A Câmara de Caminha aprovou esta quarta feira, em reunião de câmara, por unanimidade, uma moção que exige ao Governo que, “sem mais demoras”, avance com dragagens e execução da obra de requalificação do porto de Vila Praia de Âncora. A moção inicial mereceu reprovação de Liliana Silva, vereadora da Coligação O Concelho em Primeiro (OCP), por nesta não estar qualquer menção às necessidades mais urgentes dos pescadores nem qualquer responsabilização da Câmara de Caminha pelo que considera serem “12 anos em que nada se fez”. Salienta no entanto que, ao contrário do que tem sido dito, o processo não está parado. Rui Lages, Presidente da Câmara de Caminha, acrescentou uma alínea à moção o que levou ao voto favorável da oposição.
Rui Lages, presidente da Câmara Municipal de Caminha, apresentou na última reunião camarária de 2 de outubro, uma moção para exigir ao governo que “sem demoras” avance com as dragagens e a execução da obra de requalificação do Portinho de Vila Praia de Âncora. No documento, entre outros considerandos, o autarca lembra a maquete que foi apresentada e os passos de gigante que foram dados, que agora “parecem estar a encolher”. Para o edil caminhense, “não há mais tempo para estudar” e o facto de não haver dragagens desde Março é preocupante.
Liliana Silva, vereadora da OCP, começou por dizer que iria abster-se, uma vez que a moção revela “infantilidade política”, pois “não se assumem responsabilidades”. Para a vereadora da oposição, também os problemas mais graves e urgentes dos pescadores que mencionou anteriormente na reunião, nomeadamente as condições atuais do edifício dos pescadores – casas de banho em más condições, equipamentos avariados, luzes que não funcionam, chuva que entra no edifício, etc – não estão no documento.
Para a vereadora, este não é um assunto para se fazer política, atirando responsabilidades para o novo governo, que está em funções há apenas 6 meses. “O que importa é que isto se resolva de uma vez por todas”, disse.
Segundo Liliana Silva, toda a gente tem de assumir responsabilidades, especialmente o governo anterior “que submeteu mal a candidatura para o estudo de impacto ambiental, o que obrigou ao atraso da requalificação do portinho de quase um ano”, disse. Conforme explicou posteriormente a vereadora da OCP, “foi este governo (o atual) que resolveu o problema e fez a candidatura corretamente e agora sim está em condições de ser aprovado.”
Para a vereadora, ao contrário do que está a ser dito e o que a moção dá a entender, “isto não está parado. Está a avançar. Foi submetida uma candidatura bem feita para o estudo de impacto ambiental. Nós temos, isso sim, que pressionar o governo para que não se esqueça que aqui há gente que está atenta”, disse.
Para obter o voto favorável da oposição, Rui Lages aceitou acrescentar uma alínea à moção com vista à resolução dos problemas apontados pela vereadora Liliana Silva.
Embora estas questões não sejam o problema estrutural vertido na moção, Rui Lages garante que os irá incluir no documento, por se tratar de um problema de gestão diária do governo, seja ele do PS ou do PSD.
Referindo-se ao governo anterior, o presidente da Câmara de Caminha lembrou o que foi feito até agora, nomeadamente as dragagens e também a apresentação da maquete do portinho de Vila Praia de Âncora. No entanto, admitiu: “O (governo) do PS falhou e errou muitas vezes com os pescadores de Vila Praia de Âncora e do concelho de Caminha.”
Em resposta, Liliana Silva lembrou que uma maquete só existe quando há um projeto, e esta que foi apresentada, “em cima das eleições”, não corresponde a nada. “Não podemos passar a ideia às pessoas de que há um projeto, porque o projeto não existe. Há um estudo dos problemas do porto de mar (…) que aponta várias soluções, mas é um primeiro passo. Agora é preciso fazer um estudo de impacto ambiental para ver se a solução encontrada, e amplamente discutida, serve”, disse.
Idalina Fernandes, vereadora da OCP, questionou ainda o presidente da Câmara porque não marcou uma reunião com os vereadores da sua coligação para elaborar um documento mais consensual. O presidente respondeu, dizendo não ter sentido necessidade de o fazer uma vez que a OCP também apresenta moções sem reunir com os restantes vereadores.
Posta a votação, a moção a exigir ao governo que retome as dragagens e a avançar com a requalificação do porto de mar de Vila Praia de Âncora foi aprovada por unanimidade na última reunião de câmara.