto com antigos reativam o CIRV. Nos anos seguintes, chega a boa-nova da declaração de utilidade pública, em 1984, e uma nova sede, desta feita, na Barrosa, em 1986. No novo espaço desenvolvem-se modalidades desportivas como é o caso do voleibol ou o futebol de salão.
No que toca à vertente de instrução, algumas das atividades lançadas nesses anos, permanecem até aos dias de hoje. É o caso da Escola de Música, criada no final dos anos 90. Atualmente tem entre 15 a 20 alunos, que todas as quartas-feiras têm aulas nas instalações do CIRV. Também o Grupo Cénico encena todos os anos uma peça de teatro para apresentar à comunidade.
Entre as principais tradições, mantem-se o típico Almoço dos Reis. Na verdade, este é um almoço que culmina com o terminar da jornada dos Reis ou das Janeiras, em Vilar de Mouros, também uma tradição na freguesia. Realizado há muitas décadas, era um almoço inicialmente aberto aos homens da terra. Só nos anos 80 passa a ser acessível também às mulheres. Ainda assim, quem cozinha são os homens. “Nas panelas mexem os homens”, diz em jeito de brincadeira, Mário Ranhada, presidente da direção. “Desde há muito tempo, que todos os anos a ementa é arroz de sarrabulho com rojões”, explica. Este almoço reúne entre 300 a 400 pessoas e conta com muita animação. Além disso, é um ponto de encontro para muitos: “junta muita gente, que aqui se encontra, principalmente os mais idosos”, explica Mário Ranhada. O último Almoço dos Reis realizou-se no passado domingo, dia 30.
A ação do CIRV desenvolve-se em prol das tradições
“Lutamos para que as tradições não acabem” diz Mário Ranhada, que dá exemplos como o Grupo de Teatro ou o Almoço dos Reis. O presidente da direção destaca ainda o esforço de ter a coletividade “dentro da legalidade” e os projetos desenvolvidos, como é o caso de um ligado à Proteção Civil, contra os incêndios florestais. Mário Ranhada reconhece ainda: “A população tem muita simpatia pela coletividade”.
Para o futuro, o CIRV tem a ambição de conseguir pôr em funcionamento um restaurante num dos salões da sua sede, que poderá funcionar como uma importante fonte de receita para a coletividade.