“Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar “
Sophia de Mello Breyner Andresen
A peça jornalística que o Público hoje trouxe à luz do dia, peca por tardia e devia começar por explicar porque só agora chegou ao prelo. Vai muito além de questionar a gestão do Dr. Miguel Alves, coloca em causa todos aqueles que, eleitos pelos caminhenses, tinham obrigação de falar, questionar e opor-se, mas preferiram calar.
Obviamente, demitam-se!
A 7 de Julho escrevi o artigo Direito de Opinião – Jornal C – O Caminhense sobre direitos de resposta a propósito do “malfadado” CET. São 10 perguntas que agora começam a ter resposta.
Também o o José Verde de Barros, a propósito da Bandeira Nacional que não existe na na Ínsua, escreveu neste jornal (Peditório e Abaixo Assinado para a Colocação de uma Bandeira Nacional no Forte da Ínsua – Jornal C – O Caminhense):
“A Câmara de Caminha, que recebe a mísera renda de 1.001,00 € por ano, dirá ou que não tem recursos ou que, pelo contrato com os privados, nada lá pode fazer. E também porque já pagou 300.000,00 € de renda antecipada dum Centro de Exposições que terá muitas bandeiras.
Diria eu, se a minha avó Isabel não me tivesse avisado desde garoto para não me meter em políticas: mas como é que uma câmara e um governo do mesmo partido no prazo de menos de 1 ano, fazem 2 contratos, ora como Senhorio ora como Inquilino, que são dignos de uma tese de doutoramento em imobiliário?”
Perante este caso que agora é público a nível nacional, senhoras e senhores autarcas eleitos pelo PS em Caminha, vereadores ou deputados municipais, como presidentes de junta, que nesta adjudicação direta, votaram a favor ou se abstiveram, e que ainda estejam a exercer cargos eleitos, têm duas opções:
-Lavam as mãos como pilatos e continuam a fazer de conta, como os 3 macaquinhos, que não viram, não ouviram e não falam, agarrados ao seu lugarzinho;
-Ou, fazem uma demonstração de ética democrática e republicana e, demitem-se;
Há 3 possibilidades para terem votado a favor ou se terem abstido:
Concordaram com o contrato e o negócio, pelas razões que fosse;
Foram enganados ou manipulados;
Tiveram medo de que a população os penalizasse nas eleições;
Em qualquer dos casos, qualquer das situações; está em causa o vosso perfil de autarcas.
Ou se demitem e dão a palavra ao povo ou esta nódoa negra ficará para sempre na vossa camisa.
O Dr. Miguel Alves já o fez, demitiu-se e foi-se embora. Como prenda de aniversário do “padrinho” Costa não foi mau: livrou-o de ter de mostrar a cara todos os dias aos caminhenses.
Os vereadores que o acompanharam na votação ou se abstiveram, os deputados Municipais e presidentes de junta que fizeram o mesmo, assumam-se; demitam-se também, coloquem o vosso lugar à disposição do povo que os elegeu, isso é ética democrática. E podem ainda redimir-se, fazendo o que é correto.
Começando pelo Dr. Rui Lages, herdeiro do lugar a quem o Dr. Miguel Alves já passou esta batata quente. E quem passa uma…; demonstre que é diferente e legitime o seu cargo com eleições.
Antes de se demitirem, em reunião de Camara e de Assembleia Municipal, requeiram nos Tribunais Administrativos ou ao Tribunal de Contas, uma Auditoria, Sindicância, Inspeção o que seja; a estes atos e outros semelhantes dos últimos 9 anos.
Demitam-se e a seguir, se tem a consciência tranquila, voltem a candidatar-se. O povo pode enganar-se às vezes, mas não se engana sempre. Saberá separar o trigo do joio.
Lisboa, 26 de outubro 2022