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Sábado, 20 Abril, 2024
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GANA: entre a rota e o desejo de degustar um bom chocolate

 

gana 1É uma marca de chocolates 100 por cento caminhense e nasceu pelas mãos da ceramista Elizabete Fernandes. O projeto começou a ser pensado há 4 anos, nasceu da paixão pelo chocolate mas o produto só chegou ao mercado há cerca de um ano.

Situada na freguesia de Vilarelho, a oficina Gana está inserida num espaço rural onde o verde predomina. É nos campos circundantes que se plantam alguns dos ingredientes que são depois utilizados na confecção dos chocolates. Amoras, framboesas, mirtilos, ervas aromáticas…
Com recurso às melhores matérias primas, na oficina Gana respiram-se aromas de várias proveniências, desde São Tomé, ao Brasil, passando pelo Gana e outros países produtores de cacau…
O Empreende + desta semana convida-o a conhecer esta marca de chocolates caminhense que faz crescer água na boca. Não resista e deixe-se tentar…

gana 7A origem do chocolate remonta às civilizações pré-colombianas da América Central e a sua chegada à Europa, onde se popularizou por volta dos séculos XVII e XVIII, está intimamente ligada aos descobrimentos.
Devido ao clima nunca foi possível cultivar cacau na Europa sendo atualmente a África Central, um dos maiores produtores.
O chocolate, tal como é consumido hoje, resulta de uma evolução sucessiva que teve início com a colonização da América. Anteriormente, o produto era consumido pelos nativos na forma de uma bebida quente e amarga, de uso exclusivo da nobreza.
Os europeus juntaram-lhe açúcar e especiarias de forma a torná-lo mais adaptado ao seu gosto.
Com o desenvolvimento dos processos industriais e técnicas culinárias, o chocolate foi tomando diversas formas, generalizando-se o seu consumo.
O país europeu que mais chocolate consome é Alemanha, com uma média de 10 quilos por pessoa/ano.
E em Portugal? Segundo um estudo da Universidade Autónoma de Lisboa, o setor registou um aumento de vendas de 3,3 por cento quando comparado com 2011. Este aumento justifica-se pela crise que o país atravessa.
Manuel Barata Simões, secretário geral da Achoc, explica que o chocolate “é um produto com uma carga emocional e psicológica muito forte, pelo que não é de estranhar que numa altura em que Portugal atravessa uma grave crise económica, financeira e social, a população reforce o consumo de um alimento que promove o bem-estar físico e psíquico”.
Segundo números do INE, em 2011 Portugal exportou 10,8 milhões de euros de chocolate e outros produtos que contêm cacau e importou 150,8 milhões, principalmente do mercado europeu.
O consumo per capita de chocolate é de 1,9 quilos por ano, um valor muito inferior ao de outros países da Europa como por exemplo Espanha ou Itália, onde se regista um consumo acima dos 3 quilos. Já na Inglaterra e na Alemanha, chega aos 10 quilos por ano.

gana 9O chocolate apresenta-se no mercado das mais diversas formas e feitios, e são muitas as marcas associadas ao produto, desde as mais conhecidas às mais exclusivas.
Presente em momentos especiais da vida das pessoas, o chocolate faz bem à saúde e o seu consumo é recomendado. “um quadradinho por dia nem sabe o bem que lhe fazia”, dizem os especialistas.
Apesar de não sermos grandes consumidores de chocolate quando comparados com outros países da Europa, a verdade é que em Portugal se faz bom chocolate. Desde as marcas mais conhecidas às mais exclusivas, Portugal não fica na cauda no que à qualidade do produto diz respeito.
No Empreende+ desta edição fazemos uma visita à oficina de chocolates Gana, uma marca 100 por cento caminhense, que nasceu há pouco mais de um ano pelas mão de Elisabete Fernandes. Na oficina, situada na freguesia de Vilarelho, o chocolate Gana é produzido de forma artesanal.
A ceramista, que um dia resolveu trocar o barro pelo chocolate, conta-nos como surgiu o projeto Gana.
“De facto comecei com a cerâmica há muitos anos mas entretanto surgiu esta curiosidade pelo chocolate. Interessei-me pelo prazer que tenho em comer chocolate e decidi fazer formação nesta área. Tal como a cerâmica o chocolate também pode ser moldado de diversas formas, imprimindo criatividade”.

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Porquê Gana? Elisabete Fernandes, ou Beta como gosta de ser chamada, explica que o nome tem um duplo significado.
“Por um lado Gana é o nome de um pais da África Ocidental que é um dos maiores produtores de Cacau e por outro Gana remete-nos para o desejo de algo especial. Com este trocadilho o que pretendemos é estabelecer um dialogo direto com o consumidor convidando-o a viajar pela Rota do Cacau”, explica.
O projeto Gana, que surgiu de um mera curiosidade, levou 4 anos a amadurecer tornando-se num projeto sério que tem vindo a crescer.
“Inicialmente foi uma curiosidade mas depois fui-me envolvendo. Nos últimos 4 anos fui a vários eventos relacionados com o chocolate, pesquisei muito sobre o cacau e conclui que o tema me agradava. As coisas foram-se tornando mais sérias e há um ano, depois de muita formação e amadurecimento do projeto, decidi lançar a marca Gana.

gana 4Na oficina Gana trabalha-se com chocolate de várias origens. O objetivo, explica Elisabete Fernandes, é chegar ao maior número possível de consumidores e apreciadores de chocolate.
“Existem no mercado vários tipos de favas de cacau. Temos o Crioulo que é um cacau nobre e muito aromático, pouco resistente às pragas e por isso menos produzido; temos também o Forasteiro que, ao contrario do primeiro, é um cacau bastante resistente com uma produção em grande escala. Temos ainda o Trinitário que é um híbrido e que resulta do cruzamento das duas favas que mencionei”.
Depois de bem conhecida a matéria prima, o passo seguinte é trabalhar bem o produto, “sem o estragar”. Elisabete Fernandes aponta ainda uma outra fase muito importante na confecção do chocolate e que é a fase da cristalização do cacau. “Esta fase consiste em fazer passar o cacau por vários ciclos de aquecimento e arrefecimento, tornando-o resistente, brilhante e aromático, e que perdure o mais tempo possível”.
Tal como acontece com um bom vinho, também um bom chocolate depende muito da colheita do cacau.

gana 5À oficina Gana o cacau chega em pasta para ser depois trabalhado. “O primeiro passo é a cristalização e tempera do chocolate, um processo que é feito em cima de uma mesa mármore, uma vez que a pedra permite esse choque térmico que é essencial. È uma fase muito importante porque vai dar muita qualidade ao produto. Depois desta fase é importante sabermos escolher, dentro de uma vasta panóplia que existe, os produtos possíveis para casar com o chocolate. O importante é fazer um bom casamento e tentar sempre descobrir novos sabores que nos permitirão apresentar novos produtos”, explica.
Elisabete Fernandes passa grande parte do dia na oficina, um espaço que partilha com a Joana Alpoim, uma engenheira alimentar que colabora com Elisabete em todo o processo de fabrico.
“A Joana é um elemento fundamental e uma mais valia no processo de implementação de HCCP que está a ser implementado na empresa e que é uma certificação de segurança alimentar”.
O chocolate Gana chega ao consumidor em diversas formas e origens. “Trabalhamos com nove origens distintas e com diferentes percentagens de cacau. Temos chocolates com vários sabores como por exemplo o café ou a laranja, e temos as trufas.
Depois, dependendo da época, o chocolate pode apresentar-se de variadíssimas formas. O Natal, por exemplo, tem o seu tema especifico com os pinheiros, o pai natal, enfim toda essa magia associada à quadra, na Páscoa temos os ovos e as amêndoas, os temas são infindáveis”.

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Há quem diga que o chocolate vicia mas Elisabete Fernandes diz que o importante é apreciar e dosear. “É verdade que há pessoas que não conseguem resistir a um bom chocolate e até há pessoas a viajar em função do cacau, percorrendo as diversas rotas”. Mais do que comer chocolate, o importante é apreciar o produto e poder degustá-lo da melhor forma.
“Quando refiro que devemos apreciar o chocolate, quero com isto também dizer que o fruto do cacau, é submetido a um processo de transformação desde o seu cultivo, colheita, secagem, trituração, fermentação…, um trabalho quase sempre manual, tão longo e complexo, que quando chega até nós, num leque variado de produtos, todo este processo merece ser respeitado e valorizado”.
Os chocolates Gana, no mercado há pouco mais de um ano, ainda estão a dar os primeiros passos. Neste momento o produto está á venda em diversas lojas multimarca do pais e o objetivo passa também pela internacionalização. O mercado espanhol, mesmo aqui ao lado, é um dos mercados que os chocolates Gana querem conquistar .
“Estamos em Caminha, Valença, Viana, Porto, Lisboa, mas termos ainda um longo caminho a percorrer. Como é sabido Portugal é um país onde não há o hábito de consumir chocolate como noutros países da Europa no entanto tem aumentado nos últimos anos. Esse baixo consumo acaba por ser também um obstáculo a uma maior penetração no mercado. Espanha, que está mesmo aqui ao lado, é um mercado que queremos conquistar, vamos trabalhar nisso com certeza”.

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A produção artesanal permite uma maior variedade de produtos como explica Elisabete Fernandes.
“O trabalho artesanal permite produzir uma gama de sabores muito maior coisa que um trabalho em linha já não permite com tanta facilidade. Para alem disso permite também uma maior criatividade e um trabalho mais personalizado”.
Mas o facto da produção ser artesanal não significa que a Gana esteja de costas voltadas a tudo o que é inovação e tecnologia. “Sempre que isso acrescentar valor e qualidade ao produto devemos estar atentos. Julgo que é possível que os dois mundos coabitem e não se atropelem”, refere Elisabete Fernandes.
Neste momento a oficina Gana está a trabalhar os produtos de Natal: pinheiros ornamentados com motivos natalícios, lollipops com formatos de pai natal, renas entre outros, são algumas das novidades que poderá encontrar este natal nas lojas.
Com maior percentagem de cacau e menos açúcar, o chocolate negro é o mais saudável e o mais aconselhado. O chocolate branco possui apenas manteiga de cacau e é por isso mais doce.
Segundo um estudo feito pela Universidade de Granada (Espanha) e publicado na revista Nutrition, o chocolate não engorda.
Para a autora principal do artigo, Magdalena Bacia García, o chocolate é um alimento com um alto conteúdo energético (ao ser rico em açúcares e gorduras saturadas), “recentes estudos realizados em adultos sugerem que o seu consumo se associa com um menor risco de transtornos cardiometabólicos”.
De facto, o chocolate é um alimento rico em flavonoides (especialmente catequinas), que proporcionam múltiplas propriedades saudáveis, explica.

gana 10Em concreto, é um bom antioxidante, antitrombótico e anti-inflamatório, tem efeitos anti-hipertensivos e pode ajudar a prevenir a cardiopatia isquémica, segundo os investigadores.
Recentemente, outro estudo transversal desenvolvido em adultos por cientistas da Universidade da Califórnia observou que uma maior frequência no consumo de chocolate também se associa com um menor índice de massa corporal.
Ademais, estes resultados confirmaram-se num estudo longitudinal em mulheres que seguiram uma dieta rica em catequinas.
Embora não seja especialista na área, a ideia de que afinal o chocolate não engorda é partilhada por Elisabete Fernandes.
“Julgo que se for bem doseado e comermos q.b. o chocolate é como os demais alimentos. Se comermos doses excessivas de qualquer coisa de certeza que não nos vai fazer bem, é como tudo…”.
A internacionalização da marca, crescer e ultrapassar os obstáculos que vão surgindo são os grandes objetivos do projeto Gana.
“O nosso objetivo é continuarmos a trabalhar com qualidade, sermos inovadores e criativos. Vamos procurar fazer formação, estarmos atentos e sobretudo não adormecermos e percebermos que não podemos estagnar. O consumidor é cada vez mais atento e mais exigente, estão sempre a surgir novos produtos no mercado e o importante é acompanharmos. Se tudo isto estiver reunido de certeza que os projetos futuros serão concretizáveis com facilidade.

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Em Caminha os chocolates Gana podem ser adquiridos na Tabacaria Gomes e na Flor de Cacau.
Se ainda não provou os chocolates Gana não sabe o que está a perder. Nós provamos e ficamos rendidos. De toque fino e estaladiço, os chocolates Gana jogam com o sentido do palato…

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