Houve uma mudança de rumo no processo de internacionalização da Renfe avança o jornal O MINHO.
Segundo aquele jornal, a empresa pública espanhola decidiu abandonar a colaboração com a Comboios de Portugal e operar sozinha no transporte de passageiros em Portugal, no âmbito da liberalização ferroviária.
De acordo com um relatório da Direção Geral de Desenvolvimento e Estratégia, tornado público esta semana, a empresa liderada por Raül Blanco iniciou a busca de “assistência técnica na obtenção do certificado de segurança em Portugal e na elaboração da documentação operacional”.
Desta forma, ocorre uma mudança na situação atual entre as duas empresas ibéricas, que atualmente têm em conjunto o comboio Celta entre Vigo e Porto como o único trajeto internacional com apenas dois exíguos serviços diários em cada sentido.
Até à data, a operadora pública espanhola mostrava “vontade de cooperar e não competir” com a sua homóloga portuguesa. Inclusive, os maquinistas espanhóis trocam com portugueses à chegada a Valença, para prosseguir com o comboio Celta até ao Porto.
Mas agora o objetivo é obter o Certificado de Segurança Único (CSU) o mais rapidamente possível, o que permitirá operar sozinha na rede portuguesa e traduzir os manuais para português.
Entre os outros requisitos técnicos da Infraestruturas de Portugal que a empresa espanhola precisa de assegurar estão a obsolescência do sistema de segurança, a tensão diferente da catenária ou a dificuldade de não migrar para o largo internacional das vias atuais.
Isso faria com que os comboios Avril da série 106 – ainda pendentes de homologação após a conclusão dos testes – pudessem tornar-se os primeiros a circular como serviços de Alta Velocidade no Minho.
Este avanço da Renfe permitiria antecipar-se a outras empresas privadas que já mostraram interesse na futura linha entre Lisboa, Porto e a fronteira galega. A hispano-italiana Iryo tem o aval da Comissão Europeia para lançar antes de 2029 um novo serviço direto de A Corunha para a capital portuguesa.
Este mesmo horizonte é o manejado pela B-Rail – propriedade do grupo Barraqueiros – para unir Braga e Faro como primeiro operador privado do país. Ao mesmo tempo, o processo de renovação de material circulante da Comboios de Portugal aguarda a aprovação do Ministério das Finanças português, pelo que os comboios Talgo de rolamento deslocável seriam os mais bem posicionados para operar nas novas linhas de Alta Velocidade a partir de 2026.
Alterações em fevereiro já apontam para a possibilidade de espanhóis operarem em Portugal
Em 14 de fevereiro passado, o Conselho de Ministros espanhol autorizou a criação de uma sociedade mercantil denominada “Renfe Proyectos Internacionales” com a qual dar continuidade a essa expansão prevista no seu plano estratégico. Através dela, iniciará a “busca de oportunidades internacionais e o design de uma estrutura organizacional adequada às necessidades” para alcançá-la.
Jornal O MINHO