A propósito da colocação no passado mês de maio de vários outdoors da candidatura de Rui Lages às próximas eleições autárquicas, a vereadora da oposição Liliana Silva questionou o executivo, na reunião de Câmara do passado dia 20 de março, sobre o contrato efetuado por seis meses entre a Câmara de Caminha e uma empresa de merchandising no valor de 40 mil euros, para a colocação daquelas estruturas de publicidade. Na altura Rui Lages acusou a vereadora de “tentativa camuflada de misturar os outdoors da sua candidatura com a dos eventos da Câmara”, mas garantiu que se isso aconteceu no passado, com ele não aconteceu “nem nunca irá acontecer”.
Em resposta Liliana Silva deixou a garantia que as suas afirmações não se baseavam em “tentativas de colagem mas sim em evidências” e lembrou o que aconteceu no tempo em que Miguel Alves foi presidente da Câmara, e que consta nos autos do processo em que também está envolvida Manuela Couto, proprietária da empresa “Make It Happen”, que prestou serviços de comunicação à Câmara de Caminha. As escutas transcrevem troca de correspondência entre o autarca e aquela empresa, sobre a campanha eleitoral para as autárquicas de 2015, recorrendo aos serviços de comunicação pagos pelo município.
Por existirem dúvidas que pretendia ver esclarecidas, nessa mesma reunião a oposição acabaria por entregar ao presidente do executivo um requerimento onde questionava quais os serviços prestados previstos no contrato com a empresa, quais os outdoors colocados até à data e a sua localização, solicitando cópias das requisições emitidas.
A resposta a esse requerimento foi dada na reunião de Câmara que teve lugar ontem à tarde nos Paços do Concelho. Mas antes de avançar com a informação solicitada pela oposição, Rui Lages voltou a deixar duras críticas ao que apelidou de “lamentável” tentativa por parte de Liliana Silva de querer dar a entender que os outdoors da sua candidatura tinham sido pagos com dinheiro da Câmara de Caminha.
Rui Lages respondeu de seguida às questões apresentadas pela OCP no requerimento, nomeadamente quantos outdoors já tinham sido colocados e em que locais.
Respondidas as perguntas feitas pela oposição, Rui Lages fez ainda questão de lamentar a “tentativa da oposição de fazer passar para a população de que havia pagamentos da Câmara Municipal a suportar campanhas eleitorais”. Face ao sucedido, o autarca desafiou a vereadora a retratar-se e a apresentar um pedido de desculpa, não só ao presidente uma vez que estava em causa o seu bom nome, mas também aos funcionários da autarquia enquanto gestores de contratos camarários.
Em resposta, Liliana Silva não só não pediu desculpa como reiterou tudo o que tinha dito na reunião anterior, e acusou o presidente da Câmara de utilizar os funcionários da autarquia para se defender. Liliana Silva lembrou que as perguntas feitas tinham sido dirigidas ao presidente da Câmara enquanto responsável político por todas as decisões e em momento algum os funcionários da Câmara tinham sido postos em causa, nem sequer a sua competência.
Quanto ao número de outdoors que a Câmara diz já ter colocado, Liliana Silva disse que ficam muito aquém dos 40 mil euros contratados pela Câmara. A eleita criticou ainda o facto da resposta ao requerimento só ter sido enviada à mesma hora do início da reunião. Apesar das explicações, Liliana Silva diz que as dúvidas se mantêm.
Rui Lages considerou preocupante o facto da vereadora, que aspira a ser presidente da Câmara, não perceber como funciona a contratação pública.
Sobre a questão deixada pela vereadora da oposição ao presidente da Câmara sobre se ele não faria as mesmas questões se estivesse na oposição, Rui Lages foi claro e disse que não.
Rui Lages insistiu por mais do que uma vez num pedido de desculpas por parte da vereadora da oposição que não veio e por isso o autarca deixou a garantia de que iria fazer uma participação criminal das declarações proferidas por Liliana Silva na reunião de Câmara do passado mês de maio.
Excertos da reunião de Câmara realizada ontem à tarde no Salão Nobre dos Paços do concelho.