O Partido Socialista de Caminha lamenta as declarações da líder do PSD, Liliana Silva. na rede social facebook sobre Mário Soares, dizendo tratar-se de uma “demonstração cabal de uma forma de estar na política que esquece o passado, desonra a atividade cívica e valoriza a mesquinhez”.
“Em muitos momentos, não teve respeito por milhares de portugueses, principalmente com os nossos retornados”, são algumas das palavras da também vereadora social-democrata que estão no centro da polémica.
Em comunicado, os socialistas afirmam que “a Presidente do PSD de Caminha tornou públicas declarações onde demonstra “moléstia” pelo modo como tem decorrido a homenagem do Estado Português à memória de Mário Soares”, não conseguindo “resistir a demonstrar ignorância e mesquinhez”.
Eis o comunicado na íntegra:
“Declarações de ontem da Presidente do PSD de Caminha sobre Mário Soares são a demonstração cabal de uma forma de estar na política que esquece o passado, desonra a atividade cívica e valoriza a mesquinhez.
A Presidente do PSD de Caminha tornou públicas declarações onde demonstra “moléstia” pelo modo como tem decorrido a homenagem do Estado Português à memória de Mário Soares – ver anexo. As lamentáveis declarações que a Presidente do PSD proferiu são a demonstração cabal de uma forma de estar na política que esquece o passado, desonra a atividade cívica e valoriza a mesquinhez.
A Presidente do PSD de Caminha nasceu depois do 25 de abril, Mário Soares viveu mais tempo em ditadura do que em democracia.
A Presidente do PSD foi eleita vereadora porque homens como Mário Soares combateram as trevas do fascismo e o terror da guerra. Nos tempos de chumbo da ditadura, não havia redes sociais onde todos os disparates são admitidos. Naquele tempo havia prisões, por onde andaram tantos como Mário Soares. Muitos patriotas eram enviados para o exílio, como aconteceu com Mário Soares. Havia tortura, perseguição e morte. Ao lado de tantos, Mário Soares foi um dos grandes combatentes pela liberdade.
A Presidente do PSD de Caminha pode não gostar do PS e dos socialistas, não pode é apagar o Partido Socialista como organização central da democracia portuguesa nem o facto de que Mário Soares é o rosto principal da sua fundação.
A Presidente do PSD de Caminha passa tranquilamente a fronteira quando atravessa o rio Minho porque Mário Soares se empenhou em integrar Portugal na Europa através de uma política de abertura que trouxe maior desenvolvimento e coesão social ao nosso país.
A Presidente do PSD de Caminha pode não ter votado no político fixe que nunca se escondia, não pode é esquecer que Mário Soares foi, entre vários cargos, deputado, eurodeputado, Ministro, Primeiro-Ministro e Presidente da República de Portugal, o primeiro Presidente da República de todos os portugueses.
A Presidente do PSD de Caminha pode não ter interesse em ler e estudar, não pode é mudar a evidência de que Mário Soares foi um homem livre, combatente das horas difíceis, um político solidário, carismático e brilhante. Foi um homem de projeção internacional, a figura politica portuguesa mais relevante dos últimos 50 anos, um dos grandes de Portugal. Gostava das coisas boas da vida, sonhava com um melhor futuro para o nosso país, privou com grandes nomes da política e da cultura de todo o mundo e, na sua forma extraordinária de agir, nunca deixou de ser o homem comum que todos somos, com virtudes e defeitos, com momentos arrebatados e convicções fortes.
A Presidente do PSD de Caminha, na hora da homenagem final que o Estado Português fez a Mário Soares, não conseguiu resistir a demonstrar ignorância e mesquinhez. Enquanto Portugal sepultava um dos seus maiores, a Presidente do PSD de Caminha assumia uma postura de diminuta dimensão democrática. Há, pelo menos, uma ilação a tirar deste momento triste da responsável pelo PSD local: esta forma de agir que não respeita a memória nem o legado daqueles que tanto fizeram pelo país é a mesma que conhecemos nos últimos anos em Caminha e que não queremos ver de novo à frente dos destinos do Município.
Às vezes precisamos de ser confrontados com declarações com estas para percebermos que a luta continua! Sempre continuará enquanto a liberdade estiver em causa! Em Caminha, em Portugal ou em qualquer canto do mundo.
Caminha, 11 de janeiro de 2017
Secretariado do Partido Socialista de Caminha”