Carlos Castro, presidente da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, munido de vários slides na última sessão da Assembleia Municipal de Caminha de 27 de Setembro, demonstrou a sua insatisfação com os trabalhos da empresa SUMA e a falta de limpeza urbana naquela freguesia. Segundo o autarca, em contratos anteriores com a mesma empresa, com os executivos PSD liderados por Júlia Paula Costa, a SUMA fazia um bom trabalho porque havia mais fiscalização. Carlos Castro questionou ainda os presidentes de junta presentes na última AM, para saber se estavam satisfeitos com os trabalhos de limpeza nas suas freguesias. Os autarcas da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho e da junta da União de Freguesias de Moledo e Cristelo, garantem já ter dado conta ao executivo da sua opinião não revelando à AM se estão ou não contentes com a limpeza. Abílio Cerqueira sugeriu a alteração do caderno de encargos e Rui Lages admitiu que o serviço tem de melhorar.
“Apesar da recente substituição da empresa responsável pelo serviço de limpeza para a SUMA, as melhorias prometidas não se concretizaram”, disse Carlos Castro no início da sua intervenção. Em algumas das imagens que apresentou, podem ver-se os funcionários da Junta de Freguesia a realizar as limpezas que deveriam ser responsabilidade da SUMA.
O autarca de Vila Praia de Âncora teceu duras críticas à gestão municipal da recolha dos lixos e limpeza do espaço urbano por este executivo socialista agora liderado por Rui Lages. Carlos Castro lembrou o contrato anterior com a LUSÁGUA, que por incumprimento da Câmara nos pagamentos à empresa, onerou os custos para o município em mais de 800 mil euros de juros. “Os contribuintes do concelho de Caminha pagaram em triplicado um serviço que já estava pago e mal executado. A situação está a repetir-se”, disse o autarca de Vila Praia de Âncora.
Carlos Castro desafiou os outros presidentes de junta presentes na AM a revelarem se estão satisfeitos com o trabalho da SUMA nas suas freguesias.
Por último, o autarca de Vila Praia de Âncora questionou que medidas tomou o presidente da Câmara de Caminha para fiscalizar a atividade da SUMA.
Miguel Gonçalves, Presidente da Junta da União de Freguesias de Caminha e Vilarelho, foi o primeiro a responder ao desafio lançado por Carlos Castro, dizendo apenas que discutiu esse assunto com o Presidente da Câmara de Caminha e na sua Assembleia de Freguesia, não revelando assim a sua opinião sobre o serviço prestado pela empresa SUMA, apesar das inúmeras queixas manifestadas por munícipes e oposição e visíveis em todo o espaço público desta freguesia que se apresentou mais suja e descuidada que em qualquer outro ano anterior.
A mesma postura de Miguel Gonçalves adotou Maria Goreti, tesoureira da Junta da União de Freguesias de Moledo e Cristelo, que também usou da palavra para referir que apenas reuniu com o presidente da Câmara e com o vereador responsável pela limpeza urbana, João Pinto, para expôr a sua opinião acerca da limpeza, principalmente no verão. Não deu conta das informações prestadas ao presidente da Câmara ou de qualquer resposta do município acerca deste assunto.
Rui Lages, Presidente da Câmara Municipal de Caminha, confessou não estar satisfeito com a limpeza urbana no concelho e apontou que uma das razões é o facto de Caminha ter tido muita gente neste verão. O autarca desculpou-se com um aumento de visitantes e turistas que não quantificou, para justificar a falta de limpeza e deficiente recolha de lixo em praticamente todo o concelho de Caminha. Lembrou, contudo, que a SUMA era a empresa que o PSD usava como referência quando demonstrava a sua insatisfação com o trabalho da empresa anterior, a LUSÁGUA. “Reunimos por diversas vezes com a SUMA e o serviço foi melhorando paulatinamente, mas não estou satisfeito. Quero mais!”, disse. Em suma, a SUMA e a LUSÁGUA, não têm conseguido resolver um problema que persiste há mais de uma década.
Em resposta às declarações do presidente da Câmara, Carlos Castro salientou que a grande diferença é que no tempo em que o executivo PSD contratou a SUMA, havia uma fiscalização apertada em relação ao caderno de encargos. “Hoje em dia os senhores olham para o lado e quem paga são os contribuintes por um trabalho que não é feito”, disse.
Da mesma opinião de Carlos Castro, comunga Abílio Cerqueira, deputado do Bloco de Esquerda, que garante que a SUMA não está a cumprir o caderno de encargos. “Se está, o caderno de encargos deveria ser alterado”, disse.
Em resposta ao deputado bloquista, Rui Lages admitiu que tem de haver um olhar incisivo na atividade da empresa SUMA, lembrando no entanto que o caderno de encargos não pode ser alterado unilateralmente.
A falta de limpeza urbana e a deficiente recolha de lixos em todo o concelho há mais de uma década, novamente em discussão na Assembleia Municipal de Caminha.