“Lenine disse que a melhor forma de destruir o sistema capitalista era corromper o dinheiro. Por um processo contínuo de inflação, governos podem confiscar,
sem serem observados, uma parte importante da riqueza de seus cidadãos.”
JOHN MAYNARD KEYNES
“O Orçamento do Estado prevê um crescimento do PIB de 1,3% em 2023
e uma inflação de 4%”
António Costa, Primeiro-Ministro, Nov.2022
Com a Grande Distribuição a acumular margens para pagar a Taxa extraordinário de IRC perante o olhar incrédulo Engenheiro de Minas que tem no Ministério da Economia; e com a grande Agricultura federada na CAP, em contestação na rua perante uma Ministra a desencantar novidades em leis que existem há anos e anos, Costa, aconselhado por LPM, apresenta mais um passe de mágica para baixar preços dos produtos alimentares básicos, quando nas últimas semanas estes já tiveram a maior descida dos últimos 18 meses.
Quando o hibernado CDS/PP, pela voz de Nuno Melo e de Paulo Núncio, propôs em 2022 a descida do IVA nos produtos alimentares, os Midia e o Governo argumentaram que uma decida de 6% para 0%, seria absorvida pelas margens da distribuição e não teria, portanto, nenhum efeito real para os consumidores.
Quando no fim de 2022, os “hermanos” socialistas espanhóis decidiram fazer o mesmo e um mês depois se verificou que a descida de preços foi nula, logo os mesmos midia e Governo se apressaram a lembrar que é uma medida que apenas resulta no decréscimo da receita de IVA, sem nenhum benefício direto para o consumidor.
Então, porque é que Costa, a 24 de Março, a caminho das Caraíbas, pensando em deixar Marcelo sem palavras e selecionando com critérios de Nutricionista Místico, que não Holístico, os 47 produtos merecedores de tal distinção, decide descer o IVA para 0%?
Mais, porque é que o faz, negociando com a CAP e com a Grande Distribuição tal medida, e colocando o irmão da sua Marioneta no Parlamento à frente de tal negociação?
Porque é que desce o IVA da Dourada e não do Robalo, do atum em lata e não do fresco, da sardinha fresca e não de lata, da maça e não da pera? E o Cabrito da Páscoa?
–Esse vai ser promoção nos supermercados.
Se Costa quisesse mesmo atenuar as dificuldades dos 3 milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, em lugar de dar 30 € por mês a da uma dessas famílias, distribuiria os 500 milhões que vai perder no IVA mais os 140 milhões que vai dar à CAP, num total de 640 Milhões. Dá-los-ia a esses 3 milhões de portugueses, à raiz de 60 € por mês, em lugar de 30 €, durante os anunciados 6 meses.
Mas não o fez porque o que Costa quer mesmo é Paz social. Com os Professores e Estudantes na Rua, Médicos em debandada e Oficias de Justiça em greves, os pilotos da TAP a ameaçar com greve na Páscoa, o Alojamento Local na rua a 1 de Abril, até a CP do Pedro Nuno Santos em descontrolo, Costa sabe que a CAP e as grandes superfícies tem muita força. E Costa, o mais longevo governante desde o 25 de Abril sabe como ninguém que, melhor que um facto político, só uma política ficção.
Bastam umas prateleiras vazias no supermercado para pôr nervosos os pachorrentos reformados ou os acomodados funcionários públicos que deram 2,3 Milhões de votos ao PS. E isso Costa não pode arriscar.
Costa sabe que os cala com uns subsídios e com uma redução do IVA a zero , que aqueles beneméritos vão usar nas promoções dos ovos da Páscoa, para depois serem absorvidas nas suas margens em Maio e Junho.
Como os esfusiantes representantes da CAP e da Grande distribuição disseram depois de assinar o acordo maravilhoso, a inflação demora meses a baixar entre os custos de produção e o preço de venda ao público: enquanto o pau vai e vem aliviam as Costas, do Costa neste caso.
Os preços dos principais fatores de produção estão a descer há meses e meses, irão sendo repercutidos calmamente durante meses, mas Costa falhou no timing, porque já começaram a descer antes do seu passe de mágica. Fica registado, para mais uma vez, não mudarem a história.
E Costa cometeu outro erro, ao elaborar esta decisão e concentrar a negociação com a CAP e a Grande Distribuição no seu novo fiel escudeiro e no assessor económico, que já o foi também de Sócrates, mostrou que usou os seus ministros da Economia e da Agricultura, tal como Salazar o fazia, atiçou-os aos agricultores, lançou a ASAE aos minimercados e ainda deu palco ao engenheiro de Minas para dizer disparates.
E Salazar, que o mesmo fazia, também chegou ao poder em eleições. Pode o próprio nem notar, mas os tiques, na pose como na fogueira em que queima os próximos, estão lá todos. Por isso a fantasia política de Costa só tem uma falha: vai mostrando quem de facto é.
Peniche, 28 de Março de 2023
