A vereadora da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP), Liliana Silva, manifestou na última reunião do executivo realizada ontem (18 de dezembro), o seu “repúdio” pela atitude do presidente da Câmara de Caminha ao atacar no seu perfil pessoal na rede social Facebook o jornal O Caminhense. O autarca não gostou da notícia publicada sobre o impacto da animação de natal escolhida pelo município, que deixou o centro histórico de Caminha praticamente vazio no passado dia 7 de Dezembro, em plena quadra natalícia.
Para a vereadora, as declarações “lamentáveis” feitas por Rui Lages constituem “um ataque” àquele órgão de comunicação concelhio com mais de 50 anos de história, que se limita a fazer o seu papel e a “dar boas e más novas”. O presidente da Câmara remeteu-se ao mais profundo silêncio.
Em causa está uma notícia publicada pelo Jornal C no dia 7 de dezembro de que o presidente da Câmara não gostou, sobre a falta de munícipes e visitantes no centro histórico de Caminha naquele fim de semana, ao contrário das enchentes em praticamente todos os municípios do distrito de Viana do Castelo. O autarca veio a público, através do seu perfil pessoal na rede social Facebook, não o fazendo na página do município, criticar a publicação do jornal, como se pode ver nas imagens que a seguir se publicam e que por si só demonstram a ausência de pessoas e ambiente natalício nas ruas de Caminha.
Segundo a vereadora, Rui Lages, enquanto presidente de Câmara, não pode tomar posições públicas de “ataque” a entidades e empresas do concelho. Quanto às afirmações feitas pelo edil, considerou-as lamentáveis.
Liliana Silva lembrou que o Jornal C – O Caminhense, o único em papel existente no concelho, é um órgão de comunicação social com mais de 50 anos de história, é uma empresa que gera empregos e paga os seus impostos. Para a vereadora “o Jornal Caminhense não é só papel, é alma, é coração e é a história do concelho de Caminha”, disse.
Depois de 53 anos e a passagem de cinco presidentes de Câmara à frente do executivo caminhense, quatro dos quais eleitos e Rui Lages que assumiu funções por inerência, Liliana Silva garante nunca ter visto um ataque como este.
A eleita da OCP fez ainda questão de deixar algumas notas sobre o Jornal Caminhense. Lembrou as palavras do presidente da Câmara de então, Francisco Presa, na primeira edição do jornal em julho de 1971.
Também a nota de abertura da primeira edição, assinada por Afonso do Paço foi recordada por Liliana Silva, lembrando “que a justificação da sua existência não carece de ser defendida”.
Mas, como lembrou a eleita da OCP, o trabalho desenvolvido pelo Jornal C – O Caminhense ao longo de 53 anos não se resume apenas a um jornal. A Revista Caminiana, património cultural, que este mês completa 45 anos, foi outro dos projetos levados a cabo pelo Caminhense, pela mão de António Guerreiro Cepa. A eleita lamentou que em vez de se comemorar esta efeméride e o papel cultural da publicação, se esteja a insultar a empresa responsável por este património.
Pela importância que este órgão de comunicação social tem para a história do concelho de Caminha, a vereadora da Coligação deixou um desafio. “Porque não fazer no âmbito do Regulamento Municipal de Reconhecimento de Estabelecimentos com História, o reconhecimento deste Jornal? Cumpre todos os critérios”, deixou a questão. A eleita considera que seria uma boa forma de impedir que esta iniciativa de promover o valor das empresas locais seja mais um projeto na gaveta da gestão socialista de Caminha, como tantos outros.
Relativamente a este assunto, Rui Lages nada disse.
A notícia alvo de protesto pelo autarca teve mais de 10 mil visualizações na edição online do Jornal C – O Caminhense, correspondendo a praticamente dois terços da população do concelho de Caminha.